O período mais seco está interferindo na segunda safra de milho em Minas Gerais. Depois de um verão bastante chuvoso, as regiões produtoras do Estado estão enfrentando a falta de chuvas há cerca de 45 dias. Com a estiagem, a expectativa é que ocorram perdas na produção que podem chegar, dependendo da região, a até 50% do volume previsto para a atual temporada. Mesmo com a queda, a tendência ainda é de uma colheita maior que a segunda safra de 2020/21, quando a escassez hídrica provocou uma quebra generalizada na cultura do milho.
De acordo com o gerente de Agronegócios do Sistema da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg), Caio Coimbra, mesmo enfrentando o clima seco em 2022, a situação da cultura ainda é mais favorável do que a observada na segunda safra do cereal em 2021.
PUBLICIDADE
“Tivemos muita chuva no verão. Então, até março, tivemos a umidade do solo em 100% em quase todo o Estado de Minas. Foi feito o plantio da segunda safra e agora muitos lugares estão sem chuvas há mais de 40, 45 dias. Com isso, produtores já apontam para uma quebra significativa. Mas é importante ressaltar que a quebra será sobre o volume estimado para a atual temporada e não em relação ao ano passado”, explicou.
Ainda segundo Coimbra, o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontava para uma alta de 63% na segunda safra de milho em Minas Gerais, passando de cerca de 2 milhões para mais de 3,2 milhões de toneladas. Volume que deve ser revisado.
“Acredito que o próprio levantamento da Conab, que sai amanhã (hoje), deve fazer alguma correção para baixo. A falta de chuvas impacta a produção e as regiões já estimam queda. No Noroeste do Estado, a previsão é de uma quebra de 40% a 50% do volume inicialmente estimado”.
Além do Noroeste de Minas Gerais, a menor disponibilidade de água também deve impactar a produção do Alto Paranaíba e Triângulo. Nestas regiões, a perda deve ficar em torno de 20%. Já no Sul de Minas, a situação é menos grave e é esperada uma redução próxima a 10%.
PUBLICIDADE
“Vamos ter uma quebra, mas ainda vamos produzir mais que na segunda safra do ano passado, quando a cultura enfrentou um período maior sem chuvas, o que causou uma quebradeira generalizada na produção. Esperamos uma safra maior que a do ano passado, mas não tão boa quanto a estimada há dois meses”, disse.
Preços
Em relação aos preços do milho, Coimbra explica que, até o momento, não houve alteração em função da perda produtiva, o que deve acontecer a partir da divulgação das estimativas oficiais. A saca de 60 quilos é negociada, em média, a R$ 80 no Estado.
“O preço do milho segue valorizado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, que coloca em risco a produção. A Ucrânia é o terceiro ou quarto maior exportador do cereal e a safra é plantada no meio do ano. Caso a guerra continue e inviabilize o plantio, haverá problemas de oferta, prejudicando a pecuária e a vida dos brasileiros”, completou.