EDITORIAL | O inimaginável também ocorre

11 de junho de 2020 às 0h15

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Crédito: Marcus Desimoni NITRO

Em Brasília já é dado como certo que a ajuda emergencial, por enquanto no valor de R$ 600 por mês, será ampliada, com oferta provável de mais três parcelas, porém de valor menor e ainda não determinado.

Diante das dificuldades que o País atravessa, a decisão faz sentido e pode significar sobrevivência – ainda que precária – para milhões de trabalhadores informais e outros que perderam sua renda. Tem que ser feito, mas é fundamental que a administração federal e a Caixa Econômica, que está na ponta final do processo, façam mais bem feito, façam melhor.

Há que reconhecer que se trata de operação de enorme envergadura, com uma abrangência nunca experimentada anteriormente, envolvendo apresentação e credenciamento dos beneficiários, algo difícil mesmo com a coleta e processamento eletrônico dessas informações.

Cumprida essa etapa, identificados e confirmados os beneficiários, é preciso fazer o auxílio chegar às mãos de milhões de brasileiros, num universo em que muitos sequer têm conta bancária. Tudo isso em meio a uma pandemia, com aglomerações, não raro inevitáveis, representando riscos indesejados. Além de tudo, é preciso garantir que o auxílio chegue às mãos certas, o que certamente não aconteceu na primeira etapa do programa.

Fala-se, e sem qualquer confirmação ou desmentido confiáveis, que o número de benefícios pagos impropriamente pode ter chegado aos 600 mil. Se for verdade, como parece, será muito difícil entender como razoável a margem de erro e sim perceber algum tipo de manipulação e favorecimento.

Nada a estranhar quando chegam a lume denúncias de ilícitos envolvendo compra de medicamentos, de material de proteção para médicos e enfermeiros e até superfaturamento dos hoje famosos respiradores artificiais. No Rio de Janeiro, sempre ele, as zonas de sombra chegaram até mesmo à construção de hospitais de campanha, em que também teria havido superfaturamento.

Desnecessário nos parece recordar que a escalada da pandemia produziu inúmeras situações que fogem ao controle, até porque demandaram, pela urgência, a supressão de alguns mecanismos de controle. Não é e não pode ser desculpa.

A escassez de recursos para financiar tudo que é necessário fazer é fato, de alguma forma ajudando a precarizar o atendimento aos enfermos, o que só piora se o pouco que é alocado é de alguma forma desviado de seu melhor destino. Ele se aplica à ajuda emergencial mencionada acima, na certeza de que se houver vontade os aproveitadores poderão sair do caminho.

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