EUA quer 80% de cota de importação livre de tarifa

19 de abril de 2019 às 0h02

São Paulo – A US Wheat Associates, grupo que representa a indústria de trigo dos Estados Unidos (EUA), busca ficar com 80% da cota de importação de trigo livre de tarifa de 750 mil toneladas do Brasil, disse Vince Peterson, presidente do grupo.

Peterson lidera uma delegação de produtores e comerciantes de trigo dos EUA que visitam moinhos brasileiros de trigo e processadores de alimentos esta semana para avaliar o potencial de vendas para os próximos meses, quando a cota livre de tarifas para compras de fora do Mercosul for implementada.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou a cota livre de tarifas durante sua visita a Washington no mês passado. Ela também se aplica a outros fornecedores, como a Rússia.

Atualmente, qualquer venda de trigo dos EUA para o Brasil, um dos maiores importadores mundiais do cereal, está sujeita a uma tarifa de importação de 10%, enquanto as vendas argentinas entram sem impostos, uma vez que o País integra o Mercosul.

“Isso faz a diferença. Dez por cento em uma commodity de US$ 250 por tonelada é um diferencial bastante significativo para os compradores”, destacou Peterson à Reuters.

Os Estados Unidos são fornecedores de trigo ao Brasil de longa data. Costumavam vender quantidades muito grandes nos anos 60 e 70.

Naquela época, lembrou Peterson, o país sul-americano comprava tanto trigo duro (HRW, vermelho duro de inverno) que o produto era conhecido no mercado como “Brazil spec”.

Com a crescente produção da Argentina, associada à vantagem do Mercosul, o país vizinho ficou com o maior mercado.

Atualmente, os EUA fornecem cerca de 300 mil a 400 mil toneladas em um ano normal. Isso pode aumentar muito se a safra brasileira ou argentina tiver problemas.

O Brasil importa cerca de 6 milhões de toneladas de trigo por ano, aproximadamente metade do seu consumo. Apesar de ser uma potência agrícola, o País carece de áreas suficientes com o clima temperado ideal para o cultivo de trigo.

Vantagem – Peterson espera competição por essa cota livre de tarifas, particularmente da Rússia, que expandiu sua presença no mercado global de trigo nos últimos anos com o aumento da produção e os preços relativamente baixos.

Ele acha que o produto dos EUA, no entanto, tem vantagens tanto em logística quanto em qualidade.

“Os moinhos brasileiros estão acostumados com o nosso produto, sabem muito bem como trabalhar com suas especificações”, afirmou.

O Ministério da Economia do Brasil está finalizando a regulamentação sobre a cota. A Abitrigo, uma associação local de moinhos de trigo, espera que ela possa ser implementada em breve para que os processadores brasileiros possam ter mais opções no mercado. (Reuters)

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