A valorização dos preços e a maior produção de soja e de milho estão contribuindo para reduzir o impacto negativo da queda produtiva do café e do recuo dos preços do leite no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Minas Gerais. A previsão para este ano, com base nos dados até abril, é de um VBP estadual de R$ 105,4 bilhões, valor que está 0,55% menor quando comparado com 2020, quando o faturamento chegou a R$ 106,05 bilhões.
Enquanto os faturamentos da soja e do milho estão subindo 29,9% e 31,59%, respectivamente, o café vem apresentando queda de 31,42% e o leite de 5,11%.
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Segundo os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dos R$ 105,46 bilhões estimados para o VBP de Minas em 2021, R$ 66,38 bilhões serão provenientes da atividade agrícola e R$ 39,08 bilhões da pecuária. Na agricultura, a expectativa é de um VBP 1,54% menor e na pecuária é estimada alta de 1,18% frente a 2020.
Dentre os produtos, a maior queda é vista na produção de café. O faturamento dentro da porteira foi estimado em R$ 15,9 bilhões e está 31,42% menor que o registrado anteriormente, que era de R$ 23,2 bilhões. A forte retração é resultado de uma safra menor. O café, até o ano passado, tinha o maior VBP do Estado, perdendo o lugar, em 2021, para a soja.
Falta de chuvas
Além da bienalidade negativa, a cultura do café vem sofrendo forte impacto negativo da falta de chuvas. Conforme os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra em Minas Gerais ficará de 36,1% a 42,8% menor em relação ao ciclo anterior, com a produção variando entre 19,8 milhões de sacas de 60 quilos e 22,1 milhões de sacas de café beneficiado.
Do valor total estimado para o café, a espécie arábica apresentou redução de 31,54% no VBP, que foi estimado em R$ 15,78 bilhões. No café conilon, o VBP projetado para 2021 é de R$ 131,6 milhões, valor 13% inferior.
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A queda no VBP total de Minas foi minimizada pelo bom desempenho da soja, que passou a ter o maior VBP do Estado. Com preços altos e demanda elevada nos mercados interno e externo, a produção foi ampliada em Minas Gerais. Com isso, é esperado aumento de 29,93% no VBP da oleaginosa, que pode alcançar R$ 19,5 bilhões.
Para a produção de soja, em Minas, é esperada expansão de 13,8% no volume, que pode chegar ao recorde de 7 milhões de toneladas.
Assim como na soja, a produção maior e os preços valorizados impulsionaram os resultados do milho. A projeção é de um VBP para a cultura do cereal 31,59% maior, alcançando R$ 11,1 bilhões. Para a safra 2020/21, no Estado, a previsão é colher um volume total de 8,6 milhões de toneladas de milho, variação positiva de 15,5%.
Já no caso da cana-de-açúcar, é esperada queda de 1,83% no valor bruto, com faturamento em torno de R$ 8,9 bilhões.
O faturamento da produção de feijão foi estimado em R$ 2,74 bilhões, variação negativa de 5,5%. Para a laranja, o VBP de 2021, ficou estimado em R$ 627 milhões, queda de 8,68%.
Retração também é esperada para o VBP do algodão, de 2,39%, com o faturamento estimado em R$ 546,5 milhões. A redução se deve à previsão de uma safra 20,8% menor, com o volume chegando a 127,6 mil toneladas de algodão em caroço.
Bovinos lideram pecuária mineira
Ao contrário da agricultura, para a pecuária mineira é esperado aumento de 1,18% no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), que pode chegar a R$ 39 bilhões. O incremento vem, principalmente, da produção de bovinos.
Segundo os dados do Mapa, para a produção de bovinos, a estimativa é de uma alta de 10,4% no VBP, com o faturamento da atividade estimado, com base nos dados de abril, em R$ 13,7 bilhões. A demanda elevada, a oferta ajustada e os preços firmes são fatores que justificam o incremento.
Em relação à produção de frangos, é esperado um faturamento 2,23% superior, chegando a R$ 6,9 bilhões.
Já para o leite, a previsão é de um VBP de R$ 13,5 bilhões, retração de 5,11% quando comparada com os R$ 14,2 bilhões registrados em 2020. A desvalorização dos preços contribui para o resultado negativo.
Em suínos e ovos, a tendência também é de queda. No caso dos suínos, o VBP deve alcançar R$ 3,39 bilhões, recuo de 4,98%. Em ovos, a redução estimada é de 5,39%, com faturamento de R$ 1,5 bilhão.