Faturamento da indústria mineira cresce pelo 4º mês consecutivo

7 de outubro de 2020 às 0h20

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Crédito: Leo Lara

Embora a pandemia de Covid-19 ainda mostre os seus reflexos no acumulado do ano do setor industrial mineiro, já se vê avanços no segmento. Em agosto, o faturamento da área apresentou um incremento de 7,9% em relação a julho. Trata-se, aliás, do quarto crescimento consecutivo desde o início da crise na saúde. No entanto, de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de 2019, os números ainda são negativos, revelando uma queda de 4%. A retração nos últimos 12 meses, por sua vez, foi de 4,1%.

Os dados são da Pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Os resultados do estudo mostram ainda que na comparação entre agosto deste ano com igual período de 2019, o avanço do faturamento da indústria foi de 6,7%.

De acordo com a analista de estudos econômicos da entidade, Júlia Silper, o resultado positivo está relacionado ao momento que se vive atualmente, com as medidas de distanciamento menos intensas do que no período inicial da pandemia. “Ele reflete a abertura gradual que está havendo em Belo Horizonte, no Estado e no Brasil, com a flexibilização do isolamento social”, ressalta.

Além disso, afirma ela, havia uma demanda reprimida. Muitas pessoas e grandes clientes da indústria podem ter postergado suas compras e pedidos, refletindo no avanço em agosto em relação a igual período do ano passado.

“No entanto, é preciso ter cuidado, já que no acumulado de janeiro a agosto os dados ainda são fracos, mostrando que a indústria não conseguiu se recuperar dos efeitos da pandemia”, diz ela.

Conforme frisa a própria Fiemg, os efeitos da crise provocada pelo novo coronavírus são irregulares entre os setores industriais do Estado. Aqueles que trabalham com exportações têm sido beneficiados com a desvalorização do real. Outros, porém, como o automotivo, têm presenciado retrações significativas tanto no faturamento quanto na produção.

Mais dados – A pesquisa da entidade também revela que a utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria mineira apresentou um crescimento de 2,3 pontos percentuais (p.p.), passando de 77,7% em julho para 80% em agosto. Embora tenha sido verificado incremento, a UCI permaneceu inferior ao da média histórica (82,6%). No acumulado do ano, a UCI é de 77,2% e no acumulado de 2019 de 79,8%.

Já as horas trabalhadas na produção tiveram um recuo em agosto em relação a julho, de 1%. Na comparação com igual período do ano passado, a retração chegou a 5,3%. No acumulado do ano, atingiu -6% e, no acumulado dos últimos 12 meses, -3,5%.

A massa salarial do setor, por sua vez, avançou 1,3% em agosto em relação a julho, mas, na comparação com agosto do ano passado, apresentou um recuo de 0,8%. Já no acumulado do ano, em relação ao mesmo período de 2019, não houve variação. Porém, no acumulado dos últimos 12 meses, houve um incremento de 1,4%.

O rendimento médio mensal de agosto em relação a julho teve uma variação positiva de 0,1%, ficando praticamente estável. Já na comparação com agosto do ano passado, o crescimento foi de 2,1%. No acumulado do ano e no acumulado dos últimos 12 meses foram registradas quedas, de 0,8% e de 0,5%, respectivamente. 

Emprego – Mais um dos destaques positivos verificados na pesquisa, de acordo com Júlia Silper, foi o emprego, que apresentou um crescimento de 0,6% em agosto frente a julho. De janeiro a agosto, em relação a igual período de 2019, o incremento foi de 0,7% e de 1,8% nos últimos 12 meses. Entretanto, na comparação entre agosto deste ano com agosto de 2019, houve queda de 2,9%.

“O emprego foi um destaque positivo. Ainda que tenha crescido timidamente em agosto, no acumulado do ano ele é positivo. Mesmo que seja um avanço pequeno, é uma notícia relevante. Lembrando que houve as medidas de proteção ao emprego, impedindo até que ele caísse bruscamente”, analisa Júlia Silper.

Período ainda é de incertezas

Por mais que a indústria mineira tenha mostrado certos avanços em agosto na comparação com o mês de julho e crescimento consecutivo no faturamento, o panorama ainda tem um alto grau de incerteza, de acordo com a analista de estudos econômicos da Fiemg, Júlia Silper.

Essas incertezas estão relacionadas a vários fatores, segundo ela. Primeiramente, tem a própria questão do novo coronavírus e o fato de ainda não se saber se haverá outras ondas de contaminação mais intensas, como ocorreu ou tem ocorrido em outros países.

Além disso, lembra ela, não se sabe quando a vacina contra a Covid-19 ficará pronta e nem quando ela será disponibilizada para a população.

O mercado de trabalho é mais uma preocupação em todo esse cenário, dado um futuro sem as medidas governamentais disponibilizadas pelo governo para combater os efeitos da crise. “Não se sabe, por exemplo, se haverá demissões”, pontua a analista de estudos econômicos da Fiemg.

A redução e o fim do auxílio emergencial também podem contribuir para que o cenário se modifique.

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