Mais de 63 mil empresas fazem parte da economia criativa em MG

26 de outubro de 2018 às 0h15

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Crédito: Leo Lara/Universo Produção

Doze em cada 100 negócios da economia criativa no Brasil estão em Minas Gerais. São mais de 63 mil empresas, a grande maioria de micro e pequeno porte. O Estado é o segundo do País em geração de empregos no setor, com mais de 457 mil pessoas ocupadas nas diversas atividades da economia criativa. Os dados são de um estudo inédito realizado pelo Observatório do P7 Criativo – Agência de Desenvolvimento da Indústria Criativa de Minas Gerais, divulgado ontem, em Belo Horizonte.

Em todo o Brasil, são 526.647 empresas que atuam na chamada economia criativa, considerada o quarto setor da economia tradicional. Ela abrange um extenso leque de negócios baseados no capital intelectual, na inovação e criatividade. Grande parte das produções do setor, inclusive, está sob proteção do direito de propriedade intelectual.

A primeira edição do Radar – Economia Criativa em Minas Gerais é o primeiro produto do Observatório P7 Criativo. O estudo se baseou na abordagem proposta pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que distingue três tipos de criatividade: artística, científica e econômica. As atividades incluídas no levantamento mineiro se dividem em quatro grupos: Mídia, Cultura, Criações Funcionais e Tecnologia e Inovação.

A economia criativa foi organizada em quatro grupos, que por sua vez se desdobram em treze subgrupos: Mídia: Produção editorial, Audiovisual, Música. Cultura: Patrimônio Cultural, Atividades artísticas, Gastronomia. Tecnologia e Inovação: Software, Conhecimento.

Criações Funcionais: Arquitetura, Publicidade, Moda, Design, Móveis.
De acordo com o analista de Inteligência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Davi Varella, o conceito abstrato e a falta de consenso sobre o perímetro da economia criativa são dois obstáculos para a concepção dos estudos. A economia criativa, segundo o pesquisador, abriga atividades do ciclo de criação, produção de distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e o capital intelectual como insumos primários.

“Por isso foi tão importante discutir o conceito de criatividade. Adotamos o conceito da Unctad em que ela fala sobre três tipos de criatividade. A artística, relacionada à imaginação; a criatividade científica, relacionada à experimentação; e a criatividade econômica, ligada à inovação tecnológica, de processos de negócios e à tentativa de obter vantagens competitivas e econômica”, explica Varella.

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Informalidade é marca registrada do setor

Geração de emprego – Para o presidente do P7 Criativo, Leonardo Guerra, a pesquisa traz um dado muito importante: o peso da cultura como atividade econômica no Estado e na criação de vagas de emprego formal. Minas Gerais é o segundo estado com maior número de empregos na economia criativa, com 457.925, o que equivale a 9,84% das vagas formais na economia criativa no Brasil. São Paulo ocupa a primeira posição, com 31,6% dos empregos, e o Rio de Janeiro vem em terceiro, com 9,5%. Os grupos mais representativos em Minas, em termos de geração de empregos, são “Cultura” (54%) e “Criações Funcionais” (30,3%). Em seguida, aparecem os grupos “Tecnologia e Inovação” (9,7%) e “Mídia” (6%).

“Ela traz também um mapeamento do peso da indústria de mídia e da tecnologia da informação que são em menor volume na geração de empregos, mas de grande densidade no valor agregado. Mostra também a possibilidade de conectar setores econômicos e regiões do Estado para promover que essas atividades que tenham uma maior densidade econômica, com elos econômicos mais fortes”, explica Guerra.

Os números encontram paralelismo com os encontrados na análise nacional. No Brasil, economia criativa emprega mais de 4,6 milhões de pessoas, o que equivale a 10,1% dos empregos formais registrados em dezembro de 2016, data em que os dados foram coletados. Os grupos “Cultura” e “Criações Funcionais” são os que mais empregam, representando 51,3% e 28,4% respectivamente do total de empregos criativos formais, seguidos pelos grupos “Tecnologia e Inovação” (12,2%) e “Mídia” (8%).

“A economia criativa é responsável por 10% dos empregos formais do Estado. Temos que analisar como um desafio de aumento. A nossa intenção é que isso se amplie”, completa o presidente do P7 Criativo.

Com relação à distribuição regional, os 10 municípios mineiros que concentram a maior quantidade de empregos da economia criativa são Belo Horizonte (22%), Juiz de Fora, na Zona da Mata (4,1%), Uberlândia, no Triângulo (4,1%), Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte – RMBH (3,44%), Nova Serrana, na região Centro-Oeste (2,10%), Ubá, também na Zona da Mata (2,05%), Uberaba, também no Triângulo (1,83%), Divinópolis, também na região Centro-Oeste (1,62%), Nova Lima, também na RMBH (1,51%) e Montes Claros, no Norte de Minas (1,48%).

Para o presidente da Fundação João Pinheiro, Roberto Nascimento, a economia criativa é um mosaico de atividades que pode aglutinar e integrar as regiões e os diferentes matizes que formam Minas Gerais. “Diversificar a nossa atividade econômica é uma necessidade premente. A economia criativa é um caminho pra conseguirmos reduzir a desigualdade entre as regiões e a desigualdade na qualidade de vida das pessoas”, afirma Nascimento.

A pesquisa também lançou luz sobre aspectos próprios da economia criativa desenvolvida em Minas Gerais. A gastronomia ganhou um destaque que nem sempre tem em outros estudos. “Temos um viés para a realidade de Minas Gerais. A gastronomia, por exemplo, não necessariamente é contabilizada em todos os estudos, mas pra gente ela é muito importante, faz parte da economia criativa e da cultura”, destaca o analista de Inteligência da Fiemg.

RAIO X

• 98% do setor criativo no Brasil é formado por micro ou pequenas empresas;
• Segmento responde por cerca de 10% de todos os empregos formais existentes no País, o que corresponde a 4,6 milhões de trabalhadores;
• Em Minas, cerca de 458 mil pessoas estão formalmente empregadas no setor;
• Minas é o segundo estado com maior número de empregos formais na área. São Paulo é o primeiro e Rio de Janeiro, o terceiro;
Média salarial das mulheres é menor que a dos homens em todos os subgrupos da economia criativa;
• Os cinco municípios mineiros com maior concentração de empregos na economia criativa são, pela ordem, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Uberlândia, Contagem e Nova Serrana.

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