Ibovespa inicia a semana no positivo

25 de agosto de 2020 às 0h08

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Crédito: Paulo Whitaker/Reuters

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta ontem, acompanhando bolsas no exterior, em meio a notícias mais positivas sobre tratamento para o Covid-19, enquanto no Brasil agentes financeiros aguardam anúncio de novo pacote econômico.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,77%, a 102.297,95 pontos. O volume financeiro somou R$ 23,2 bilhões.

Nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Nasdaq renovaram máximas, após a Food and Drug Administration (FDA) autorizar uso emergencial de plasma sanguíneo – rico em anticorpos – em pacientes de Covid-19.

A possibilidade de os EUA acelerarem uma vacina experimental contra o coronavírus que está sendo desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, conforme noticiou o Financial Times, também repercutiu positivamente.

No Brasil, com a temporada de balanços caminhando para o final, o cenário fiscal ganha mais relevância, principalmente com a perspectiva de novas medidas para apoiar a recuperação econômica do País.

Havia expectativa de que um pacote fosse anunciado nesta terça-feira, mas o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou à Reuters que o governo vai adiar o anúncio.

Para Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, dado o cenário no exterior, principalmente nos EUA, era para a bolsa brasileira estar melhor, mas o risco de frustração com as possíveis novas medidas no horizonte adiciona alguma cautela.

“O plano pode ser mais um motivo para frustrar os investidores caso o governo acabe não trazendo soluções efetivas para alguns pontos”, ponderou, acrescentando também que há chance de o pacote mostrar um viés mais populista do governo.

Ele não descartou uma aceleração na bolsa se as medidas agradarem quando forem divulgadas, mas avaliou que o mercado preferiu um viés mais cauteloso.

Com o mercado fechado, Bolsonaro editou decreto prorrogando em mais 60 dias a possibilidade de suspensão de contrato ou redução de jornada com o pagamento, pelo governo, do benefício emergencial para preservação de emprego.

Destaques – Eletrobras ON e Eletrobras PNB dispararam 9,74% e 8,02%, respectivamente, tendo de pano de fundo que o governo do presidente Jair Bolsonaro tem negociado com parlamentares para que debates no Congresso sobre sua proposta de privatização da elétrica comecem pelo Senado, e não pela Câmara, conforme disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto ontem.

Azul PN avançou 4,06%, apoiada pelo noticiário mais positivo sobre tratamento para o Covid-19. Analistas do BTG Pactual citaram discussão positiva com executivos da companhia, incluindo que a demanda está voltando mais forte do que a empresa imaginava e que as negociações com o BNDES estão em estágio avançado, mas reiteraram recomendação ‘neutra’ para as ações. No setor, Gol PN subiu 3,56%.

Banco do Brasil ON ganhou 2,7%, destaque no setor de bancos, com Itaú UnibancoPN avançando 1,66% e Bradesco PN subindo 2,27%, em meio ao clima mais positivo na bolsa.

Petrobras PN fechou em alta de 1,82%, na esteira do avanço dos preços do petróleo no mercado externo. Petrobras ON subiu 1,99%.

Vale ON teve elevação de 1,22%, também beneficiada pelo clima mais favorável no exterior. (Reuters)

Dividendos devem cair até US$ 400 bi

Londres – A crise do coronavírus fará com que as maiores empresas do mundo reduzam os pagamentos de dividendos entre 17% e 23% este ano, o que pode chegar a US$ 400 bilhões, mostrou um relatório da gestora de fundos Janus Hendereson, embora setores como tecnologia estejam indo na direção oposta.

Os pagamentos de dividendos globais tiveram queda de US$ 108 bilhões no segundo trimestre do ano, indo a US$ 382 bilhões, calculou a gestora de fundos Janus Henderson, o que equivale a uma queda anual de 22%, que será a pior desde pelo menos 2009.

Todas as regiões tiveram dividendos mais baixos, exceto a América do Norte, onde os pagamentos de empresas canadenses mostraram-se resilientes. Em todo o mundo, 27% das empresas cortaram seus dividendos, enquanto a Europa, região mais afetada, viu mais da metade fazer isso e dois terços delas os cancelaram totalmente.

“2020 terá o pior resultado para dividendos globais desde a crise financeira global”, disse o relatório da Janus Henderson publicado nesta segunda-feira.

