Ações ainda não refletem escolha de Belini
12 de fevereiro de 2019 às 0h05
Embora as ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) tenham encerrado ontem com queda de 2,31%, sendo comercializadas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) a R$ 13,09, especialistas avaliam que é cedo para qualquer associação com a escolha do ex-presidente da Fiat Cledorvino Belini para presidir a estatal. O nome do executivo foi anunciado na última sexta-feira (8) em substituição ao antigo diretor, Bernardo Alvarenga.
Belini presidiu a montadora localizada em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), entre 2004 e 2015 e assumirá, pela primeira vez, um cargo em empresa estatal. Formado em administração pela Universidade Mackenzie e pós-graduado em finanças, ele possuiu MBA pela Fundação Dom Cabral. O executivo trabalhou na Fiat por 44 anos e foi indicado à presidência da Cemig pelo governador Romeu Zema (Novo).
“É um nome que veio do mercado corporativo, que bem administrou, por anos, a Fiat, e a tendência é que faça um bom trabalho também na companhia de energia. Ainda é cedo para falarmos sobre as reações do mercado com sua indicação, mas já avaliamos a inclinação para o plano de privatização da estatal, como estuda o governo mineiro, em seu plano de recuperação fiscal”, avaliou o analista da Lopes Filho, Alexandre Furtado Montes.
Em relação à forte queda dos papéis da companhia ontem, Montes destacou que o Índice Bovespa também encerrou o dia com recuo, neste caso, de 0,98%, e que, por este motivo, não necessariamente as ações da Cemig tiveram queda em virtude da nomeação. As principais perdas do mercado financeiro ocorreram nos setores de Utilidade pública, Finanças e Materiais básicos, levando as ações a uma baixa.
Já o ex-diretor da Cemig Aloísio Marcos Vasconcelos Novais ressaltou que, embora tenha visto a nomeação com otimismo, o mesmo não pode ser dito do mercado, fazendo menção justamente à queda dos papéis da estatal. “Belini é uma pessoa experiente, ‘de peso’, empresário e administrador reconhecido. Tem vivência no mercado mineiro e eu o respeito e torço para que seu trabalho à frente da estatal dê certo”, resumiu.
Peça estratégica – Ele completou que o ex-presidente da Fiat poderá ser peça fundamental para reestruturação da companhia energética, incluindo a negociação com credores, desalavancagem, fazendo uma empresa mais enxuta e eficiente. “Ele conhece o mercado financeiro e as instituições. Tem tudo para ser um bom presidente”, apostou.
Sobre a queda de 2,31% nas ações, Novais disse que pode ser interpretada como certa cautela por parte dos acionistas, já que a estatal passou o dia com os papéis em baixa. “Os investidores parecem estar mais conservadores do que o governo”, completou.
Em fato relevante enviado ao mercado, a Cemig informou, na última semana, que o Conselho de Administração deliberou a nova composição da diretoria executiva, nomeando Cledorvino Belini como diretor-presidente, acumulando, em caráter de interinidade, os cargos de diretor vice-presidente, diretor jurídico e diretor de Gestão de Pessoas.
Ainda conforme a Cemig, continuam na diretoria Daniel Faria Costa, diretor de Gestão de Participações; Dimas Costa, diretor Comercial; Mauricio Fernandes Leonardo Júnior, diretor de Finanças e Relações com Investidores; e Ronaldo Gomes de Abreu, diretor de Distribuição e Comercialização.
Leonardo Jr. vai acumular, interinamente, o cargo de diretor de Relações Institucionais e Comunicação. Já Abreu irá acumular os cargos de diretor de Gestão Empresarial e diretor de Geração e Transmissão.