Minas fecha 1º tri com superávit de US$ 3,58 bi

3 de abril de 2019 às 0h19

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Queda nas exportações para Argentina impactou resultados do Estado no 1º trimestre - Créditos: ARQUIVO DC

As oscilações observadas nas exportações e importações mineiras desde o início do ano estão impactando a balança comercial do Estado. De acordo com especialistas, a instabilidade pode ser atribuída a uma conjunção de fatores, como os impactos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho na produção extrativa, a crise econômica da Argentina e o ambiente de incertezas ainda vivido no Brasil.

No primeiro trimestre, o saldo da balança de Minas Gerais foi superavitário em US$ 3,58 bilhões, contra um resultado também positivo de US$ 3,62 bilhões nos três primeiros meses de 2018, representando um recuo de 1,1% entre os períodos. Os dados são do Ministério da Economia.

Somente as exportações somaram US$ 5,74 bilhões nos três primeiros meses de 2019 sobre os US$ 5,73 bilhões registrados em igual período há um ano. No entanto, quando considerado apenas o último mês, as receitas dos embarques foram de US$ 1,86 bilhão, enquanto em março de 2018 chegaram a US$ 2,09 bilhões. Além disso, em fevereiro, as exportações somaram US$ 1,81 bilhão e em janeiro US$ 2,06 bilhões.

Já as importações atingiram US$ 2,15 bilhões no acumulado entre janeiro e março deste ano superando os US$ 2,10 bilhões da mesma época de 2018. Na comparação mensal, as compras externas de Minas somaram US$ 709 milhões em março contra US$ 567 milhões em igual período de 2018. Nos meses anteriores, as importações do Estado foram de US$ 673 milhões em fevereiro e de US$ 773 milhões em janeiro.

Em termos de volume, a diferença entre as exportações e as importações de Minas Gerais também foi positiva e superou o resultado do primeiro trimestre de 2018. Ao todo, foram exportados 35,193 milhões de toneladas contra 32,474 milhões de toneladas da mesma época do ano anterior.

Nos primeiros meses de 2019, o volume de itens importados também caiu de um mês para outro. Em janeiro, foram 1,059 bilhão de toneladas; em fevereiro, 889 milhões de toneladas; e em março, 828 milhões de toneladas.

De acordo com o coordenador do curso de finanças do Ibmec, William Baghdassarian, o desempenho pode ser atrelado a uma série de fatores, entre os quais está o ambiente ainda incerto do Brasil. Segundo ele, a instabilidade política, econômica e fiscal do País ainda tem prejudicado o câmbio, fazendo com que exportadores e importadores apresentem resistência nas relações comerciais.

“Na medida em que o governo começar a ter um discurso mais coordenado, é possível que a incerteza do mercado diminua e o câmbio fique mais estável, favorecendo também a balança comercial”, explicou.

Produtos – Ainda de acordo com o Ministério da Economia, por produto, no acumulado até o mês passado, Minas embarcou cerca de 13% a mais de minério de ferro – principal produto da pauta exportadora – em relação aos mesmos meses de 2018. Ao todo, foram 34 milhões de toneladas do insumo siderúrgico neste ano contra 30 milhões de toneladas em 2018.
Em valores, as remessas de minério renderam US$ 1,83 bilhão no primeiro trimestre de 2019 sobre US$ 1,55 bilhão em igual época um ano antes. Somente em março, embora as receitas com os embarques do produto tenham somado US$ 547 milhões sobre US$ 566 milhões no ano passado, houve retração no volume. No terceiro mês de 2019, foram enviados ao exterior 10,48 milhões de toneladas ante 10,54 milhões em março do exercício passado.

Nesse caso, o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Vicent Furlan, explicou que o fato de as cifras terem se mantido positivas em relação ao ano anterior, se referem à valorização do insumo siderúrgico no mercado internacional. Ele chamou atenção para a queda do volume exportado: 0,55% em março de 2019 frente a igual período do ano anterior.

“O rompimento da barragem já está impactando a balança de Minas e do País. A retração não reflete apenas a paralisação das operações em Brumadinho, mas de outras unidades que pararam para manutenção diante da supervisão mais criteriosa”, lembrou

No caso do café, outro importante produto da pauta exportadora, a receita com os embarques do grão somou US$ 991 milhões ante US$ 815 milhões nos mesmos meses de 2018. Em volume, foram 439 mil toneladas neste ano contra 305 mil toneladas em 2018.

No que se refere às importações, o produto mais comprado por Minas Gerais no mercado externo foi a hulha betuminosa, que é o carvão mineral, usado nos altos-fornos de usinas siderúrgicas. Ao todo, foram aportados US$ 206 milhões, valor 18% maior que na mesma época de 2018.

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Parceiros – Na divisão por países, ressalta-se a queda nas exportações para a Argentina. Na comparação entre os três primeiros meses de cada exercício, houve retração de 49% nas receitas das exportações para o país que é o terceiro principal parceiro comercial do Brasil.

De janeiro a março de 2018, foram US$ 402 milhões e, nos últimos três meses, US$ 202 milhões. Somente em março, a queda chegou a 65%.

Nesse caso, Furlan atribui o desempenho à crise vivida por aquele país. Segundo ele, além de a economia argentina ainda estar sofrendo com a recessão econômica, a base comparativa é forte, uma vez que, nos primeiros meses do ano passado, a situação por lá não era tão ruim.

“A tendência é de que, nos próximos meses, haja uma estabilidade, pois a base de comparação ficará mais fraca”, disse.

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