Ato público contra Congresso piora clima político de Bolsonaro

27 de fevereiro de 2020 às 0h05

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Presidente da República teria enviado vídeos, por meio de redes sociais, convocando para manifestações previstas para 15 de março - Crédito: REUTERS/Adriano Machado

São Paulo – Presidentes de partidos de esquerda marcaram uma reunião para a próxima terça-feira (3) para discutir uma reação ao fato de Jair Bolsonaro ter encaminhado vídeos de convocações às manifestações marcadas para o dia 15, que têm entre os motes críticas ao Congresso.

Segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi, vão participar do encontro dirigentes do PT, do PC do B, Psol, Rede e PSB. A ideia é fazer uma reação articulada. “O que está em jogo é uma escalada autoritária e precisamos defender a democracia”, diz.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) será chamada para a reunião.

Apesar de considerar grave e uma afronta institucional de Bolsonaro o compartilhamento de vídeos convocando para os atos, segundo Lupi, um pedido de impeachment não estaria, por ora, no radar dos dirigentes. O presidente da República disparou as convocações para uma lista de amigos, via WhatsApp.

“Nós combatemos muito o impeachment da Dilma. Achamos que não deve ser um instrumento usado a qualquer tempo e precisa de fundamentos, que estão se acumulando, mas ainda não há um apelo mais forte para evoluir para isso”, diz o presidente do PDT.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, diz que o gesto de Bolsonaro pode gerar uma “crise institucional gravíssima”.

“É inconcebível que um presidente da República apoie um ato. E dizer que foi pessoal e como presidente não dá. Não se pode separar a figura pessoal do presidente da própria presidência, ainda mais em se tratando de um tema tão sensível.”

“Vamos agir com responsabilidade, a responsabilidade que o Bolsonaro não teve», continuou Siqueira.

Maia – O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu ontem respeito às instituições democráticas após a revelação de que o presidente Jair Bolsonaro divulgou a amigos vídeo em apoio à manifestação do dia 15, contrária ao Congresso.

“Só a democracia é capaz de absorver sem violência as diferenças da sociedade e unir a nação pelo diálogo. Acima de tudo e de todos está o respeito às instituições democráticas”, afirmou.

“Criar tensão institucional não ajuda o país a evoluir. Somos nós, autoridades, que temos de dar o exemplo de respeito às instituições e à ordem constitucional. O Brasil precisa de paz e responsabilidade para progredir”, escreveu Maia em rede social.

Toffoli – Sem citar diretamente Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, disse que sociedades livres dependem de instituições sólidas para manterem sua integridade e defendeu a harmonia entre os Poderes.

“Não existe democracia sem um Parlamento atuante, um Judiciário independente e um Executivo já legitimado pelo voto”, afirmou Toffoli.

“O Brasil não pode conviver com um clima de disputa permanente. É preciso paz para construir o futuro. A convivência harmônica entre todos é o que constrói uma grande nação.”

Ontem, Bolsonaro afirmou na sua conta no Facebook que usa o Whatsapp apenas para trocar mensagens pessoais e de forma reservada com poucas dezenas de amigos, e que qualquer “ilação” fora desse contexto é tentativa de tumultuar a República. (Júlia Chaib da Folhapress/Reuters)

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