Um raio de esperança

16 de junho de 2020 às 0h13

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Crédito: REUTERS/Lucas Jackson

Aristoteles Atheniense*

Donald Trump, após ameaçar fazer uso das Forças Armadas para reprimir os protestos contra o racismo e a violência policial, assistiu seguidas reações de parte de figuras de relevo do seu governo, que repeliram a bárbara iniciativa.

Trump atravessou a pé a Praça Lafayette, em frente à Casa Branca, posando para uma foto na fachada da histórica Igreja St. John, empunhando uma Bíblia, sob a proteção de bombas de gás lacrimogêneo e cassetetes.

As manifestações passaram a transcorrer de forma pacífica, com os protestos sendo convertidos em movimento renovado de direitos civis. Os atos tomaram mais de 400 cidades do país, sendo avaliados pelos analistas como os maiores desde a década de 1960, quando da morte do líder negro Martin Luther King Jr.

Por iniciativa da prefeita de Washington, a democrata Muriel Bowser, o nome da rua em frente à Casa Branca foi trocado e pintado no asfalto, passando a ser “Black Lives Matter”.

Al Sharpton, o reverendo que conduziu o memorial de Floyd, resumiu o sentimento de quem saiu às ruas: “Quando eu olhei e vi as manifestações em que, em alguns casos, jovens brancos superavam em número os negros marchando, eu soube que essa é uma época diferente (…). Vá para casa George. Descanse. Você mudou o mundo”.

A intimidação de Donald Trump de usar soldados contra a população, num país onde o desemprego é o maior em nove décadas, viola um equilíbrio de 233 anos nas relações entre civis e militares. A esta altura, discute-se se Trump aceitará derrota eleitoral na mais longeva democracia das Américas.

Lideranças negras dos EUA, em meio às incertezas e ao ineditismo atual, indagam qual será o caminho a ser seguido, doravante. Barack Obama considera ser necessário ligar dois pontos: traduzir isso em soluções práticas e leis.

O vaticínio de Obama identifica-se ao oráculo de Martin Luther King na histórica “Marcha sobre Washington”: “Esta é a nossa esperança. Com essa fé poderemos transformar as discórdias dissonantes do nosso país em uma bela sinfonia de fraternidade. Com essa fé, poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia seremos livres. Esse será o dia em que todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado (…) E se a América quiser ser uma grande nação, isso precisa se tornar realidade”.

*Advogado, Conselheiro Nato da OAB e Diretor do IAB

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