Meio ambiente e bem-estar social são fundamentais na ‘economia verde’

13 de agosto de 2021 às 12h37

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Crédito: Pexels

A Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda.org) promoveu, nessa terça-feira (10), o webinar “Economia Verde e Proteção do Meio Ambiente”, com apoio da “Roda de Ideias” e mediação do DIÁRIO DO COMÉRCIO. A transmissão aconteceu pela plataforma Youtube (veja no fim da matéria) e debateu a importância de se pensar o desenvolvimento econômico de modo integrado às políticas públicas de preservação do meio ambiente e de bem-estar social e os desafios que virão pela frente.

Para o desdobramento do tema, participaram do evento o professor, economista e ex-ministro de Fazenda e Planejamento, Paulo Roberto Haddad, a ambientalista e fundadora da Amda, Maria Dalce Ricas, e o biólogo e presidente da ONG Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá), Gustavo Malacco.

Paulo Haddad, nos minutos introdutórios, esclareceu sobre a atuação durante o cenário de pandemia, em que consolidou em três ensaios relatórios técnicos acerca do tema. No evento, citou o “Amazônia e as ideologias ambientalistas” e o “Como as Regiões se Desenvolvem – Narrativas e Planejamento e Políticas Públicas no Brasil”, os quais podem ser encontrados em formato e-book em livrarias on-line.

Um dos vieses abordados pelo ex-ministro trata sobre a diferenciação e utilização da chamada nova economia, constituída por economistas clássicos e neoclássicos. Para além,  o professor abre reflexão sobre os “bens livres” e “bens econômicos”, explicando que os primeiros estão sendo usados independentemente do interesse social, pois são naturais, como a Amazônia e suas bacias hidrográficas. A outra parcela, considerada comercializável, relaciona-se com a escassez de recursos, como os minérios, e são exploradas de maneira mais consciente.

Segundo a explanação do economista, enquanto para os clássicos, anteriores a 1870, era a sociedade que definia o valor da natureza, para os neoclassicistas quem faz essa delimitação é o indivíduo, o qual trata os recursos naturais de forma exploratória particular.

A prática da exploração predatória dos recursos naturais, citados como “bens livres” pelo professor, culmina no que previa o ecologista Garrett James Hardin (1968) e foi intitulado como “A tragédia dos Bens Comuns”.

Em outra informação citada pela mediadora do evento, a editora de Economia e Agronegócio do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Gabriela Pedroso, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), “na última década, o conceito de economia verde tem emergido como uma prioridade estratégica para muitos governos”. 

A corroborar essa contextualização, o biólogo e presidente da ONG Angá, Gustavo Malacco, citou assertivamente que, atualmente, empresas e prefeituras que não internalizam a valoração ambiental nos processos e a legitimidade social estão fadadas ao fracasso e dificuldades.

Gustavo recuperou o recente relatório emitido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), pertencente à Organização das Nações Unidas (ONU), em que é posta à mesa a discussão cristalina dos efeitos ambientais causados pela atuação humana. A exemplo, o biólogo falou sobre a alteração de 1,07 graus Celsius provenientes da intervenção do homem e, que segundo estudo, chegarão a 1,5 graus Celsius já em 2030.

Além disso, Gustavo reafirma que essas mudanças rebatem na infraestrutura, na qualidade de vida, no agronegócio e em outra série de segmentos essenciais, os quais se veem estimulados a refletir sobre uma nova forma de desenvolvimento ligada à economia verde e proteção do meio ambiente.

Em fim de contextualização, o presidente da ONG Angá disse sobre a importância de elevar o debate sobre economia verde para Minas Gerais, pois grande parte das emissões de gases do efeito estufa, hoje, são provenientes do setor de uso da terra e agropecuária e o que se espera é que o governo cumpra o dever de casa, “já que o Estado ainda desmata muito o Cerrado e parte da Mata Atlântica”.

A ambientalista e fundadora da Amda, Maria Dalce Ricas, em seguida, falou sobre preceitos equivocados aprendidos na academia, como o fato de lidar com recursos naturais de modo que fossem ilimitados. Ainda, diante de uma crise ambiental planetária, a maior parte das pessoas têm dificuldade de perceber que essa lógica é uma ilusão, pois o que veem nas prateleiras abarrotadas dos supermercados não é proporcional à natureza.

Ricas abordou também a suposta evolução do capitalismo para um “Capitalismo Ecológico”, porém, nem de longe com significado sustentável, porque o desperdício é uma das rodas do sistema. Como exemplo, falou sobre a prática da obsolescência programada adotada por muitas empresas, em que todos os produtos são feitos para durarem por tempo limitado, resultando na necessidade de novas aquisições.

Em comparação, explicou sobre as lutas antigas em prol dos regimes socialistas e como essa ideia era ingênua, o que trazia os movimentos como soluções para os problemas econômicos, sociais e culturais. Por fim, lançou a pergunta aos debatedores: o que realmente sucederia o “Capitalismo Ecológico” em evolução, não excetuando as necessidades da sociedade e natureza?Para ver o debate na íntegra, acesse o link ou veja o vídeo abaixo.

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