O comércio varejista vem de uma pandemia que, em seu período mais crítico, fechou lojas e reduziu drasticamente as vendas. Agora enfrenta um cenário econômico difícil, com a inflação reduzindo o poder de compra do consumidor.
Nesse contexto, qualquer data especial anima os empresários do setor, e o Dia dos Namorados é uma das mais importantes. Prova disso é que 80% dos empresários que sentem o impacto da data acreditam que as vendas deste ano devem ser superiores às de 2021, aponta pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio-MG).
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“Isso chama a atenção, levando em consideração o atual cenário econômico, de inflação crescente. No entanto, não podemos esquecer do valor afetivo da data, que é por sinal o principal motivo apontado pelos empresários para que as vendas sejam melhores. Há também o abrandamento da pandemia, que tem feito com que os consumidores voltem a ter confiança em frequentar o comércio de rua, além do otimismo, que é uma característica marcante dos empresários do comércio mineiro”, observa a economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins.
A pesquisa “Expectativas do Comércio Varejista – Dia dos Namorados 2022”, feita pela federação, foi realizada entre os dias 9 e 17 de maio com 403 empresas de Minas Gerais, e, de acordo com a economista, permite ao empresário se estruturar para aproveitar melhor as oportunidades geradas pela data, que fecha o calendário promocional do primeiro semestre.
Segundo o levantamento, o Dia dos Namorados gera impacto para 47,1% das empresas do comércio varejista do Estado. Os segmentos que mais devem vender são os de Tecidos, Vestuário e Calçados; Joias, Ótica, Artigos recreativos e esportivos e Eletroeletrônicos; Livros, jornais, revistas e papelaria; e Produtos farmacêuticos e Perfumaria.
As expectativas maiores estão no segmento de tecidos, vestuário e calçados – 70,2% dos empresários que atuam na área esperam um aumento das vendas no período. Para este otimismo, concorrem o valor afetivo da data, citado por 42,8% dos entrevistados, e o abrandamento da pandemia, fator apontado por 30,9% dos empresários ouvidos. Por outro lado, entre os 30% de empresários pessimistas, 45,5% apontam a crise econômica como entrave para vendas melhores que as do ano passado.
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A grande maioria das lojas que têm boas expectativas para a data está preparada para as vendas – 78,4% já receberam todas as encomendas. No entanto, a maioria dos consumidores deixa as compras para a última hora, principalmente quem deseja economizar aproveitando as promoções. Segundo a pesquisa, apenas 4,2% dos consumidores devem comprar com antecedência.
A pesquisa aponta que, para atrair o consumidor e garantir bons resultados, 46,8% dos empresários pretendem investir em estratégias para ampliar as vendas. “Eles apostarão principalmente em propagandas, promoções e liquidações, diversidade do mix de produtos e atendimento diferenciado. Estas estratégias são de suma importância para alavancar as vendas e fidelizar potenciais clientes”, destaca Gabriela Martins
Tais medidas, que representam uma oportunidade de encontrar produtos com preços mais baixos, devem ser tomadas no momento mais favorável para as vendas. O que, segundo 91,1% dos empresários, será nos dias mais próximos à data. O tíquete médio esperado para este ano é de R$ 70,00 até R$ 200,00, mesmo valor obtido na pesquisa de 2021.
Vendas maiores
A Betina Modas é uma das mais tradicionais lojas de roupas femininas de Belo Horizonte. Há mais de 55 anos no mercado, é do tempo em que tais estabelecimentos eram chamados de boutiques e ditavam a moda na Capital. Andrea Farah é da terceira geração de proprietários da empresa, que tem hoje duas unidades, uma na Savassi e outra no Centro.
Ambas lojas de rua, elas já estão com suas vitrines adesivadas para o Dia dos Namorados, mas esta não é a única estratégia que Andrea está utilizando para chamar a clientela. A principal, diz a empresária, é reafirmar junto a seus clientes tradicionais a qualidade das roupas que oferece – agora em plataformas mais modernas. “Nós mostramos as novidades no Whatsapp, no Facebook e Instagram, mas muitos maridos de clientes ainda procuram a gente para escolher um presente”, conta Andrea Farah.
Agora que o tempo esfriou, a empresária reforçou o estoque com muitas peças de tricô, além de casacos e blusas de inverno. Ela acredita que o movimento deste ano vai ser maior que o do ano passado, quando a retomada começava a acontecer e encontrou um consumidor mais cauteloso. “Não sei se o movimento vai voltar a ser o de antes da pandemia, mas a gente sempre espera que o cenário melhore”, revela.
E se na Betina os maridos procuram presentes para suas mulheres; na Let’s Sports, de Letícia Novais, são as namoradas e esposas – ou namorados e esposos – que compram lembranças para seus maridos. “O contrário até acontece, mas só quando a namorada é muito fitness”, observa a empresária, que vende roupas e artigos esportivos há dez anos na avenida Silva Lobo.O Dia dos Namorados não chega a ser “um segundo Natal” para sua loja – bom mesmo é o Dia dos Pais -, mas não deixa de ser importante. O tíquete médio, que normalmente gira em torno de R$ 120 na Let’s Sports, chega a R$ 190 no período que antecede o dia dos apaixonados. “O valor das vendas é maior”, aponta Letícia.