Lucas Moura *
O fenômeno da inflação é amplamente conhecido e familiar aos brasileiros. Nesse sentido, vale destacar as décadas de 60 a 70, períodos marcados por aumentos constantes nos índices de preços da economia nacional, assim como de reajustes frenéticos nas tabelas de valores de produtos e serviços – algo que dificultou o planejamento fiscal do País e também o plano financeiro pessoal e familiar de toda a população brasileira. Aprendemos sentindo na pele, o desconforto de uma inflação descontrolada, que encontrou uma solução com o surgimento do Plano Real, iniciado em 1º de julho de 1994.
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Passados vinte e seis anos desde a criação do plano, o brasileiro não esqueceu por completo o fantasma da inflação e sabe bem que um bom investimento financeiro deve ao menos proteger o capital investido dos efeitos inflacionários, permitindo assim o ganho real – rentabilidade acima dos níveis de inflação em um determinado intervalo temporal. Investimentos atrelados aos índices de preços como, por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) são importantes para a composição de portfólio, não somente pela proteção que os mesmos oferecem contra a inflação, mas também porque contribuem com a diversificação dos investimentos.
Vários são os fatores que devem ser levados em consideração durante a escolha de um bom fundo de investimentos, mas antes devemos entender os benefícios de se investir por meio deste produto. As aplicações feitas através de fundos permitem ao investidor diversificar, visto que os ativos em questão configuram um condomínio, ou seja, uma cesta de ativos selecionados por profissionais de gestão. Estes que trabalham objetivando, principalmente, ter assertividade no momento de se fazer tais escolhas – no presente caso, os ativos em sua maioria são títulos públicos indexados à inflação –, assim como sucesso durante o processo de compra e venda de tais ativos. Esta prática é denominada como “trade” na linguagem do mercado financeiro.
Em resumo, escolher um bom fundo de investimento implica em optar, acima de tudo, por uma boa equipe de gestão, que irá trabalhar para rentabilizar o investidor e permitirá aos cotistas do fundo, diversificarem os seus investimentos por meio dos produtos que compõem o portfólio do ativo. O trabalho realizado por gestores eficientes proporcionará uma maior rentabilidade à carteira do investidor, mitigando riscos e gerando valor aos cotistas.
Existem fundos ativos e passivos, cada um com os seus prós e contras. Enquanto os fundos ativos buscam superar a performance de seu benchmark – índice de referência –, os fundos passivos têm como objetivo apenas acompanhar o determinado índice. Consequentemente, os fundos de investimentos com gestão ativa, possuem em geral taxas de administração superiores às porcentagens cobradas aos que possuem gestão passiva, contando também com a possibilidade da cobrança de taxas de performance, o que se configura algo incomum nos fundos de investimentos passivos. A decisão de optar pela gestão ativa ou passiva, deve ser pautada pelo desempenho dos fundos no longo prazo – acima de três anos ao menos –, verificando-se a validade da cobrança de tais taxas em relação ao retorno entregue pelo fundo.
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É de extrema importância enfatizar que não basta verificar se determinado fundo é indexado à inflação ou não. A duração dos ativos que compõem o portfólio de um fundo de inflação, influencia e muito parâmetros como a volatilidade, risco e potencial de ganhos. Aqueles fundos que se configuraram como os de inflação longa, – com a duração média dos ativos acima de 5 anos – apresentam um maior risco e uma grande volatilidade, mas também permitem ao investidor um alto potencial de ganho.
Tomando como base tudo o que foi dito até então, a definição de quais ou qual é o melhor fundo de inflação para se investir não deverá ser singular. Para cada perfil de investidor é possível definir aquele ativo que melhor atende aos seus anseios e necessidades de investimento.
Considerando um perfil conservador, o fundo de investimentos Trend Inflação FI RF LP é uma opção muito interessante e deverá ser estudada. Ele possui duração de carteira média, ou seja, concentração de ativos com vencimento no médio prazo, além de ser classificado como “soberano” – ou seja, investe 100% em títulos públicos federais do Brasil. Além disso, o fundo possui como benchmark o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), configurando assim uma menor necessidade de que a equipe de gestão assuma riscos elevados.
Para investidores com um perfil mais arrojado, o Icatu Vanguarda Inflação Curta, cujo benchmark é o índice IMA-B 5 – indicador que acompanha os títulos públicos indexados à inflação, com prazo de até cinco anos – apresenta um potencial de ganho marginalmente superior ao Trend Inflação, e têm conseguido acompanhar de perto o seu índice de referência.
Já para aqueles investidores mais agressivos, ou mesmo aos que investem pensando no longo prazo, os fundos SulAmérica Inflatie FI RF LP e o Icatu Vanguarda Inflação Longa possuem uma volatilidade consideravelmente elevada se comparados aos fundos anteriormente descritos; maiores rentabilidades no longo prazo; e consequentemente, incorrem a um nível maior de risco.
Por fim, é importante dizer que o investidor deve estudar as suas opções de investimentos, para que as suas aplicações atendam aos seus objetivos pessoais. Ainda é essencial que o mesmo compare as opções de investimentos e, quando possível, procure pela ajuda de profissionais do mercado financeiro.
*Assessor de investimentos da Monteverde Investimentos