Alta do diesel afeta transporte público em BH

Preço é um dos motivos de colapso em empresas de ônibus da Capital

13 de janeiro de 2022 às 0h30

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SetraBH anunciou ontem que duas empresas de ônibus da capital mineira não têm mais recursos para comprar o óleo diesel | Crédito: Charles Silva Duarte - Arquivo DC

Não se passaram nem 15 dias do novo ano e a Petrobras já anunciou novo reajuste nos preços dos combustíveis. Em vigor desde ontem, a gasolina teve reajuste médio de 4,85%, enquanto o diesel sofreu aumento de 8% nas refinarias. Parte do setor produtivo do Estado reagiu mal ao anúncio que indica que o principal vilão da inflação no ano passado já começa 2022 novamente pressionado pela valorização do petróleo no mercado internacional. O reajuste é um dos fatores que já afeta o transporte de passageiros na Capital. 

Por meio de nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) informou que duas empresas do sistema de transporte coletivo da cidade entraram em colapso, por falta de óleo diesel em seus estoques e viabilidade financeira para contínua aquisição do insumo.

Uma delas é a Viação Transoeste, que suspendeu suas atividades por tempo indeterminado, a partir da manhã desta quinta-feira (13). A empresa possui 88 veículos no sistema da Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans). A outra, de menor porte (18 veículos) e pertencente ao Consórcio Dom Pedro II, consegue operar até o próximo domingo (16).

“O SetraBH lamenta a crise e destaca que os maiores prejudicados serão os usuários que deixarão de ser atendidos pelas duas empresas. A entidade e os Consórcios Dez e Dom Pedro II estão em contato com o poder concedente para viabilizar uma solução emergencial para a crise. Cabe destacar que além dos insumos como o óleo diesel, que vem sofrendo aumentos constantes, todo o sistema está com extrema dificuldade de manter os salários de seus funcionários em dia tamanho é o desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos e os efeitos deletérios da pandemia no transporte público urbano em todo o País, com a redução gigantesca do número de passageiros”, diz a nota do sindicato.

Medida insensível

O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logísticas de Minas Gerais (Setcemg), Gladstone Lobato, classificou a medida da Petrobras como insensível, especialmente diante do momento complicado que vivem estados como Bahia e Minas Gerais após as chuvas que arrasaram centenas de cidades e estradas.

“Já temos uma batalha grande para colocar as cargas em dia com tantos empecilhos nas rodovias e trechos interrompidos. Há setores inteiros parados como o transporte de minério e até do agronegócio por estas limitações. Agora mais essa elevação. O diesel move o País, vai refletir no aumento do frete em mais de 5% e não temos margem para segurar”, desabafa.

Com o reajuste, o preço médio de venda da gasolina passará de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro. Já o diesel passará a ter valor médio de venda de R$ 3,34 para R$ 3,61 por litro.

O dirigente pondera que a cotação do petróleo é internacional, mas critica a política de preços da estatal. “Sabemos que há o aumento no mundo todo, mas não é só repassar. Se privatizasse, aumentava a concorrência e acabava com os salários absurdos e com as sedes obsoletas. Porque enquanto existir esses passivos ocultos, o País vai pagar a conta. Ou seja, o consumidor final”, completa.

E a preocupação do setor não diz respeito apenas ao custo com os combustíveis. Lobato lembra que há outras despesas como preços de caminhões e implementos rodoviários – que diante da precariedade das estradas brasileiras, também são cada vez maiores. E que agora com a deterioração causada pelas chuvas estão ainda piores. O pleito, conforme ele, é para que governos federal e estadual deem prioridade à recuperação do que chama de “caminho”. “Não temos estradas, temos caminhos”, diz.

O presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Sinditanque-MG), Irani Gomes, também condenou o aumento dos preços dos combustíveis. Para ele, os reajustes são absurdos. “Falta transparência na política de preços da Petrobras. Quando o barril do petróleo no mercado internacional aumenta, o preço dos combustíveis no Brasil aumenta, mas quando baixa, ninguém vê redução alguma. Na verdade, essa é uma política apenas de aumentos. Começamos mal”, critica.

Estatal comprou no mercado internacional 23 milhões de metros cúbicos de GNL por dia | Crédito: REUTERS/Caetano Barreira

Importação de GNL pela Petrobras bate recorde

Rio – A Petrobras importou um recorde de 23 milhões de metros cúbicos por dia (m³/dia) de gás natural liquefeito (GNL) em 2021, volume cerca de 200% maior que o registrado no ano anterior, informou a companhia ontem.

O movimento ocorreu em um ano de forte demanda termelétrica, devido a maior seca já registrada em reservatórios de hidrelétricas em mais de 90 anos. A Petrobras importa o GNL de países como Estados Unidos, Trinidad & Tobago e Catar.

“O GNL representou, no mesmo ano, cerca de 30% do total do portfólio de oferta de gás natural da Petrobras, sendo fundamental para suprir as demandas contratadas pelos seus clientes”, disse a empresa.

A Petrobras ressaltou que trabalhou para ampliar a oferta do insumo ao mercado, com iniciativas como o aumento de capacidade do terminal de regaseificação do Rio de Janeiro.

O recorde diário de compras externas de GNL ocorreu em 1º de outubro, com a importação de mais de 40 milhões de m³.

Anteriormente, o ano com maior volume de importação de GNL havia sido 2014, com 20 milhões de m³/dia. (Reuters)

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