Desemprego atinge menor nível no Estado desde 2014

No 2º trimestre deste ano, taxa caiu mais de 2 pontos percentuais e foi a 7,2%

13 de agosto de 2022 às 0h30

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Atualmente, a população ocupada em todo o Estado de Minas Gerais é calculada em 10,61 milhões de pessoas | Foto: Pedro Ventura/Agência Brasília.

A taxa de desocupação em Minas Gerais chegou a 7,2% no segundo trimestre de 2022 – é a menor desde o último trimestre de 2014, quando atingiu 6,3%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada na sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 

O índice vem diminuindo desde o terceiro trimestre do ano passado, quando estava em 10,7%. A taxa recuou para 9,4% no quarto trimestre, estabilizou em 9,3% nos primeiros três meses deste ano e, agora, caiu mais de dois pontos percentuais. Em relação ao segundo trimestre de 2021, quando a taxa de desocupação foi de 12,6%, observou-se uma redução de 5,4 pontos.

Com esses resultados, a taxa de desocupação em Minas Gerais permanece abaixo da taxa estimada para o Brasil, que foi de 9,3%, a mais baixa desde o quarto trimestre de 2015 (9,1%). O índice nacional é 1,8 ponto percentual menor que o do primeiro trimestre deste ano e teve queda de 4,9 pontos frente ao segundo trimestre de 2021. É também a mais baixa desde o quarto trimestre de 2015, quando registrou 9,1%.

O emprego voltou, mas o rendimento médio caiu. “As pessoas estão conseguindo emprego, mas por um salário menor. As ocupações que estão surgindo são de pior qualidade, no sentido que pagam menos”, destaca o analista do IBGE, Alexandre Veloso.

Segundo o IBGE, o rendimento médio real foi de R$ 2.335,00 em Minas Gerais no segundo trimestre de 2022, sem variação significativa em relação ao trimestre anterior, quando o valor era de R$ 2.309,00. No entanto, ele era de R$ 2.431,00 no mesmo período de 2021, ou seja, houve uma queda de 3,9% – o equivalente a quase R$ 100 – no valor do rendimento médio do trabalhador mineiro.

A população ocupada em Minas Gerais, estimada em 10,61 milhões de pessoas, é composta por 69,2% de empregados (incluindo empregados do setor público e trabalhadores domésticos), 4,6% de empregadores, 24,5% de pessoas que trabalham por conta própria e 1,7% de trabalhadores familiares auxiliares.

No setor privado do Estado, com exceção dos trabalhadores domésticos, 75,1% dos empregados têm carteira de trabalho assinada. A taxa de informalidade no segundo trimestre de 2022 ficou em 38,7% da população ocupada no Estado, um pouco abaixo da taxa estimada para o Brasil (40%). “É uma média histórica, que se mantém em um patamar alto desde 2012. Vinha em queda, mas se estabilizou. Temos que ver os dados do terceiro trimestre, pra ver se é uma tendência”, informou Veloso.

Grupos

Analisando o número de pessoas ocupadas por grupamentos de atividade econômica, a pesquisa registrou um aumento de 7% do total de ocupados nas atividades de Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura e de 3,9% no setor da Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais.

 O setor com maior número de ocupados foi o de Comércio, que inclui também a reparação de veículos automotores e motocicletas (17,4% dos ocupados), seguido pelo de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, com 16,1%.

A Indústria tem 14,3% dos trabalhadores, Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, 12,8%, Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, 10%, Construção 8,3% e Serviços domésticos, 6,7%. Outros serviços respondem por 5,1% da população ocupada, enquanto Alojamento e alimentação ocupam 4,8% e Transporte, armazenagem e correio, 4,5%.

“Em Minas, há um equilíbrio na distribuição da população ocupada nos diversos setores, todos em torno de 10%. Não há um setor econômico que se destaque mais do que os outros”, observa o analista do IBGE.  

Dentre as grandes regiões do Brasil, a maior taxa de ocupação ocorreu na região Nordeste (12,7%) e a menor na Região Sul (5,6%), o que mostra um grande desequilíbrio regional na distribuição da oferta de emprego.

Força de trabalho

No segundo trimestre, a força de trabalho em Minas Gerais era composta por aproximadamente 11,44 milhões de pessoas, o que representa aumento de 0,3% em relação ao trimestre anterior e 3,6% frente ao segundo trimestre de 2021.

Do total de pessoas na força de trabalho, 10,61 milhões estavam ocupadas (60,4%) e 828 mil desocupadas. Assim, em relação ao primeiro trimestre, houve variação positiva de 2,6% da população ocupada (271 mil pessoas) e diminuição de 22,0% da população desocupada (234 mil pessoas a menos).

Em relação ao segundo trimestre de 2021, o total de pessoas ocupadas apresentou aumento de 10,0% no Estado (acréscimo de 967 mil pessoas), ao passo que o total de desocupados diminuiu 40,6% (565 mil pessoas a menos).

Outra importante medida é a da população desalentada, um subgrupo da força de trabalho potencial. Em Minas Gerais, o contingente de desalentados foi estimado em 277 mil pessoas de 14 anos ou mais de idade no segundo trimestre de 2022, o equivalente a 2,4% da força de trabalho.

“O desalentado não entra na conta do desemprego porque não procurou emprego, desistiu”, explica o economista Paulo Bretas. Segundo ele, o desemprego vem caindo graças ao retorno das atividades econômicas com a melhoria dos indicadores da pandemia.

De acordo com Bretas, a informalidade se mantém em patamar alto, mas há uma recuperação do número de trabalhadores com carteira assinada. “Quem puxa esse aumento são as atividades de serviços, na maioria dos casos. O trabalho vem se precarizando e prova disso é a queda continuada dos rendimentos médios, a falta de aumento real do salário mínimo e o grande número de trabalhadores que trabalham menos horas do que gostariam”, acrescenta.

Ele observa que, desde 2021, as atividades econômicas têm sido retomadas em efeito sanfona (“tem meses que melhora e tem meses que piora”), dependendo da quantidade de renda disponível para os gastos, do endividamento das famílias e da inflação.

“Quanto mais dinheiro o governo despeja na mão dos mais pobres, mais haverá consumo de bens e serviços produzindo um impacto positivo nas taxas de emprego formal e informal. Quando os estímulos acabarem, se a economia não seguir crescendo e se a inflação não for controlada de verdade, vamos voltar a ter desemprego. É o famoso voo de galinha”, conclui.

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