À semelhança de Itália, outros países europeus, como a Espanha, já cogitam, diante dos avanços de coronavírus e dos riscos que o sistema de saúde não tenha como prestar o atendimento necessário, de adotar medidas restritivas mais radicais, buscando o maior isolamento possível da população, ainda que à custa da paralisação, por tempo indefinido, das atividades econômicas.
Consideradas as perdas que já podem ser contabilizadas a partir da China, a conclusão é de que este processo representa riscos de um colapso econômico que igualmente precisa e deve ser considerado. Para alguns observadores, a possibilidade de uma crise sistêmica é bastante real, podendo levar a uma depressão global. E alertam: se grandes contingentes de seres humanos não tiverem como obter comida, abrigo e assistência médica, desenha-se um quadro imprevisível, porém evidentemente assustador.
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E não seria exagero imaginar, nessas condições, que os efeitos indesejados, mortes inclusive, poderiam, ironicamente, ultrapassar aqueles consequentes da própria gripe. Estudiosos colocam a questão nessa perspectiva, lembrando o que poderá acontecer com a aviação comercial, com o turismo e áreas de serviços em geral caso as restrições já estabelecidas se mantenham por um período longo, no pressuposto de que o isolamento completo, com confinamento domiciliar em princípio, seria a única alternativa eficaz de controle do avanço da pandemia até um ponto que fuja às possibilidades de contenção.
Não se pode imaginar, e muito menos desejar, que a condenação seja inexorável, mas será sempre prudente avaliar a questão por todos os ângulos, talvez recordando que a diferença entre o remédio e o veneno pode ser a dose.
O descuido pode ser fatal, mas tanto quanto o exagero que em alguns pontos da Europa vai tomando a forma de um isolamento paralisante, sem qualquer previsão concreta do quanto poderá durar ou de onde virão os fundos que possam, adiante, reequilibrar a economia.
Na perspectiva brasileira, com o pico da pandemia esperado para o início do mês de maio, tudo pode parecer ainda distante, mas não é verdade, fazendo-se igualmente necessário que seja encontrado o real ponto de equilíbrio, onde não cabem nem o pânico, nem o exagero e menos ainda a omissão.