Nacionalização do lítio no Chile gera incertezas

25 de abril de 2023 às 0h14

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Crédito: Reuters/Ivan Alvarado

Londres – O plano do Chile de nacionalizar sua indústria de lítio acrescenta uma nova incerteza na cadeia de suprimentos para as montadoras globais que enfrentam uma escassez de materiais para baterias de veículos elétricos e pode fornecer uma nova urgência para encontrar novas fontes do metal.

O presidente chileno, Gabriel Boric, anunciou planos na última quinta-feira (20) para criar uma nova empresa estatal para controlar a indústria de lítio. O país tem as maiores reservas mundiais do metal e responde por 30% da produção mundial.

Os principais executivos do setor alertaram para uma crise na cadeia de suprimentos em meados da década, já que as principais montadoras do mundo planejam gastar quase US$ 1,2 trilhão até 2030 para desenvolver e produzir milhões de veículos elétricos.

“As montadoras podem ficar mais apreensivas em se comprometer com acordos de fornecimento de lítio do Chile até que esteja claro como será a nacionalização”, disse o diretor de dados da Benchmark Mineral Intelligence, Caspar Rawles. “A maioria das montadoras já procurava um portfólio diversificado de oferta regional antes disso, mas talvez isso torne outras regiões mais atraentes.”

David Brocas, fundador da Voltaire Minerals, empresa de consultoria em cadeia de suprimentos minerais, disse que os metais das baterias estão se tornando tão estrategicamente importantes para os países quanto o petróleo, e as montadoras precisarão de uma “estratégia diversificada de fornecimento” especial em resposta.

As grandes montadoras já estão em busca de novos suprimentos de lítio nos Estados Unidos, Europa e África. A GM, por exemplo, investiu na Lithium Americas em janeiro e a ajudará a desenvolver o projeto de mineração de lítio Thacker Pass, em Nevada.

“Estamos implementando um roteiro de commodities que inclui a diversificação regional”, disse um porta-voz da Volkswagen. “Portanto, estamos olhando para muitas regiões”, acrescentou.

O diretor de tecnologia da Mercedes-Benz, Markus Schaefer, disse a repórteres ontem que a montadora “ainda está aberta a compras diretas do Chile – mas existem alternativas, como Austrália e Canadá”.

As ações das mineradoras de lítio na Austrália, o maior produtor que responde por cerca de metade da oferta global, subiram após o anúncio do Chile.

Controle – A decisão do Chile de nacionalizar sua indústria de lítio segue uma tendência dos países que buscam um controle mais rígido sobre os principais recursos. O México nacionalizou sua indústria de lítio, enquanto Zimbábue, Mianmar e Indonésia anunciaram restrições que afetam várias commodities.

O anúncio de Santiago “colocará um foco ainda maior no fornecimento seguro de lítio do Reino Unido e da Europa para montadoras que estão desesperadas para garantir matérias-primas para veículos elétricos”, escreveu Jeremy Wrathall, presidente-executivo da Cornish Lithium, em um e-mail. “Sem lítio = sem baterias = sem veículos elétricos”, afirmou.

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