Indústria audiovisual lança frente de defesa

Estabelecida antes do avanço dos serviços de video on demand (VoD), a regulação do audiovisual no Brasil deixa de fora do arcabouço legal as plataformas de streaming. A regulação é necessária para que a indústria brasileira seja fortalecida, garantindo que as produtoras sejam proprietárias das obras que produzem no país, gerando com elas divisas para o Brasil.
Os serviços de vídeo por demanda se tornaram, em poucos anos, a principal janela para o conteúdo audiovisual no mundo. O mercado brasileiro – que tem mais de 200 milhões de consumidores – é estratégico e comercialmente relevante para as plataformas, ocupando, em algumas delas, a segunda ou terceira posição mundial.
Com o objetivo de debater tais questões, 12 associações e sindicatos representativos do setor se uniram para criar a Frente da Indústria Independente Brasileira do Audiovisual (Fibrav).
O objetivo da frente é sensibilizar o governo federal, o Congresso e a sociedade para as questões presentes em alguns projetos de lei em tramitação. Entre elas, estão: propriedade intelectual e patrimonial das obras para os produtores brasileiros independentes que as realizam; proeminência e cotas para conteúdos brasileiros; investimento direto na produção de conteúdo brasileiro independente; criação da Condecine VoD – recursos que serão destinados ao desenvolvimento de políticas públicas com mecanismos que promovam a valorização do patrimônio cultural brasileiro.
Por meio de nove de suas 12 entidades, a recém-criada frente estará presente nas sessões da audiência pública que a Comissão de Educação e Cultura do Senado realiza nesta semana para discutir a regulação do streaming no país. Na quarta-feira (13) e na quinta (14), também apresentarão seus pontos de vista sobre o tema a secretária do Audiovisual do Ministério da Cultura (MinC), Joelma Gonzaga e representantes de plataformas como Netflix e Amazon Prime.
Streaming no Brasil
Quase todos os setores da economia brasileira, como radiodifusão, telecomunicações, indústria química, serviços financeiros e indústria audiovisual são regulados no país, sendo o streaming a única exceção.
Uma vez que a regulação do VoD é uma realidade em diversos países, a exemplo de França, Itália, Espanha, é fundamental que o Brasil também regule seu mercado, segundo aponta a Fibrav.
Um estudo divulgado pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) em fevereiro deste ano reforça a necessidade de se regular os serviços de streaming, cuja presença nos lares brasileiros explodiu desde a pandemia.
O Panorama do Mercado de Vídeo por Demanda no Brasil demonstra que o País lidera o ranking dos países da América Latina com maior número de plataformas (59, no total) e que a presença de conteúdos produzidos aqui é baixíssima nos serviços não-locais (gira em torno de 6% na Netflix e na Amazon Prime, por exemplo, já considerando filmes e séries de produção própria).
Se isso acontece é porque as empresas que fazem uso do da tecnologia de transmissão contínua de mídia pela internet, não estão contempladas pelas duas principais leis do setor: a MP 2228-1, que criou a Ancine, e a Lei 12.485/2011, que regula a TV Paga.
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