A indústria mineira encerrou dezembro de 2021 com queda na produção e no emprego, segundo a Sondagem Industrial da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). O movimento já era esperado, devido à sazonalidade de fim de ano e culminou com uma menor utilização da capacidade instalada do parque fabril. Por outro lado, mesmo recuando, os estoques das empresas fecharam o mês em patamares acima do planejado.
A economista da entidade, Daniela Muniz, chama atenção para o comportamento dos estoques, que ficaram acima do nível planejado pelo segundo mês consecutivo, após 18 meses abaixo desse patamar. Segundo ela, esse movimento de normalização dos estoques pode estar relacionado à desaceleração da demanda devido ao aumento da inflação e do endividamento das famílias e à migração do consumo de bens para o setor de serviços com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no País.
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“Por 18 meses, os níveis não chegavam nem ao patamar esperado pelos industriais. Agora, apesar da redução, ficaram acima. O indicador de estoques de produtos finais fechou dezembro em 49,8 pontos, e as empresas encerraram o mês com os níveis de estoques acima do planejado, com índice de 50,7 pontos”, resumiu.
Em termos de produção, foram 40,5 pontos em dezembro frente a 50,4 pontos em novembro. O índice ficou 7,2 pontos abaixo da sua média histórica (47,7 pontos) e diminuiu 7,3 pontos na comparação com dezembro de 2020 (47,8 pontos). O índice de evolução do número de empregados ficou em 48,3 pontos em dezembro ante 49,8 pontos no mês anterior, indicando redução do emprego pela terceira vez seguida. Frente a dezembro de 2020 (51,4 pontos), o indicador recuou 3,1 pontos.
Já o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual registrou 41,3 pontos no último mês de 2021. Em dezembro de 2020, tinham sido registrados 49,9 pontos. Além disso, a economista lembrou que o indicador ficou abaixo dos 50 pontos pela 13ª vez consecutiva, mostrando que as empresas continuaram operando com capacidade de produção inferior à habitual.
“No geral, as empresas continuam tendo dificuldades em relação não apenas à demanda, mas também quanto às matérias-primas. Alguns setores já vêm indicando melhoria, mas outros ainda estão sofrendo com a escassez de insumos”, afirmou.
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Dessa maneira, o índice de satisfação com o lucro operacional marcou 46,6 pontos no último trimestre de 2021 – indicando, pelo quarto trimestre seguido, que os industriais seguem insatisfeitos com a margem de lucro de suas empresas. No quarto trimestre de 2020, o resultado havia sido de 52,2 pontos. O indicador de satisfação com a situação financeira, por sua vez, registrou 51 pontos, mostrando empresários satisfeitos pelo terceiro trimestre consecutivo, ao manter-se acima da linha de 50 pontos.
“Já o índice de satisfação com as condições de acesso ao crédito, para variar, marcou 42,6 pontos no último trimestre de 2021, indicando que os empresários seguem com dificuldades para acessar o mercado de crédito“, comentou Daniela Muniz.
Entre os problemas mais enfrentados pelos industriais, pela sexta vez consecutiva, a falta ou alto custo da matéria-prima foi citado como principal entrave, recebendo 65,9% das respostas. A elevada carga tributária (32,3%) permaneceu na segunda posição pelo oitavo trimestre seguido. A demanda interna insuficiente (20,7%) avançou da quarta posição, no terceiro trimestre, para a terceira colocação, com 21,3% das marcações. E a taxa de câmbio (20,1%) subiu uma colocação frente ao trimestre anterior (19%), alcançando a quarta posição.
Expectativas da indústria mineira
Apesar do cenário não tão favorável, as expectativas dos empresários para os próximos seis meses seguem positivas. O indicador de demanda marcou 56,9 pontos em janeiro, o de compras de matérias-primas 55,7 pontos e o do número de empregados 52,7 pontos – todos indicando pela 19ª vez consecutiva perspectiva de expansão.
Além disso, o indicador de intenção de investimento registrou 62,2 pontos neste mês, sendo o mais elevado para o mês de janeiro desde o início da série histórica, em 2013.