Credores recusam plano da Samarco

19 de abril de 2022 às 0h29

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Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

As negociações sobre o plano de reperfilamento da dívida da Samarco ganharam um novo capítulo ontem, quando credores de classe III da empresa recusaram as condições apresentadas pela mineradora para o pagamento dos valores devidos.

A negativa, no entanto, não representa impactos à operação da empresa, sendo que a expectativa, agora, é que um novo plano seja apresentado pelos credores em um prazo de até 30 dias, conforme prevê a legislação nos casos de recuperação judicial. 

Conforme divulgou a agência de notícias Reuters, o grupo de credores responsável pela rejeição da proposta é hoje responsável por 99,3% dos créditos quirografários, ou seja, aqueles em que não há garantia de bens reais, mas da promessa de pagamento. O grupo pretende, ainda de acordo com a agência, que a Samarco assuma metas mais altas para a recuperação da empresa

Em face da rejeição da proposta de reestruturação da dívida, a Samarco afirmou, por meio de nota, que está preparada para tomar as medidas judiciais cabíveis para proteger suas operações. A empresa acrescentou que realizou, ao longo do processo de negociação junto aos credores, diversas mudanças nas versões do plano de reestruturação da dívida de junho e dezembro de 2021, além de fevereiro, março e abril de 2022. 

Diante do insucesso nas tratativas, a Samarco também ressaltou, por meio de nota, que sua proposta mais atual para o reperfilamento de uma dívida de mais de R$ 50 bilhões entre credores, acionistas e micro e pequenas empresas e colaboradores – e rejeitada ontem – melhora substancialmente a recuperação dos créditos dos fundos internacionais e garante o tratamento igualitário dos mesmos, ainda que eles não tenham dado suporte à companhia como fez as controladoras Vale e BHP Brasil. 

“A dívida adquirida pelos fundos não possui qualquer tipo de garantia, seja provida pela Samarco ou pelos acionistas e, ainda assim, a Samarco propõe pagá-la da melhor forma possível dentro da sua realidade”, afirmou a mineradora. 

Ainda em nota, a empresa apontou que espera, ainda, que os credores avaliem não apenas retornos financeiros que não condizem com a realidade da Samarco neste momento, mas o interesse de todos os envolvidos na recuperação judicial. Vale lembrar que a Samarco tem um compromisso frente às ações de reparação das quais a mineradora é responsável desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015.

Recuperação 

A Samarco entrou com pedido de recuperação judicial em 9 de abril de 2021 com o objetivo de dar continuidade às suas atividades ao mesmo tempo em que negocia sua dívida da ordem de R$ 50 bilhões. Desse total, mais de R$ 26 bilhões devem ser pagos aos credores que, em sua maioria, são formados por fundos estrangeiros. 

No início de fevereiro deste ano, a Samarco anunciou que a empresa deverá retomar sua capacidade total de produção em 2028. Para alcançar esse patamar, a empresa e a Vale pactuaram, à época, a transferência de áreas para exploração, de modo que a Samarco pudesse acelerar suas entregas e produção. 

Confira a nota da Samarco na íntegra 

“A Samarco informa que, como parte do processo de Recuperação Judicial, o plano apresentado pela empresa foi submetido, nesta segunda-feira (18/4), à votação na Assembleia Geral de Credores (AGC). O plano foi aprovado por todas as classes, exceto pela classe III, da qual os credores financeiros detêm maioria dos créditos, resultando na reprovação do plano. De acordo com a legislação, qualquer credor poderá apresentar proposta de plano alternativo no prazo de 30 dias, a ser votado em Assembleia em data a ser definida.

A empresa ressalta que está preparada para tomar as medidas judiciais cabíveis para proteger suas operações. E a companhia reitera que sempre pautou sua condução de forma transparente e diligente ao longo do processo, considerando a sua sustentabilidade financeira e compromissos com a sua função social e ações de reparação.

Ao longo do processo de negociação, a Samarco realizou melhorias significativas frente às versões apresentadas em junho e dezembro de 2021 e em fevereiro, março e abril de 2022. Em todo o momento, a empresa se manteve aberta ao diálogo e diligente no atendimento às demandas de seus credores financeiros, tendo respondido todas as perguntas, com a inclusão de documentos em um ambiente virtual disponível aos assessores dos credores. A Samarco também promoveu diversas reuniões entre seus executivos e respectivas equipes técnicas com os assessores dos credores, nas quais o plano de negócios da empresa foi detalhado e as dúvidas dos credores sanadas.

A partir das melhorias, a Samarco apresentou aos fundos internacionais uma proposta que atende as solicitações apresentadas, especialmente as relacionadas (i) a substituição da proposta de equity (participação societária) pela emissão de novos títulos de dívida e (ii) a proposta de um mecanismo que limita os aportes à Fundação Renova realizados pela Samarco, gerando maior previsibilidade com relação à situação financeira da Samarco no futuro, bem como com o comprometimento dos acionistas em realizar os aportes em caso de ausência de disponibilidade de caixa ou alcance do limite acordado.

Importante reforçar que a proposta mais atual da Samarco melhora substancialmente a recuperação dos créditos desses fundos internacionais e garante o tratamento igualitário a eles, que não forneceram nenhum tipo de suporte para a retomada das operações da empresa e para as ações de reparação, e aos acionistas Vale e BHP Brasil, que forneceram todo o suporte necessário. A dívida adquirida pelos fundos não possui qualquer tipo de garantia, seja provida pela Samarco ou pelos acionistas e, ainda assim, a Samarco propõe pagá-la da melhor forma possível dentro da sua realidade.

A Samarco espera que os credores financeiros consigam avaliar os interesses de todos os envolvidos e não sigam apenas em busca de melhores retornos financeiros que não condizem com a atual realidade da empresa.”

Cotação do minério de ferro sobe na China

São Paulo – Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura subiram ontem, revertendo as perdas do início da sessão, uma vez que as esperanças de estímulo adicional para a economia da China ofuscaram as preocupações com o risco de uma desaceleração acentuada devido aos lockdowns da Covid-19.

A atividade econômica na China, maior produtora de aço, desacelerou em março, com a fraqueza no consumo, mercado imobiliário e exportações se sobrepondo ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre.

Mas é provável que a economia permaneça em trajetória de recuperação este ano e Pequim intensificará a implementação de políticas para estabilizar as perspectivas, disse um porta-voz do departamento de estatísticas do país.

O contrato de minério de ferro mais negociado, para entrega em setembro, na bolsa de commodities de Dalian encerrou as negociações diurnas com alta de 0,9%, a 922 iuanes (US$ 144,69) a tonelada.

As restrições da Covid-19 reduziram a produção de aço bruto da China, já limitada por restrições ambientais, com a produção de março caindo mais de 6% em relação ao ano anterior.

O vergalhão de aço para construção na Bolsa de Futuros de Xangai subiu 0,5%, enquanto a bobina laminada a quente terminou praticamente estável. O aço inoxidável caiu 1,8%.

O carvão metalúrgico de Dalian caiu 0,1%, mas o coque subiu 1,3%. (Reuters)

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