RMBH pode sofrer falta de água a partir de 2020

5 de julho de 2019 às 0h19

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Crédito: Vale/Divulgação

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já admite a possibilidade de racionamento de água e rodízio no abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) a partir do ano que vem. Em audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), diretores da empresa falaram da necessidade de retomada da captação de água no rio Paraopeba, a fim de evitar maiores consequências.

De acordo com os representantes da estatal mineira, se os níveis de chuva do próximo período chuvoso forem os mesmos de 2013 e 2014 e as obras do novo ponto de captação do rio não forem aceleradas, os cerca de 4,5 milhões de moradores da Capital e toda RMBH precisarão adotar medidas mais duras para não ficarem sem água.

A situação vem sendo acompanhada pela CPI das Barragens desde março, quando os impactos da paralisação da captação no rio Paraopeba vieram a público. Na época, vereadores expuseram os riscos impostos ao abastecimento de Belo Horizonte, uma vez que 30% dos recursos hídricos que eram direcionados aos domicílios da Capital via captação no Paraopeba estavam suspensos.

O Sistema Paraopeba, que retira água a fio do rio e também da Barragem de Rio Manso, foi construído em 2015 para suprir a escassez hídrica do período, por falta de chuva. Desde aquele ano, o sistema já captou mais de 217 milhões de metros cúbicos de água. Atualmente, a RMBH e a Capital são abastecidas por duas bacias: a do Paraopeba (51%) e a do rio das Velhas (49%). Para BH, a porcentagem é de 30% do Sistema Paraopeba e 70% do Sistema Velhas.

“Desde o rompimento da barragem de Brumadinho, estamos abastecendo toda a região sem nenhum prejuízo, mas sem outro ponto de captação. Passamos de 10,7 mil litros por segundo para 7,3 mil litros por segundo de captação na Bacia do Paraopeba. Nossa média de captação é de 15 mil litros se somarmos os sistemas Paraopeba e rio das Velhas”, explicou o diretor de Operações Metropolitanas da Copasa, Rômulo Tomaz Perilli, durante a audiência na CMBH.

Ainda segundo Rômulo, a Copasa tem um total de 500 mil metros cúbicos de águas tratadas e 250 milhões de metros cúbicos de água bruta em reservatórios, volume que pode diminuir muito se a captação do Paraopeba não voltar a ser feita.

“Em maio do ano passado estávamos com 77% dos nossos reservatórios que abastecem a região metropolitana cheios. Em maio deste ano estávamos com 74%. No final de 2020 podemos chegar ao volume morto dos reservatórios, que é quando a água fica abaixo das comportas e a sua captação fica bem mais complicada de ser feita, caso a situação de 2013/2014 de poucas chuvas se repita”, explicou o diretor.

Acordos – Procurada pela reportagem, Vale disse, por meio de nota, que vem mantendo reuniões periódicas com a Copasa e demais autoridades para discutir as medidas necessárias à continuidade do abastecimento nos municípios afetados, as quais vêm sendo implementadas desde o rompimento da barragem, em janeiro deste ano.

Em maio, houve um acordo para que a mineradora construísse um novo sistema de captação no rio em um ponto acima do rompimento da barragem da mina do córrego do Feijão. A previsão é que as obras comecem em setembro e custem algo entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.

No entanto, de acordo com informações da Câmara, a Copasa tem negociado para que, mesmo de forma provisória, a captação comece a ser feita em junho.

“Mesmo que a obra não esteja totalmente concluída, podemos começar o bombeamento em junho. Estamos nos reunindo para que tudo seja feito com urgência, inclusive retirando empecilhos burocráticos. A captação nova pode ser construída até o ano que vem. O cronograma está em dia e pode ser cumprido. Apesar de não ter visualmente obras no local, estamos adiantados com o projeto e levantamento topográfico. Acredito que até o final deste mês teremos tudo pronto para dar início à obra física”, explicou Rômulo Tomaz.

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