Sistema Faemg articula ajuda para agricultores afetados pelas chuvas

4 de fevereiro de 2022 às 0h29

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Em torno de 119 mil hectares de culturas foram perdidos em Minas Gerais em decorrência das chuvas nos últimos dois meses | Crédito: Divulgação/Emater-MG

As fortes chuvas que assolaram Minas Gerais nos últimos dois meses atingiram milhares de propriedades rurais, causando danos os mais diversos, que vão de estradas interrompidas, impedindo o escoamento da produção, a perda de animais e equipamentos, além da devastação de plantações. Mais de 10% dos municípios brasileiros decretaram estado de emergência por causa das chuvas, a maior parte deles em Minas Gerais. 

Para juntar esforços no enfrentamento das consequências dos temporais, o Sistema Faemg/Senar/Inaes/Sindicatos realizou, ontem, o evento Ajuda Minas, que reuniu todo o universo que gravita em torno do agronegócio no Estado e no País, incluindo governo, parlamentos, setor financeiro e presidentes de sindicatos rurais.

Prestigiaram a reunião o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Marcos Montes; o secretário de Política do Mapa, Guilherme Bastos; o secretário de Agricultura familiar do Mapa, Márcio Cândido; o secretário especial do Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania, Robson Tuma; o deputado federal Diego Andrade; o deputado estadual Antônio Carlos Arantes; o vice-governador Paulo Brant; a secretária de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Valentini; além de mais nove deputados estaduais e federais.

Ao reunir os responsáveis por todas as instâncias de apoio, o objetivo do Ajuda Minas foi promover o diálogo para buscar soluções. “Foi uma reunião de trabalho muito boa”, avaliou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antonio de Salvo. “Mas foi só a primeira de muitas que vamos fazer. Vamos continuar juntos, afinados para achar soluções e apoiar os sindicatos rurais, o produtor e a atividade agropecuária”, completou.

Salvo lembrou o fato de que a atividade rural não foi interrompida pela pandemia. “A vaca não parou de dar leite e o pé de milho não parou de crescer. Continuamos trabalhando, enfrentamos geada na cafeicultura e uma seca terrível em 2021. Agora, o que seria bem-vindo, que é o início da temporada das chuvas, veio em excesso e fez estragos”, destacou o presidente.

Os eventos climáticos já não são mais surpresa para o produtor rural. A geada que castigou a produção de café, a seca que secou pastos e canteiros e, agora, a grande quantidade de chuva em pouco tempo são tragédias anunciadas, que, segundo os participantes da reunião, devem ser enfrentadas com projetos estruturantes, que minimizem os prejuízos para os agricultores e a sociedade.

“Mais do que esperar resultados, vamos continuar cobrando para que os nossos produtores possam voltar a produzir, que é o que eles sabem fazer e o que as cidades precisam, pois as pessoas têm que se alimentar. Temos que planejar melhor o futuro, porque os problemas climáticos continuarão sendo uma realidade”, apontou Antonio de Salvo.

Seguro rural

A questão do seguro rural como guarda-chuva do agricultor foi levantada por vários participantes. Afinal, 95% dos produtores consultados pela Faemg não têm seguro, o que os deixa desprotegidos diante das quebras de safra. “Temos que fazer uma conscientização nos sindicatos rurais para enfrentar esses momentos”, observou o deputado Diego Andrade (PSD), que é líder do Governo na Câmara dos Deputados.

O secretário-executivo do Mapa, Marcos Montes, salientou que os recursos disponíveis para financiamento do Seguro Rural, que eram de R$ 440 milhões no início do atual governo, chegaram a R$ 1,18 bilhão no ano passado e, em 2022, a expectativa é de atingir a R$ 1,8 bilhão. Montes destacou ainda a importância dos sindicatos rurais. “Ele é a maior entidade depois da prefeitura de qualquer cidade, representando a maior parte do PIB na maioria delas”.   

O vice-governador Paulo Brant, por sua vez, apontou o que considera o papel do governo no apoio à atividade rural. “Para os grandes e médios produtores, o governo deve criar um contexto amigável e cuidar da infraestrutura. Mas nós temos em Minas 600 mil pequenos produtores que ainda precisam da mão do Estado, principalmente nesses eventos que, nos últimos anos, têm sido maximizados”, destacou.  

Cerca de 25 mil agricultores mineiros estão em situação de vulnerabilidade, segundo a secretária estadual de Agricultura, Ana Valentini. “Ele perdeu a horta, o galinheiro, o pomar, o rio levou a bomba e a tubulação. Além de ajudar diretamente com cestas básicas, por exemplo, estamos trabalhando junto às secretarias de Desenvolvimento Social e Fazenda para que eles possam voltar a produzir”, observou.  

Diagnóstico aponta estragos em vários segmentos do Agro

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) apresentou no evento um diagnóstico dos estragos provocados pelo excesso de chuvas, que foi levantado junto a produtores de 263 municípios e complementado por informações colhidas pela Emater-MG. Os impactos principais ocorreram nos cercamentos, acessos e currais; houve perda significativa de animais e, na agricultura, os prejuízos foram sentidos principalmente na olericultura.

Cerca de 119 mil hectares de culturas foram perdidos, entre 74 mil hectares de grãos e 3,4 mil hectares de hortaliças. Segundo a Emater-MG, 127 mil produtores em 416 municípios de Minas sofreram algum tipo de impacto em suas propriedades. Nestas regiões, mais de 20% da produção de leite foi comprometida, além de 42% do feijão a ser colhido.

Segundo o gerente de Planejamento da Faemg, Celso Furtado Júnior, as necessidades imediatas foram reunidas em quatro itens prioritários. São eles a recuperação das estradas e pontes de acesso a propriedades; maquinário para fazer os consertos; subsídio para recuperação de benfeitorias e compra de sementes e rações; crédito facilitado e renegociação de dívidas.

Os representantes do poder público presentes à reunião se colocaram à disposição dos produtores mineiros com ações efetivas, que ajudem a minimizar as perdas. Mesmo ressaltando as recorrentes dificuldades burocráticas com a liberação de recursos, eles se comprometeram a encontrar soluções que não fiquem só nos discursos e cheguem a quem precisa rapidamente, como é necessário neste momento emergencial.

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