Comércio de BH repudia restrição de funcionamento

Entidades que representam setor em BH divulgaram manifesto contra eventuais medidas que impeçam funcionamento normal do varejo

25 de janeiro de 2022 às 0h29

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PBH admitiu na semana passada possibilidade de restringir atividades do comércio | Crédito: Mara Bianchetti

O avanço da variante Ômicron na capital mineira tem deixado rastros visíveis. Postos de saúde cheios, alto índice de testes positivos e o temor em relação ao funcionamento do comércio e do setor produtivo como um todo. Diante desse cenário, 17 entidades que representam as atividades comerciais de Belo Horizonte emitiram um posicionamento contra eventuais medidas restritivas que impeçam o funcionamento normal do comércio. 

Em documento divulgado ontem pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) e que foi elaborado durante reunião na entidade, as associações e sindicatos cobram da prefeitura “criatividade e competência” para driblar o cenário. 

O manifesto ocorreu após coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (21), quando o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, afirmou que, apesar de não querer fechar a cidade, o comitê de enfrentamento à doença pode sugerir novas restrições caso os números avancem. 

Na Capital, o último Boletim Epidemiológico e Assistencial revela que, neste momento, todos os índices de monitoramento e controle estão em alerta ou vermelho. O número médio de transmissão por infectado, por exemplo, está em 1,18. Em relação às ocupações de leitos de UTI, a Capital está com 91,3% dos espaços destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados, sendo que, nos casos de leitos de enfermaria, o percentual é de 89,7%.

Preocupação das entidades

Um novo balanço e pronunciamento sobre a situação de Belo Horizonte deve acontecer amanhã. Em resposta sobre a possibilidade de anúncio de novas restrições, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que “monitora diariamente os números epidemiológicos e assistenciais da doença e que  qualquer agravamento que comprometa a capacidade de atendimento será tratado de forma devida, sempre com o objetivo de preservar vidas”. 

Diante das incertezas, o setor produtivo espera, com preocupação, pela definição de novas medidas e acredita que a solução não está no fechamento do comércio, mas na conscientização da população em benefício da vacinação e, ainda, da abertura ou reativação de leitos na capital mineira. 

“Entendemos que enxergar num possível novo fechamento do comércio a única maneira de enfrentar o aumento da Covid-19 é sacrificar novamente o setor que mais emprega a população da nossa Capital, colocando em risco a vida de estabelecimentos e o emprego de milhares de pessoas”, afirmam, em documento, as entidades participantes da mobilização. 

Margens apertadas

Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel Minas), Matheus Daniel, o setor cuja entidade representa ainda está muito fragilizado e um novo fechamento seria ainda mais prejudicial para a margem na qual os comércios estão trabalhando. “Este já é um ano muito problemático porque o endividamento está muito alto, a inflação está corroendo e os restaurantes não estão repassando tudo para o consumidor. A margem de lucro, que antes era de 8% a 12%, agora está de 5% a 9%”, expõe. 

De igual modo, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) afirmou que também avalia com preocupação essa possibilidade, uma vez que nos últimos quase dois anos o setor enfrenta efeitos diretos da pandemia da Covid-19, provocados pela impossibilidade de operação, e os efeitos indiretos, que ocorrem diante da deterioração dos indicadores relacionados ao mercado de trabalho. 

“O varejo lida na ponta com o consumidor final e toda e qualquer oscilação dos indicadores de emprego e renda acabam afetando o faturamento do setor. Sazonalmente, o início do ano já é um período mais fraco para a maioria dos segmentos varejistas, e isso faz com que os empresários operem com margens de lucros menores e existem ainda os compromissos financeiros já contratados. Por isso, essas empresas precisam realizar as suas vendas para arcar com esses custos”, afirma o economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida.

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