Belo Horizonte já se consolidou como capital dos bares, mas, ainda assim, ganhou novo impulso para negócios nesse segmento. Com a Lei 11.128/18, sancionada pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS), na semana passada, a abertura de cervejarias artesanais na capital mineira fica facilitada. Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel Minas), Ricardo Rodrigues, avalia que, além de incentivar o setor, o novo texto vai mudar o perfil cervejeiro da Capital, que deve passar a contar com um número maior de empreendimentos de menor porte, ao estilo dos chamados brewpubs, bares que produzem a própria cerveja no local e as vendem no mesmo lugar.
Secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Beato informou ontem que, atualmente, Belo Horizonte conta com 37 cervejarias, que geram 228 empregos. Segundo ele, a expectativa é de que, com a nova lei, esses números dobrem no prazo de dois anos. “A lei é uma mudança estratégica importante, que possibilita que Belo Horizonte conte com mais cervejarias artesanais. Vamos consolidar o setor, que já é referência nacional e internacional”, disse.
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Publicado na última sexta-feira (7), o texto já está valendo. A nova lei prevê que cervejarias de até 720 metros quadrados podem se estabelecer fora das áreas industriais e grandes avenidas da Capital, passando a ter exigências de localização e fiscalização sanitárias semelhantes às de bares.
Emprego e renda – O presidente da Abrasel, Ricardo Rodrigues, ressalta que, com o incremento das cervejarias artesanais, o município ganha com ampliação de arrecadação e geração de emprego. A associação calcula que o setor vem crescendo, em Minas, cerca de 20% ao ano.
Até então, a norma que vigorava na cidade considerava as cervejarias artesanais como unidades industriais e as classificava como atividade de nível 3, ou seja, causadoras de grande impacto. Com isso, elas estavam limitadas a áreas industriais – localizadas nos bairros Olhos D´Água e São Francisco – e a grandes avenidas. Com a mudança, as cervejarias artesanais passam para nível 2.
Com as restrições que vigoravam até então, o mercado das cervejarias artesanais na Capital acabou privilegiando os empreendimentos maiores, como Wäls, Backer, Hofbräuhaus e Krug Bier. Os pequenos empreendedores, então, terminaram seguindo para cidades da região metropolitana, principalmente Nova Lima.
Conselheiro da Abrasel Minas e empresário do setor, Gustavo Alves considera que, com as mudanças, os cervejeiros poderão instalar seus negócios em áreas mais baratas de Belo Horizonte, reduzindo os custos. Além disso, há a desburocratização do licenciamento.
Com isso, muda o perfil de negócio em Belo Horizonte, devendo ganhar força as chamadas nanocervejarias, de 50 a 100 metros quadrados, com produção e venda da cerveja no mesmo lugar. “É mais opção para o consumidor”, afirma.
Alves é exemplo de que as novas regras na Capital podem atrair empreendimentos. Atualmente, ele fabrica cerveja artesanal em Capim Branco, na região metropolitana, e vende no bar Köbes, no Horto, região Leste de Belo Horizonte. O empresário já se prepara para passar a fabricação também para a Capital e explica que, com o novo sistema, não haverá engarrafamento da cerveja. “Vai direto do barril para o copo”, explica.
Segundo Gustavo Alves, uma das vantagens de Belo Horizonte é a concentração do mercado consumidor. Ele informa ainda que há projetos em discussão para se criar um circuito turístico específico para as cervejarias artesanais.
Plano Diretor – A Lei 11.128/18 é oriunda do Projeto de Lei 475/18, de autoria do vereador Léo Burguês (PSL). O vereador Léo Burguês informou que a alteração estava prevista no Plano Diretor de Belo Horizonte, em tramitação na Capital. Para agilizar a mudança, o texto foi votado separadamente, com uma alteração: na versão original, a mudança valia para empreendimentos de até 500 metros quadrados. “O texto foi separado excepcionalmente para garantir agilidade na geração de empreendimentos para a cidade”, destacou.