EDITORIAL | O tamanho do desafio

29 de agosto de 2020 às 0h15

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Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Levantamento da Confederação Nacional do Comércio indica que 135 mil lojas no País encerraram suas atividades no segundo trimestre do ano, impactadas pelos efeitos da pandemia na economia. O número apurado equivale a aproximadamente 10% dos estabelecimentos varejistas, considerados aqueles em situação fiscal regular e com empregados registrados, em atividade no País na virada do ano.

Em Minas, segundo os mesmos estudos, foram fechados 16 mil estabelecimentos varejistas, ou 11% do total, inferior apenas a São Paulo que perdeu 40 mil lojas. A CNC não apontou os números relativos ao primeiro trimestre do ano, que foi também de perdas, segundo a maioria das estimativas.

Lembrando que a economia brasileira enfrentava, mesmo antes da chegada do coronavírus, um ciclo de baixa e chegou a 2020 com perspectiva de alguma recuperação, ambiente que afetou e fragilizou o comércio varejista. Para analistas, neste quadro os estabelecimentos de menor porte dependiam, como regra, do faturamento do mês anterior para repor estoques e continuar de pé no mês seguinte.

Eis a primeira explicação para os números agora relatados, demonstrando que sem condições de manter seu quase sempre modesto giro, sem condições também de acesso ao crédito em termos suportáveis, sucumbiram. A questão agora, alcançada a desejada estabilidade e, ao mesmo tempo, alguma recuperação, é tentar avaliar quantas destas 135 mil empresas terão condições de retomar seus negócios.

Tal indagação remete necessariamente ao conteúdo das ações que, na esfera pública, poderão representar algum tipo de apoio às empresas, com agilidade suficiente para sustentar a retomada, o que significa evidentemente incremento de contratações. Afinal, é possível estimar que, na média, cada loja que baixou as portas representava três empregos formais ou pelo menos 300 mil trabalhadores que agora amargam falta de trabalho e de renda, completando o círculo perverso que precisa ser quebrado.

Lembrando que estamos apontando, a partir das informações fornecidas pela Confederação Nacional do Comércio, apenas uma das faces de problemas que se repetem na indústria, construção e serviços, procuramos demonstrar as proporções dos desafios que estão pela frente.

Por consequência, e num contexto que fica muito aquém das medidas até então conhecidas e, assim, também o entendimento, da parte da esfera pública, de que além de agilidade será preciso romper com fórmulas convencionais, com limites de um comportamento que não raro se revela como triste combinação de interesses singulares, de natureza político-eleitoral, como uma burocracia paralisante. Eis o verdadeiro desafio que nos está colocado.

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