Eleições: grande aula política

19 de junho de 2020 às 0h13

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Crédito: Divulgação

Tilden Santiago*

Certamente vamos ter eleições municipais neste ano, só não sabemos a “data”. O foco da mídia é só a mudança da “data. Mas isso é muito pouco, se quisermos fazer da eleição de prefeitos, vices e vereadores, uma verdadeira “aula política” para nosso povo na cidade, onde ele vive.

A construção de um novo poder municipal passa por duas coordenadas: o diagnóstico do município elencando problemas e suas soluções, através do programa de governo com novas propostas e políticas públicas atualizadas. A segunda coordenada é o contexto nacional tenebroso, que o país atravessa com a pandemia do coronavírus, que castiga toda a humanidade, precedida e no embalo de uma grande crise, que vem se arrastando na economia, na política e nas sociedades nos cinco continentes.

O coronavírus só fez aprofundar a crise, expondo as mazelas dos modos de produção, presentes hoje no mundo, dando oportunidade aos políticos e mesmo analistas incompetentes de iludir o povo com a quimera de uma volta ao “normal”. Um “normal”, que ninguém define, qualifica, ou diz o que é… “Normal”?

Se o filho do Rei Davi, autor do Eclesiastes, vivesse hoje, ele denunciaria, como denunciaram todos os profetas, as ilusões criminosas anunciadas pelos poderosos do dinheiro e da política, que tentam conduzir a História. E certamente diria que as Nações, debaixo do Sol, estão correndo iludidas, em vão, atrás do Vento.

A grande aula política das eleições não pode desconsiderar o cenário de aguda ruptura e crise sob um governo protofascista que tenta dominar o Brasil. O cidadão vive no município. É verdade! É aí que ele é convidado a transformar a sociedade e seu modus vivendi.

Mas a cidade existe no Brasil e no Estado, em Minas, onde acontecem possibilidades de avanço e progresso, mas também absurdos impatrióticos e criminosos na economia, nas políticas públicas e na política, tout court, que marcam a “détresse” dos municípios, indelevelmente.

Nesse momento das pré-candidaturas e mesmo após, seria saudável que os partidos evitassem o tradicional “personalismo”, abrindo processo para a totalidade de seus filiados e mesmo para a sociedade, especialmente os setores organizados e/ou institucionais, com ampla transmissão pública, através de redes sociais e de lives.

Sem debate, com “transmissão pública”, como ocorreu na eleição de Bolsonaro, não há construção de democracia. E estamos vendo o resultado agora!!! Falta de projeto para o enfrentamento do coronavírus e da crise. Vivemos um risco contínuo de perda do paradigma democrático.

O eleitorado brasileiro espera, dos partidos políticos, novidades boas para avançarmos com melhores projetos, políticas públicas e melhores candidatos. Temos de combater e evitar a Velha Política e sua mesmice.

As brasileiras e os brasileiros se cansaram do discurso da “melhor gestão”, tão caro a tucanos, como do discurso contra o “atraso”, tão caro aos petistas. O povo brasileiro, no sentido forte dado a essa expressão pelo saudoso Darcy Ribeiro, na sua angústia atual, tem todo direito de exigir e contribuir para “novos tempos”!!!

Cumpre não repetir as misérias do “cretinismo parlamentar”, que se contenta com o propósito apenas de “cidades-vitrine” com gestão supostamente primorosa. É uma arapuca eleitoral para aprisionar eleitores nutridos com ilusões, desprevenidos…

Não basta renovar na “forma” da política. É necessário enfocar o “conteúdo” da mesma, que deve alimentar a justiça social, a começar pela representatividade autêntica dos nomes que os partidos venham a oferecer ao povo, como candidatos.

*Jornalista, embaixador e sacerdote itinerante

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