Endividamento dos consumidores de Belo Horizonte cresceu em abril
23 de maio de 2019 às 0h15
Um número maior de consumidores de Belo Horizonte está contraindo dívidas. Segundo pesquisa divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), em abril deste ano, 76,8% dos consumidores tinha algum compromisso financeiro, índice que teve alta de 14,5 pontos percentuais no comparativo com igual mês do ano passado (62,3%). Na relação com março, quando os endividados chegaram a 74,4%, a variação foi pequena.
Economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida explica que o aumento no número de dívidas indica aquecimento do consumo, o que é positivo. Entretanto, a pesquisa apontou também o aumento da inadimplência. Os dois dados conjugados mostram um cenário que requer cuidado.
“É um misto de pessoas acessando mais crédito para o consumo e de pessoas não conseguindo arcar com o compromisso. Isso ocorre devido ao momento econômico, com o aumento do desemprego, mesmo que sazonal, e também por descontrole orçamentário”, diz o economista.
De acordo com a pesquisa, o número de consumidores com contas em atraso aumentou 1,7 pontos percentuais em abril (34,9%) na relação com março (33,2%). Na relação com abril de 2018 (28,2%), o avanço foi de 6,7 pontos percentuais. “Esse é um indicador importante e negativo, pois a inadimplência retira o consumidor do mercado de consumo e do acesso ao crédito. É ruim para o consumidor e para o varejo”, diz Almeida.
O número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas somou 16,1% em abril, com 1,5 ponto percentual acima da última avaliação (14,6%). No comparativo com abril de 2018 (11,6%), houve alta de 4,5 pontos percentuais.
Almeida explica que o aumento do indicador de endividamento está correlacionado com os dados do Banco Central, que mostra aumento de concessões de crédito a pessoa física, ou seja, mais pessoas estão recorrendo a alguma modalidade de crédito.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) mostra o quanto os consumidores estão adquirindo compromissos como financiamento de imóveis, carros, empréstimos e cartão de crédito.
Cartão – O principal compromisso financeiro é com o cartão de crédito. Em abril, 79,5% se comprometeram com essa modalidade. “As pessoas usam o cartão de crédito de forma indiscriminada, como forma complementar de renda”, alerta Almeida. A modalidade possui os maiores juros praticados no mercado.
Em seguida, as principais modalidades são carnês (15,7%); cheque especial (9,9%); financiamento de carro (9,6%); crédito consignado (8,6%); crédito pessoal (8,1%); financiamento de casa (7,8%) cheque pré-datado (1,7%); outras dívidas (0,7%).
Entre os 76,8% dos endividados, 35,3% acham que estão pouco endividados; 16% estão muito endividados; 25,5% responderam “mais ou menos”. Os que não têm dívida somam 23,1%. Entre as famílias com contas pendentes, 54,6% afirmam que o período devido é superior a 90 dias. Em média, o período de atraso para pagamento das contas é de 65 dias.
O valor comprometido do orçamento familiar do mês com dívida é, em média, de 29,5%. Entre os entrevistados, 43,1% disseram comprometer de 11% a 50%; 24,3% disseram comprometer mais de 50%; 27,8% responderam que o valor é menor que 10% do total do orçamento.