Finanças

BC melhora as projeções para o PIB de 2023

A estimativa é um pouco melhor do que o crescimento de 1,91% esperado pelo Ministério da Fazenda
BC melhora as projeções para o PIB de 2023
O mercado prevê para este ano uma expansão do PIB de 0,96%, indo a 1,41% em 2024 | Crédito: Rafael de Matos Carvalho / stock.adobe.com

Brasília – O Banco Central melhorou sua estimativa de crescimento para a economia brasileira em 2023 a 2%, de 1,2% estimado em março, mostrou o Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem, mas avalia que o cenário ainda é de desaceleração da atividade econômica neste ano.

O BC explicou no documento que a revisão reflete surpresas positivas em algumas atividades da indústria e do setor de serviços no primeiro trimestre, além de melhora nos prognósticos para a agricultura.
Mas alertou que “a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023 sob influência da diminuição do ritmo de crescimento global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica”.

O BC apontou que foram mantidas previsões modestas para as variações trimestrais da indústria e serviços ao longo do restante do ano, mas que a agropecuária deve ter evolução distinta.

“Após a forte alta nos primeiros três meses do ano, impulsionada pela safra recorde de soja, o setor deve recuar nos trimestres seguintes, contribuindo para a desaceleração do PIB, tanto por seu impacto direto como por sua influência nos demais setores”, disse o BC no documento.

A estimativa do BC é um pouco melhor do que o crescimento de 1,91% esperado pelo Ministério da Fazenda, enquanto a pesquisa Focus mais recente aponta que o mercado prevê uma expansão do Produto Interno Bruto de 2,18% em 2023.

A atividade econômica surpreendeu no início deste ano com um crescimento acima do esperado de 1,9% no primeiro trimestre, refletindo o desempenho mais forte do setor agrícola em quase três décadas, o que desencadeou uma série de revisões para cima por parte de especialistas e analistas em suas projeções para a economia.

A projeção do BC para o crescimento da agropecuária neste ano passou de 7% para 10%, enquanto a perspectiva de expansão da indústria foi elevada de 0,3% para 0,7%. O BC passou ainda a ver alta de 1,6% do setor de serviços, contra 1,0% antes.

Em relação à inflação, o BC avaliou que o comportamento benigno recente nos preços no atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais, sugere continuidade do movimento de arrefecimento da inflação nos próximos meses.

Mas, para o segundo semestre de 2023, a expectativa é de uma inflação maior acumulada em 12 meses, consequência da saída do cálculo do IPCA do efeito das medidas tributárias que reduziram o nível do preços no terceiro trimestre de 2022 e da manutenção dos efeitos das medidas tributárias deste ano.

Transações correntes

Ainda no Relatório de Inflação, o BC piorou sua estimativa para o resultado das transações correntes neste ano, passando a ver um saldo negativo de 45 bilhões de dólares, ante rombo de US$ 32 bilhões projetado em março.

Isso se deve principalmente a um superávit menor esperado para a balança comercial, de US$ 54 bilhões agora, contra US$ 62 bilhões previstos em março.

A autoridade monetária ainda passou a ver um crescimento do crédito no país de 7,7% este ano, ante estimativa de 7,6% antes. Agora, a expectativa é que o crédito às famílias suba 9,9% em 2023, contra expectativa anterior de 8,4%. Para as empresas, a alta foi calculada em 4,4%, ante 6,3% no último relatório.

Sobre política monetária, o BC reiterou mensagem da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, repetiu o BC.

Em sua última reunião, o BC deixou a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, como esperado, e sinalizou na ata desse encontro a possibilidade de iniciar um afrouxamento monetário “parcimonioso” na próxima reunião, em agosto.

IGP-M tem queda de 1,93% em junho

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) caiu mais do que o esperado em junho e marcou as taxas de deflação mais acentuadas da série histórica tanto na comparação mensal quando no acumulado do último ano.

O IGP-M registrou queda de 1,93% em junho, após baixa de 1,84% no mês anterior, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) ontem. Com esse resultado, o índice passou a mostrar baixa de 6,86% em 12 meses, marcando deflações recordes na série iniciada em 1989.

A expectativa em pesquisa da Reuters com analistas era de um recuo de 1,70% em junho frente a maio.
Segundo o coordenador dos índices de preços da FGV, André Braz, a leitura do IGP-M deste mês foi resultado da queda dos preços dos combustíveis na refinaria, com o diesel cedendo 13,82% e a gasolina caindo 11,69%.

“Afora tal contribuição, os preços de importantes commodities agropecuárias seguem em queda, como: milho (-14,85%) e bovinos (-6,55%)”, acrescentou ele.

Desta forma, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60% do índice geral e apura a variação dos preços no atacado, caiu 2,73% em junho, ante baixa de 2,72% em maio.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% no índice geral, passou a recuar 0,25% no mês, deixando para trás a alta de 0,48% de maio.

No âmbito do consumidor, as principais contribuições partiram dos preços da gasolina (-3,00%) e dos automóveis novos (-3,76%), explicou Braz.

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, subiu 0,85% em junho, ante 0,40% em maio.

De acordo com a economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, a deflação do IGP-M se dá em função da queda dos preços dos combustíveis (gasolina e diesel), commodities e produtos alimentícios em geral. Casaca afirma que, apesar de os preços ao produtor serem os de maior queda, neste mês os preços ao consumidor também recuaram – movimento que é semelhante ao da inflação oficial, porém com mais intensidade.

“Esse resultado de deflação histórica do IGP-M é mais um fator que justifica o início da queda da taxa Selic na próxima reunião do Copom. Além disso, apesar de essa queda de preços ser excelente para o consumidor, diversos produtores rurais vêm sofrendo com o barateamento do seu produto. Esse é mais um fator importante para o governo dar atenção”, afirma.

A inflação no Brasil tem mostrado sinais de arrefecimento, de acordo com dados recentes, o que elevou a perspectiva de que o Banco Central começará em breve a cortar a taxa de juros Selic, atualmente em 13,75%. (Com informações da Reuters)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas