São Paulo – O mercado passou a ver menor contração econômica neste ano pela segunda semana seguida, em meio a dados mostrando o impacto do surto de coronavírus, de acordo com a pesquisa Focus que o Banco Central (BC) divulgou nessa segunda-feira (13).
O levantamento semanal mostrou que a projeção agora é de uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 de 6,10%, contra queda de 6,50% calculada na semana anterior.
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Para 2021, permanece a expectativa de um crescimento do PIB de 3,50%.
Para a inflação, os economistas consultados ajustaram sua estimativa para a alta do IPCA este ano a 1,72%, de 1,63% antes, mantendo a taxa de 3,00% para o índice em 2021.
O centro da meta oficial de 2020 é de 4% e, de 2021, de 3,75%, ambos com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Selic – A pesquisa com uma centena de economistas mostrou ainda que não houve mudanças para a expectativa sobre a taxa básica de juros, com a Selic estimada em 2% este ano e em 3% no próximo.
Entretanto, o Top-5, grupo dos que mais acertam as previsões, reduziu a conta para a Selic em 2020 a 1,88% na mediana das projeções, de 2,0% antes, enquanto aumentou a estimativa para 2021 a 2,38%, ante 2,25%.
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Em outra frente, o mercado revisou com força a estimativa para o déficit em conta corrente este ano a US$ 9,50 bilhões, de um resultado negativo de US$ 11,75 bilhões previsto na semana anterior. Para 2021, o déficit estimado passou a US$ 19,5 bilhões ante US$ 20,44 bilhões. (Reuters)
Agência vê recuo de 4,7% para emergentes
A agência de classificação de risco S&P Global cortou as previsões para as economias de mercados emergentes ontem, passando a ver contração média de 4,7% neste ano devido ao coronavírus, e alertou que todos os países também ficariam com cicatrizes permanentes.
A agência informou que as revisões para baixo na expectativa para o PIB refletem principalmente a piora da pandemia global em muitos mercados emergentes e um impacto mais acentuado no comércio exterior em comparação ao último conjunto de expectativas divulgado em abril, que trouxe estimativa de retração de 1,8%.
“Projetamos que o PIB médio dos mercados emergentes (excluindo a China) caia 4,7% neste ano e cresça 5,9% em 2021. Os riscos permanecem, sobretudo, do lado negativo e atrelados à evolução da pandemia”, afirmou a S&P.
A agência acrescentou que haverá perdas permanentes de produção para todos os mercados emergentes, com diferença em relação à trajetória do PIB pré-Covid de até 11% na Índia, 6% a 7% na maior parte da América Latina e África do Sul, 3% a 4% na maior parte da Europa emergente e 2% na Malásia e Indonésia.
De um total de quase 1.800 ações negativas sobre rating – rebaixamentos ou cortes nas perspectivas para as notas de crédito – feitas pela S&P entre janeiro e junho, 420 ocorreram em mercados emergentes.
As previsões para a América Latina sofreram o maior corte. A região deve sofrer queda de 7,4% no PIB neste ano, incluindo declínio de 7% na maior economia da região, o Brasil. A América Latina tem visto quase 70% de seus ratings de crédito impactados pelo vírus e também deve contabilizar uma das mais fracas recuperações no próximo ano.
Na Ásia, a economia da Índia deve contrair 5% neste ano fiscal, que começou em 1º de abril, devido a dificuldades em conter o vírus, a uma anêmica resposta política e a vulnerabilidades subjacentes, especialmente em todo o setor financeiro.
A China, por outro lado, ainda deve registrar modesto crescimento de 1,2% neste ano e expansão robusta de 7% no próximo, com a economia apoiada por fortes gastos com estímulos, resiliência na manufatura de eletrônicos e gradual recuperação nas indústrias de serviços. (Reuters)