Dentre tantas reviravoltas e tendências que o mercado vive parece que uma nova visão de negócios, uma verdadeira mudança de cultura corporativa, está se consolidando de forma definitiva. Trata-se de pensar a empresa não só pelo viés do lucro a todo custo mas também, e principalmente, pelo papel social que a empresa representa, ou seja, focar nos chamados stakeholders, nos aspectos ambientais e de governança.
Recentemente, em reunião anual dos CEOs das maiores empresas norte-americanas foi levantada a seguinte preocupação: “Se as empresas não reconhecerem que o sucesso do nosso sistema depende de crescimento inclusivo a longo prazo, muitos passarão a levantar questões legítimas sobre o papel das grandes corporações em nossa sociedade”.
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Essa nova visão de empresa cuida das pessoas que estão a ela intrinsecamente envolvidas (empregados, clientes, fornecedores) – pois afinal a empresa é formada por gente – mas também do meio ambiente e da sociedade como um todo, principalmente a comunidade mais próxima.
A mudança de cultura corporativa ainda é um desafio para os executivos que são cobrados por lucros e agem sob essa constante pressão, mas incorporar o que o mercado e a sociedade querem, que é efetivamente essa responsabilidade social da empresa, afetará o modo como o executivo trabalha, lidera e sua visão de gestão.
A Uber é um exemplo interessante. Não há dúvidas de que a empresa revolucionou o modo de se deslocar nas cidades e uma mudança total de perspectiva sobre transporte. Em agosto de 2019 apresentou o maior prejuízo histórico da companhia chegando a US$ 5,24 bilhões.
No Brasil, esse movimento sobre a importância da responsabilidade social, implementação de regras de compliance e governança estruturada se reflete em diversas certificações e indicadores que estão sendo buscados pelas empresas. Essa busca tem reflexo direto na credibilidade das empresas no mercado e no benefício que gera não só na imagem da empresa, mas efetivamente nos seus números. São exemplos Ethos – Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, Empresa Pró-ética – CGU, Selo Ibase, dentre outros.
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As pequenas empresas tem um caráter social muito importante, apesar da maioria delas terem consciência disto, pois estão muito próximas da comunidade local, de seus costumese de seus funcionários. Os pequenos negócios são responsáveis por mais de 50% da força de trabalho no setor privado e a pessoalidade característica das pequenas empresas é um bom exemplo para as grandes empresas, guardadas as devidas proporções.
A empresa que não se adequar a esse novo paradigma não se sustentará por muito tempo. O profissional corporativo que não se adequar a esse novo paradigma será substituído. É claro que o lucro tem que ser buscado pelas empresas de todo porte, pois é da sua natureza, mas os valores estão mudando, as relações estão mais complexas, a sociedade está se transformando, o meio ambiente é protagonista, as cidades estão sufocadas. O horizonte é bem mais amplo.