As aplicações do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em Minas chegaram a R$ 1,5 bilhão no primeiro semestre deste ano, superando em 68% o total contratado em iguais meses de 2018, quando o valor foi de R$ 897,1 milhões. No Estado, o BNB atua no Norte, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri.
O percentual de crescimento em Minas ficou acima do registrado no geral: ao todo – levando-se em consideração o Nordeste do País, áreas atendidas em Minas e no Espírito Santo –, nos primeiros seis meses deste ano, o BNB aplicou R$ 18,8 bilhões, com alta de 9% em relação ao mesmo período de 2018, quando a instituição havia contratado R$ 17,4 bilhões.
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Superintendente do Banco do Nordeste para os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, João Nilton Castro Martins atribui o resultado positivo no Estado a dois fatores principais. Um deles é o bom desempenho de atividades que vêm se desenvolvendo no Norte de Minas, como o setor de energia fotovoltaica e de fármacos. Além disso, segundo ele, é possível perceber que há uma expectativa positiva quanto à recuperação da economia.
Reflexo desse otimismo, segundo João Nilton, é a demanda de crédito para o longo prazo, com os empresários investindo mais na melhoria da estrutura de parques industriais. Por outro lado, há mais cautela com empréstimos para capital de giro. Isso indica, de acordo com ele, que as empresas estão se preparando para uma retomada da economia no médio prazo, mas no curto prazo é esperado apenas um crescimento orgânico dos negócios.
“Vemos mais cautela nos empréstimos de curto prazo, para fazer a empresa rodar”, informa.
Entre os investimentos do BNB, a maior parte – com cerca de 50% – foi para a pecuária. De acordo com José Nilton o recurso foi destinado para recomposição do rebanho, que sofreu forte baixa devido a seis anos de estiagem, interrompidos em 2018. Nesse período, segundo ele, o número de cabeças de gado passou de 3,5 milhões para 1 milhão.
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Em segundo lugar aparecem pequenas e médias empresas, com destaque para os setores de energia e fármacos. O Norte de Minas vem passando por um processo de grandes investimentos em energia solar. Empresas de qualquer região do Estado participam de grupos de investimentos para criar usinas fotovoltaicas no Norte de Minas – que reúne condições climáticas ideais para a atividade – e fazem a compensação, com utilização da rede de distribuição da Cemig, na área onde a planta está instalada. O foco é principalmente na redução dos custos com contas de energia.
Para o segundo semestre, a expectativa é de consolidação de novas negociações já iniciadas, com a realização de novos aportes no valor aproximado de R$ 1,5 bilhão. Dessa forma, a estimativa é que os empréstimos do BNB em Minas cheguem a R$ 3 bilhões em 2019, com alta de 9% em relação a 2018, quando os aportes atingiram R$ 2, 75 bilhões.
Operações – Em Minas, no primeiro semestre de 2019, foram contratadas junto ao BNB 122 mil operações. Somente com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), as aplicações somaram R$ 1,2 bilhão, envolvendo mais de 23 mil operações.
Com o segmento de micro e pequenas empresas, o banco concluiu o semestre de 2019 tendo contratado de R$ 84,9 milhões, com alta de 53,1% frente ao mesmo período de 2018. No total, foram contratadas mais de 1,1 mil operações de crédito com MPEs no Estado. Quanto ao microcrédito, as aplicações foram de R$ 215,4 milhões, com incremento de 6,5%.
Debate – Ontem, o BNB foi tema de audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Segundo informações da assessoria de imprensa da ALMG, durante o encontro, a Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) enumerou uma série de propostas em discussão no Congresso Nacional que inviabilizariam o banco. Uma delas visa remanejar recursos do FNE.