A produção e o emprego da indústria mineira apresentaram resultados inexpressivos no mês de maio, revelando a desconfiança do setor empresarial em relação à economia do País. Os dados são da Sondagem Industrial de Minas Gerais, divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
De acordo com o levantamento, a produção industrial permaneceu perto da estabilidade e o indicador de evolução da produção teve queda de 1,8 ponto na comparação com abril (51,4 pontos), registrando 49,6 pontos em maio. O índice ficou 11,7 pontos acima do apurado em maio de 2018 (37,9 pontos), quando foi impactado negativamente pela greve dos caminhoneiros.
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O emprego também se manteve relativamente estável, com pequeno crescimento em relação ao mês anterior. O indicador de evolução do número de empregados registrou 49,4 pontos em maio deste ano, frente aos 49 pontos de abril. Apesar de pouco expressivo, o índice foi o melhor para o mês de maio nos últimos seis anos.
A economista da Fiemg Daniela Muniz explica que os indicadores próximos da linha divisória dos 50 pontos, que define a fronteira entre recuo e elevação, são reflexos do cenário econômico atual.
“A economia está em compasso de espera, com um elevado nível de incerteza sobre o futuro. O mercado de trabalho ruim, o nível de investimentos baixo e a grande ociosidade na economia colaboram para resultados fracos”, afirma.
“A economia está em compasso de espera, com um elevado nível de incerteza sobre o futuro. O mercado de trabalho ruim, o nível de investimentos baixo e a grande ociosidade na economia colaboram para resultados fracos”, afirma.
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Também relacionado às condições da economia do País, a indústria de Minas seguiu com ociosidade em maio. O índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual registrou 43,3 pontos em maio. Apesar do avanço de 2,5 pontos na comparação com abril (40,8 pontos), o indicador permaneceu abaixo de 50 pontos.
Mesmo com a produção estável, houve crescimento dos estoques de produtos finais das indústrias em maio na marca dos 52,6 pontos. Com o resultado, as empresas encerraram o período com acúmulo indesejado de estoques pelo quarto mês consecutivo, indicando vendas abaixo do esperado.
Expectativas – Os índices de expectativa da Sondagem Industrial de Minas Gerais apontam que as indústrias estão menos otimistas com relação à demanda e ao emprego para os próximos seis meses. Apesar de estar acima dos 50 pontos, o indicador de expectativa de demanda, o índice de compra de matéria-prima, que está estreitamente ligado à demanda, bem como o indicador do número de empregados, recuaram em relação ao mês anterior.
A expectativa de demanda retraiu pelo terceiro mês seguido e marcou 58,3 pontos em junho, uma queda de 1,2 ponto frente a maio (59,5 pontos). O indicador aumentou 3,4 pontos ante junho de 2018 (54,9 pontos) e foi o maior para o mês em seis anos.
O índice de expectativa das compras de matérias-primas teve a quarta queda consecutiva, registrando 55,6 pontos em junho, um recuo de 0,4 ponto na comparação com maio (56,0 pontos). Em contrapartida, foi 3,1 pontos superior ao apurado em junho do ano passado (52,5 pontos) e o melhor para o mês em sete anos.
Pela segunda vez consecutiva, o indicador de expectativa do número de empregados para os próximos seis meses caiu, registrando 51,6 pontos em junho. O índice avançou 2,1 pontos frente a junho de 2018 (49,5 pontos) e foi o mais elevado para o mês em oito anos.
Investimentos – O índice de intenção de investimento também apresentou queda. Após pequena alta de 0,8 ponto em maio, o indicador voltou a recuar em junho, registrando 50,7 pontos. A intenção de investimento caiu 3 pontos em relação a maio (53,7 pontos) e 1,9 ponto frente a junho de 2018 (52,6 pontos).
Esses resultados também são associados por Daniela Muniz ao fraco desempenho da atividade econômica no Brasil. Para a economista, as incertezas quanto às soluções para os problemas que travam o desenvolvimento do País durante o primeiro semestre do ano fazem com que os agentes econômicos tenham dificuldade de enxergar o rumo que a economia brasileira vai tomar.
“Os recuos consecutivos dos indicadores de expectativa mostram claramente que, a cada mês, os empresários estão ficando menos otimistas. Os índices continuam acima dos 50 pontos, o que mostra que a indústria ainda espera crescimento, no entanto, houve um arrefecimento do otimismo”, explica.
No País, ociosidade em setor permanece elevada
Brasília – A produção industrial e o nível de utilização da capacidade instalada aumentaram em maio. No entanto, apesar desses aumentos, a ociosidade na indústria se mantém elevada e o número de empregados caiu na comparação com abril. A constatação é da Sondagem Industrial, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o levantamento, a produção subiu para 50,9 pontos em maio, valor acima dos 41,6 pontos registrados no mesmo mês de 2018 – e abaixo dos 53,8 pontos registrados em maio de 2017. Segundo a CNI, o nível de utilização da capacidade instalada aumentou em 1 ponto percentual, passando de 66% em abril para 67% em maio.
O número de empregados no setor industrial caiu 0,3 ponto na comparação com abril, registrando 48,5 pontos. Os indicadores variam de zero a 100 pontos. Quando acima de 50, indicam aumento da produção e do emprego, informa a CNI.
Segundo o economista da CNI Marcelo Azevedo, a indústria continua acumulando estoques. Ele explica que o índice de evolução do nível de estoques efetivo em relação ao planejado vem crescendo desde fevereiro para, em maio, chegar a 51,6 pontos – o maior desde outubro de 2015, desconsiderando o registrado em maio de 2018, quando os estoques aumentaram por causa da greve dos caminhoneiros. Quando acima dos 50 pontos, esse índice mostra que a indústria está acumulando estoques indesejados.
“Há um longo caminho a percorrer para a recuperação plena da atividade industrial. Mesmo com o aumento da produção e da utilização da capacidade instalada, a ociosidade na indústria continua elevada quando comparada com outros períodos de maior atividade”, avalia o economista.
Perspectivas – O levantamento da CNI indica expectativas positivas por parte do empresariado. Com relação às expectativas envolvendo a demanda, o indicador registrou 57,3 pontos em junho. O de compras de matérias-primas ficou em 54,6 pontos; e o relativo à expectativa quanto ao número de empregados ficou em 50,8 pontos. O indicador que mede a expectativa de quantidade a ser exportada também ficou acima dos 50 pontos – mais precisamente, 52,6 pontos.
Segundo a CNI, isso mostra que os empresários esperam aumento da demanda, da compra de matérias-primas, do emprego e das exportações nos próximos seis meses.
O indicador “intenção de investimentos” apresentou uma “pequena queda”, de 0,2 ponto, caindo para 52,3 pontos em junho. Segundo a CNI, é a quarta retração seguida deste índice, que já acumula queda de 4,3 pontos desde fevereiro.
“Mesmo assim, a intenção para investir está 3,3 pontos acima da média histórica”, acrescenta a CNI. Em uma escala de zero a 100, quanto maior o indicador, maior é a propensão dos empresários para investir. (ABr)