Agropecuária aponta entraves, mas vê 2021 satisfatório

Em balanço anual, Faemg destacou, entre outros, desafios enfrentados em função da Covid-19, como a alta dos custos produtivos

24 de dezembro de 2021 às 0h30

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Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

A continuidade da pandemia de Covid-19 e os efeitos econômicos negativos gerados fizeram com que 2021 fosse considerado um ano desafiador para o agronegócio de Minas Gerais. O setor enfrentou aumento significativo dos custos de produção, o que impactou a receita do produtor rural. Outro desafio foi o clima adverso, com seca prolongada e geadas, resultando em perdas. 

Mesmo enfrentando gargalos, o agronegócio, porém, não parou e contribuiu para o abastecimento do mercado interno e externo. Somente em exportações, foram US$ 9,51 bilhões movimentados entre janeiro e novembro, alta de 9,03% frente a igual período de 2020. Ao todo, foram embarcadas 11,6 milhões de toneladas, queda de 8,5%. No Valor Bruto da Produção (VBP) foram movimentados R$ 120,06 bilhões, pequena retração de 0,1%.

De acordo com o presidente do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio de Salvo, foram muitos os desafios em 2021, mas o ano pode ser considerado satisfatório para o setor. 

“Tivemos, em 2021, a continuidade da pandemia e as dificuldades dos efeitos na economia, o que já era esperado. Enfrentamos um aumento grande nos preços dos insumos, principalmente, dos importados. Em Minas Gerais, tivemos problemas fortes com o clima, com déficit hídrico que afetou a produção de café e da segunda safra, principalmente, de milho e sorgo. Também tivemos geadas em algumas regiões cafeeiras. Mas, de maneira geral, o ano foi bastante satisfatório, com Minas avançando positivamente”, avaliou.

Em relação a 2022, as expectativas são mais favoráveis. O clima, até o momento, tem contribuído para o desenvolvimento da safra de grãos, o que pode gerar maior oferta e reduzir os custos da pecuária. 

“Acreditamos que 2022 vai ser ano de mais equilíbrio. Estamos vendo safra de verão com chuvas bem distribuídas em todo o Estado, sinalizando uma safra muito boa. Isso é importante para a pecuária de corte, suínos e frango. Se produzirmos uma boa safra de milho e de soja, a tendência é de preços mais acessíveis para quem depende dos insumos”, explicou Salvo. 

Conforme o levantamento da Faemg, em 2021 o VBP do agronegócio mineiro movimentou R$ 120,061 bilhões. Na agricultura, seca e geada impactaram e o setor encerra com queda de 1,4% no faturamento. Já na pecuária, apesar do embargo chinês à carne brasileira, que prejudicou os resultados, foi registrada alta de 2%.

Em relação à produção, o café, principal produto do agronegócio de Minas, foi o mais impactado. No País, Minas Gerais foi a região mais prejudicada pelo clima, e a estimativa é de uma redução de 36,1% na produção, que pode somar 22 milhões de sacas de 60 quilos. O VBP do grão caiu 19,7% e chegou a R$ 20,1 bilhões de janeiro a novembro. 

Também foi registrada retração de 8,1% na safra de cana-de-açúcar, somando 64,8 milhões de toneladas.

No que se refere à produção de grãos, foram 15,45 milhões de toneladas. A soja atingiu 7 milhões de toneladas, cultivada em 1,9 milhão de hectares. Devido à demanda mundial elevada pela oleaginosa, puxada pela China e outros países asiáticos, o valor da saca de 60 quilos ultrapassou R$ 175.

A produção de milho na safra de 2020/21 foi de 7,02 milhões de toneladas, cultivadas numa área de 1,31 milhão de hectares. Minas Gerais, que é o maior produtor brasileiro de milho 1ª safra, colheu 5,05 milhões de toneladas na safra 2020/21. Na segunda safra, houve quebra, devido ao período seco em abril e maio. O volume produzido foi de 1,97 milhão de toneladas, cerca de 33% a menos do que o esperado. Com a menor colheita do cereal, a saca de 60 quilos, comercializada em 2021, chegou a ultrapassar os R$ 96. Em novembro, o preço da saca oscilou entre R$ 76,50 e R$ 87 nas diversas praças mineiras.

Alta dos custos e embargo afetam pecuaristas

A pecuária foi um dos setores mais afetados em 2021. A alta dos custos de produção, principalmente com a alimentação e dos insumos importados, impactou a renda dos pecuaristas.

Além disso, a pecuária de corte enfrentou embargo chinês, após a confirmação de dois casos atípicos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), doença também chamada de “vaca louca”, um em Minas Gerais e outro no Mato Grosso. Os embarques foram suspensos em setembro e liberados apenas a partir do último dia 15 de dezembro.

Em Minas Gerais, de janeiro a novembro, as exportações de carne bovina superaram o patamar de 2020, com incremento de 10,5% em receita (US$ 809,2 milhões), mas queda em volume da ordem de 6,2%, com embarque de 163.527 toneladas. O valor médio da arroba pago ao produtor chegou a R$ 302,40, valor 6,2% maior que no mesmo período do ano passado. A valorização é resultado da oferta enxuta de animais e da elevação dos custos de produção.

A produção de carne suína ficou em 564 mil toneladas, aumento de 7,4%. No acumulado de janeiro a novembro, as exportações do produto somaram 20,5 mil toneladas, gerando a receita de US$ 42,4 milhões, alta de 2,2% em volume e de 11,6% em valor.

No Estado, foram 1,11 milhão de toneladas de carne de frango produzidas (de janeiro a novembro), aumento de 3,5% frente a 2020.

A produção de leite, entre janeiro e novembro, ficou em 9,33 bilhões de litros, queda de 3,7% frente ao mesmo período de 2020. As adversidades climáticas, os altos custos de produção e os preços não remuneradores praticados têm desestimulado os produtores.

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