BC eleva Selic para 5,25% ao ano para deter alta de preços

5 de agosto de 2021 às 0h21

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Esta foi a primeira vez desde fevereiro de 2003 que o Banco Central lançou mão de um aperto de 1 ponto percentual | Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – O Banco Central (BC) aumentou o ritmo de aperto monetário ontem ao subir a Selic em 1 ponto, a 5,25% ao ano, indicando que deve repetir a dose em setembro diante das pressões inflacionárias.

Para domá-las, o BC também apontou que a necessidade agora é de uma taxa básica de juros acima do patamar neutro, ou seja, em nível suficiente para desaquecer a economia.

Antes, a comunicação do BC destacava que o processo de ajustes na Selic mirava a normalização da taxa de juros para a neutralidade.

“O Copom considera que, neste momento, a estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política monetária é a mais apropriada para garantir a ancoragem das expectativas de inflação”, afirmou o Comitê de Política Monetária do BC, em comunicado.

“Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro”, acrescentou o texto.

Em pesquisa Reuters, 37 dos 46 economistas ouvidos estimavam uma elevação na Selic nesta magnitude. Os nove restantes previam que a alta seria menor, de 0,75 ponto.

Esta foi a quarta vez seguida que o BC subiu os juros básicos, mas a primeira desde fevereiro de 2003 em que lançou mão de um aperto de 1 ponto percentual.

Quando iniciou a elevação na Selic em março, após deixá-la por quatro reuniões seguidas na mínima histórica de 2%, o BC assinalou que buscava a normalização parcial da taxa, reduzindo assim o estímulo que buscou injetar na economia após a crise com a pandemia de coronavírus ter levado a atividade a sofrer um tombo recorde no ano passado.

Mas já em junho, quando se reuniu pela última vez, o Copom passou a indicar que mirava a normalização da taxa de juros para o patamar considerado neutro, em que a Selic não aquece e nem esfria a economia. Esse nível está ao redor de 6,5%, segundo indicação do próprio BC.

A mudança de agora veio na esteira de renovadas pressões inflacionárias, embaladas por preços mais altos de combustíveis e da energia elétrica.

Segundo o BC, a inflação ao consumidor continua se revelando persistente. “Os últimos indicadores divulgados mostram composição mais desfavorável. Destacam-se a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, causando elevação dos núcleos”, afirmou.

“Além disso, há novas pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas. Em conjunto, esses fatores acarretam revisão significativa das projeções de curto prazo”, acrescentou.

Setores em Minas – A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) recebeu a decisão do Copom sem surpresas, mas ressaltou a importância de reavaliação de conduta nas próximas reuniões, considerando fatores que exercerão menor pressão inflacionária. A entidade analisou ainda que a medida deve ter influência negativa na economia.

“A Fiemg revisou as suas previsões econômicas, ao identificar que o ritmo atual de aumento de juros exercerá influência negativa na atividade econômica em 2021 e 2022, com efeitos diretos na retomada do emprego, na renda e no crescimento econômico, em um dos momentos mais difíceis vivenciados pela sociedade brasileira”, destacou a federação em nota enviada à imprensa.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, também demonstrou preocupação com a alta da Selic no atual momento.

“(…) considerando o ambiente econômico que estamos vivendo, onde as atividades econômicas estão em recuperação, a demanda de consumo está desaquecida e o desemprego elevado, é essencial que o Banco Central fique atento para que este aumento não comprometa a recuperação econômica. Pois sabemos que com a taxa de juros mais elevada, as empresas tendem a diminuir seus investimentos, o crédito se torna mais caro e o investimento é desestimulado”, disse em comunicado. (Com Reuters)

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