Faturamento da indústria recua 7,2% no Estado
7 de junho de 2019 às 0h04
Os resultados da indústria em Minas, em abril, indicam apatia e fraqueza da atividade, com o faturamento real do setor registrando queda de 7,2% na relação com igual mês do ano passado. A retração foi puxada principalmente pela indústria extrativa, que mostrou redução de 53,4% no faturamento, na mesma base comparativa. Na indústria de transformação, a queda foi de 1,8%.
Os dados são da Pesquisa Indicadores Econômicos (Index), divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Nesse cenário, a melhora da indústria aguardada para este ano não deve ocorrer, sendo adiada para 2020.
“A atividade industrial provavelmente não vai mostrar resultado expressivo este ano”, informou a analista de estudos econômicos da Fiemg, Júlia Silper.
De acordo com o Index, os resultados do faturamento da indústria geral foram negativos em todas as bases comparativas: na passagem de março para abril, houve queda de 2,5%, o pior resultado para o mês em quatro anos. No acumulado de 2019, a retração foi de 5,8% e, no acumulado de 12 meses, houve redução de 0,2%.
Altos índices de desemprego, incerteza quanto às reformas, crise de confiança dos empresários e a redução da atividade da mineração em Minas, ocorrida após a tragédia da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, são os fatores que impactam nos resultados.
“Em 2018, a economia já estava ruim, mas em 2019 os números pioraram, o que se reflete na apatia da atividade industrial. O fato é que os empresários adiam decisões de investimento por causa da incerteza que paira sobre economia. As taxas de desemprego estão elevadas, enquanto o mercado consumidor está desacelerado. Há um baixo dinamismo da economia. Todos estão esperando para ver o que vai acontecer nos próximos meses. Ninguém tem coragem de investir sem ter cartas na mesa”, diz a analista. Ela cita ainda as revisões para baixo do PIB, que é um termômetro para o setor.
Capacidade – De acordo com o Index, a utilização da capacidade instalada da indústria geral – incluindo transformação e extrativa – ficou em 80,6% em abril, com resultado melhor que abril de 2018, quando o índice era de 79,4%, e de março deste ano (78,4%). No acumulado de 2019 ficou em 79,1%, enquanto em igual período do ano passado o índice era de 79,6%.
O número de horas trabalhadas na produção da indústria geral teve uma redução de 2,7% na comparação abril 2019/abril 2018. No acumulado do ano, a queda foi de 4,5% e, no de 12 meses, a redução foi de 3,4%. Na passagem de março para abril houve melhora de 3,9%. Segundo a Fiemg, isso pode ter ocorrido devido ao efeito calendário, já que este ano o carnaval caiu em março. Com isso, a base comparativa foi depreciada.
Já o índice de emprego caiu 0,3% na comparação abril 2019/abril 2018. No acumulado de 2019, houve queda de 0,1%. Em 12 meses, houve ligeira alta de 0,2%. Também ocorreu pequena alta, de 0,3%, na passagem de março para abril.
A massa salarial caiu em todas as bases comparativas, sendo a mais acentuada na relação abril 2019/abril 2018, que teve redução de 4,9%. No acumulado de 2019 houve queda de 3%. Em 12 meses, a retração foi de 1,5% e, na passagem de março para abril, houve redução de 1,1%.
O rendimento médio real também cai em todos os comparativos. Em abril deste ano, no comparativo com igual mês do ano passado, a queda foi de 4,6%. No acumulado de 2019, a redução foi de 2,9%. Em 12 meses, houve recuo de 1,7%. Já na comparação mensal – abril 2019/março 2019 – a redução foi de 1%.
Mineração – Na indústria extrativa mineral, em abril deste ano, na relação com igual mês do ano passado, o faturamento real caiu 53,4%. A utilização da capacidade instalada teve retração de 20%, enquanto o número de horas trabalhadas na produção caiu 38,9%. A massa salarial e o rendimento médio real tiveram retração, respectivamente, de 8,3% e 8,7%. O número de empregos teve ligeira alta de 0,5%. Segundo a analista, nem sempre o impacto da redução da atividade impacta rapidamente os empregos, pois os empresários podem buscar meios como redução de turno antes de optar por cortes.
Quanto à indústria de transformação, também no comparativo abril 2019/abril 2018, o faturamento caiu 1,8%. A utilização da capacidade instalada teve ligeira melhora de 0,5%. O número de empregos caiu 0,4%, enquanto as horas trabalhadas mostram elevação de 0,9%. Massa salarial e rendimento médio mensal tiveram queda, respectivamente, de 4,6% e 4,2%.