Indústria moveleira registra queda de 10% no 1º trimestre em Minas

Balanço do Estado foi feito pelo Sindimov-MG

31 de maio de 2022 às 0h29

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Expectativa da indústria moveleira é de que as vendas apresentem melhora a partir do segundo trimestre deste ano | Crédito: Alisson J. Silva

O início do ano não é, tradicionalmente, um período lucrativo para a indústria moveleira de Minas Gerais. Isso porque os impostos e os desembolsos com escola e compromissos feitos em meio às comemorações de Natal e Ano Novo, por exemplo, ocupam parte do orçamento da população. Esses são os principais fatores que influenciaram uma retração nos números do setor no primeiro trimestre, de acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Mobiliário e de Artefatos de Madeira do Estado de Minas Gerais (Sindimov-MG), Maurício de Souza. 

Mas o recuo, estimado em 10% quando comparado com o desempenho das vendas do ano passado, não tem relação com a pandemia da Covid-19. Entre 2020 e 2021, vale lembrar, a indústria moveleira teve a demanda aquecida em meio às características mais rígidas das políticas de distanciamento social e de controle de propagação do vírus. “No período da pandemia, estimo que as vendas cresceram entre 30% e 40%. As pessoas viram que não tinham o mobiliário adequado para trabalhar em casa com conforto e começaram a comprar os itens”, recorda o presidente do Sindimov-MG. 

A expectativa para um cenário mais positivo e de retomada de crescimento está, portanto, na demanda que será auferida a partir de meados do segundo trimestre do ano. Contudo, Maurício de Souza explica que este é um ano que traz mais desafios para o setor – além daqueles que já fazem parte do histórico da indústria. Com um calendário que reserva eleições para os mais altos cargos do poder Executivo federal e estadual, ele afirma que previsões sobre o que virá nos próximos meses são difíceis. 

Desafios do setor

A imprevisibilidade em relação às taxas de juros diante dos resultados das eleições de 2022, por exemplo, diminui a confiança de investimentos dos empresários na expansão de seus negócios. Neste ano, ainda de acordo com o presidente do Sindimov-MG, a tendência é que as indústrias não façam contratações diferentes daquelas em que há a necessidade de substituição da força de trabalho já operante.

Os desafios também se estendem a questões consideradas estruturais. Conforme aponta Maurício de Souza, o setor moveleiro mineiro é formado, majoritariamente, por micro e pequenas empresas. “Elas recebem muitas exigências para seguir normas. Hoje (27 de maio) mesmo, recebi um comunicado sobre uma nova fiscalização de NR (norma regulamentadora) do governo. E boa parte das empresas nem sabe o que são essas NRs. Essas empresas utilizam máquinas mais antigas e a renovação é muito cara”, conta de Souza. 

Ele avalia, ainda, que a concorrência desleal com empresas informais dificultam os negócios, principalmente em um cenário em que os custos do insumo-base, que é a chapa de madeira de fibra média (conhecida como MDF pela sigla em inglês Medium Density Fiberboard), estão subindo — somente neste mês houve repasse de 5% pela principal empresa fornecedora —, e daqueles custos indiretos, como é o dos combustíveis. Somada a essas dificuldades enfrentadas, está a falta de mão de obra qualificada. “O nosso setor tem uma particularidade, porque quando você coloca a vaga como profissional marceneiro, por exemplo, isso não chama a atenção dos jovens. Geralmente, a profissão é passada dentro dos círculos familiares ou de conhecidos que trabalham na área”, afirma. 

Para tentar minimizar o impacto negativo dessa realidade, o setor tem trabalhado a importância do associativismo junto às empresas moveleiras e incentivando até mesmo a troca de matérias-primas para suprir as necessidades que em determinado momento não podem ser solucionadas por uma indústria. Além disso, o Sindimov-MG estabelece parcerias com entidades como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para formar pessoas qualificadas e também assessorar as empresas no aperfeiçoamento do processo produtivo e adequação das normas, por exemplo. 

Ainda no que diz respeito à busca pela mitigação dos desafios, Maurício de Souza afirma que há o repasse de parte dos custos aos consumidores finais, ainda que este não seja integral. 

“Não é possível repassar todos os custos. Nós absorvemos uma parte, porque, do contrário, a concorrência com empresas informais acaba desequilibrando as vendas. Eles não têm custos fixos e encargos com funcionários, e nós temos. Outra questão que não conseguimos ajustar é que muitas empresas produzem MDF no Brasil, mas preferem vender para o mercado externo, porque a rentabilidade será maior. E muitas vezes eles exigem uma cota de compras para fornecer, se o empresário quiser, ele se sujeita às condições”, complementa de Souza sobre os desafios que o setor enfrenta. 

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