“Agora esperamos que os dividendos globais principais caiam 17% no melhor cenário, pagando US$ 1,18 trilhão… Nosso pior cenário poderia ver os pagamentos caírem 23% para US$ 1,10 trilhão.”

Bancos e outras instituições financeiras que receberam ordens do Banco Central Europeu para parar de pagar dividendos foram responsáveis por metade da redução de 45% no segundo trimestre da Europa, indo a US$ 77 bilhões.

Mineradoras e petroleiras foram duramente atingidas pela queda generalizada nos preços das commodities e empresas de bens de consumo discricionários também viram suas operações duramente afetadas pelas medidas de isolamento social, resultando em dividendos muito mais baixos.

Em contraste, os pagamentos das empresas de tecnologia e telefonia, e de saúde não foram afetados, com os dividendos subindo 1,8% e 0,1%, respectivamente, em uma base subjacente.

“As tendências de dividendos estão refletindo as tendências da sociedade e do mercado de ações no momento”, disse o chefe de renda global de ações da Janus Henderson, Ben Lofthouse.

No futuro, disse ele, alguns fatores-chave determinarão o quão forte será a recuperação dos dividendos.

“A grande questão para os EUA é o que acontecerá no quarto trimestre. Se muitas empresas fizerem cortes significativos em seus dividendos, os pagamentos serão fixados em um nível inferior até o final de 2021.” (Reuters)

Moeda norte-americana recua 0,22% e fecha sessão cotada em R$ 5,59

São Paulo – O dólar à vista fechou em leve queda ante o real ontem, longe das mínimas da sessão, com as oscilações no mercado de câmbio se estabilizando na parte da tarde em meio a variações discretas nas moedas também no exterior, num dia marcado por otimismo sobre tratamentos contra o Covid-19.

O dólar interbancário caiu 0,22%, a R$ 5,5942 na venda. Na mínima, atingida ainda na primeira hora de negócios, desceu a R$ 5,5593 (-0,85%) e, na máxima (alcançada por volta de 11h30), tocou R$ 5,613 (+0,11%).

O dólar futuro chegou ao fim da tarde em queda de 0,60%, a R$ 5,5950.

De forma geral, a sessão teve poucos drivers domésticos, o que abriu espaço para alguma acomodação do câmbio depois de uma semana passada de maior pressão por causa de renovados temores fiscais.

No meio da tarde, quando o dólar era cotado por volta de R$ 5,57, notícia de que o governo decidiu adiar o anúncio do pacote de medidas econômicas previsto inicialmente para terça-feira ajudou a alimentar alguma pressão de compra de dólares, que na sequência voltou a superar R$ 5,60, fechando o pregão perto desse patamar.

O pacote de medidas prometido pela equipe econômica é visto como uma oportunidade de o governo enviar forte sinal ao mercado sobre gestão responsável das contas públicas. Ruídos internos na área econômica do governo e com outros ministérios geraram apreensão sobre riscos de aumento adicional de gastos depois de 2020, o que comprometeria a confiança na trajetória fiscal.

Na semana passada, o dólar emendou a quarta semana consecutiva de valorização –o que não ocorria desde o fim de abril -, amparado pelo somatório de desconforto fiscal doméstico e reavivamento da divisa no exterior.

Para estrategistas do BNP Paribas, a volatilidade do real, já a maior do mundo entre as moedas relevantes, deve persistir nos próximos meses conforme o mercado segue com as atenções voltadas para os problemas fiscais do Brasil, mas eles também avaliaram que o posicionamento técnico contra a divisa brasileira já está “sobrecarregado”.

Além disso, os profissionais citaram melhora em outras métricas, como, por exemplo, a conta corrente brasileira.

“Estamos entrando numa situação em que a melhora dos termos de troca (por exemplo) em algum momento aumenta as chances de algum repasse para os preços (do câmbio)”, disse Gabriel Gersztein, estrategista-chefe global para mercados emergentes do banco francês.

O real cai 28,27% neste ano, pior desempenho global, em parte pelas incertezas fiscais e pela queda expressiva nas taxas de retorno pagas pela renda fixa brasileira, na esteira da baixa da Selic a mínimas recordes.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que o limite mínimo para a Selic não é intransponível, destacando que ele está sendo experimentado, mas que é preciso cautela para ir além. (Reuters)

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