IBGE mapeia desastre no emprego feminino na fase inicial da pandemia

23 de junho de 2022 às 12h47

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Crédito: Gil Leonardi/Imprensa MG

Rio de Janeiro – A destruição de postos de trabalho assalariado em 2020, ano inicial da pandemia, atingiu sobretudo as mulheres no Brasil.

É o que indica uma pesquisa divulgada nesta quinta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De 2019 para 2020, o número total de trabalhadores assalariados em empresas e outras organizações ativas encolheu 1,8% no país, de 46,2 milhões para 45,4 milhões. Ou seja, houve perda de 825,3 mil vagas.

Desses empregos fechados, 593,6 mil eram preenchidos por mulheres. Em outras palavras, elas responderam por 71,9% dos postos de trabalho assalariado que foram encerrados no ano inicial da pandemia.

O número de trabalhadoras ocupadas recuou 2,9% de 2019 para 2020, passando de 20,7 milhões para 20,1 milhões.

Com isso, pela primeira vez desde 2009 houve redução na participação feminina entre os assalariados das empresas formais do país: de 44,8% para 44,3%. É a menor porcentagem desde 2016.

Entre os homens, a redução de empregos foi menos intensa, de 0,9%, em 2020. O número de assalariados recuou de 25,5 milhões para 25,3 milhões.

Isso significa que os homens perderam 231,7 mil postos, o equivalente a 28,1% de todas as vagas encerradas à época.

Os dados integram as estatísticas do Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2020. O cadastro avalia as condições de empresas com CNPJ registrado.

Segundo o IBGE, o fato de as mulheres terem sido mais impactadas pode ser associado a características dos setores econômicos na fase inicial da pandemia.

Por um lado, houve crescimento na população ocupada em parte dos ramos que historicamente empregam mais homens, o que amenizou o impacto negativo da crise entre eles.

Enquanto isso, segmentos intensivos em mão de obra feminina amargaram queda.

A construção, por exemplo, registrou alta de 4,3% no contingente de assalariados (mais 80,8 mil). A atividade era composta majoritariamente por homens (90,6%).

No sentido contrário, os setores de educação, alojamento e alimentação e outras atividades de serviços, cuja mão de obra foi prejudicada pela pandemia, eram compostos principalmente por mulheres (66,9%, 55,7% e 52,9%, respectivamente).

O segmento com a maior queda de assalariados foi alojamento e alimentação: -19,4% (ou menos 373,2 mil).

Outros estudos de analistas também já indicaram que, ao longo da pandemia, a paralisação de creches e escolas intensificou desigualdades no mercado de trabalho.

A interrupção das atividades presenciais de ensino pode ter forçado mais mães a ficarem em casa para cuidar dos filhos.

Outros impactos da pandemia

O Cempre ainda indicou que, em 2020, o número de empresas e outras organizações ativas no Brasil cresceu 3,7% frente a 2019, chegando a 5,4 milhões. Já o número de sócios e proprietários aumentou 4,3%, alcançando 7,3 milhões.

Foi a primeira vez na pesquisa que a queda no número de assalariados ocorreu simultaneamente com o aumento expressivo na quantidade de empresas, diz o IBGE.

O movimento, segundo o instituto, pode ter sido impulsionado por trabalhadores demitidos que tentaram abrir um negócio próprio ou por quem buscava compensar as perdas de renda na pandemia.

Outro sinal disso é que o número de empresas sem assalariados cresceu 8,6% (ou mais 227,3 mil) em 2020.

O montante de empresas com assalariados, por outro lado, recuou em todas as faixas: de um a nove assalariados (-0,4%), de 10 a 49 empregados (-5,3%), de 50 a 250 pessoas (-2,3%) e mais de 250 pessoas (-1%).

(Leonardo Vieceli/Folhapress)

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