Como tantos outros segmentos, os brechós de produtos infantis, precursores do movimento de consumo consciente, também tiveram que se reinventar para amenizar os impactos da crise causada pelo coronavírus e as medidas de distanciamento social.
Com as lojas físicas de Belo Horizonte fechadas há mais de 90 dias, o segmento amarga perdas de até 50%. Algumas empresas, mesmo com forte presença na internet, precisaram intensificar as ações digitais para a sobrevivência dos negócios.
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A rede de franquias Joaninha Brechó Infantil, com unidades na Capital e no interior de Minas, por exemplo, chegou a registrar queda de 50% no faturamento no primeiro mês da pandemia.
Foi então que, segundo a diretora da empresa, Vivian Oliveira Vasconcelos de Deus, foram criadas estratégias para fortalecer o e-commerce da empresa e as vendas on-line aumentaram em cerca de 60%. Entre as medidas, chamadas de vídeos com clientes e lives para vendas de produtos em tempo real.
“Nosso e-commerce funciona desde 2018 e, com a demanda observada no período da pandemia, tivemos que dobrar o número de peças cadastradas, além de intensificar o foco nas redes sociais, como Instagram e WathsApp, e contratar mais funcionários”, revelou.
Em relação aos produtos, a empresária disse que, nos últimos meses, aumentou a procura por brinquedos, pijamas e roupas do o dia a dia. A maioria das clientes são mães, tias e madrinhas, geralmente das classes B e C, que querem ver a criança bem vestida sem gastar muito.
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“Nossos clientes estão nos procurando para avaliação de peças, pois a maioria prefere troca. Então entendemos que seja uma forma de economizar, principalmente diante tantas incertezas”, comentou.
Vivian Oliveira disse ainda que a empresa vinha crescendo antes da crise do Covid-19 e as perspectivas para o exercício eram bastante positivas. Com o novo cenário alguns projetos precisaram ser suspensos, mas a estratégia de abertura de lojas permanece. Ao todo, a rede de franquias Joaninha Brechó Infantil tem sete unidades.
Pioneirismo – Fundado em 2010, o brechó Tudo Novo de Novo é um dos mais antigos de Belo Horizonte. Hoje, a loja física está localizada no bairro Santo Antônio, na região Centro-Sul da Capital. De acordo com a proprietária, Anna Christina Leite Rocha, o momento tem sido bastante desafiador. “As vendas estão cerca de 50% mais baixas.”
Diante das restrições de funcionamento, a empresa está focada nas vendas on-line, com forte divulgação nas redes sociais. Segundo a empresária, o cliente tem a opção de retirar na loja, receber pelos Correios ou via motoboy. Ainda assim, conforme ela, foi necessário aderir ao programa do governo federal e reduzir a carga horária dos três funcionários.
“Foi a maneira que encontramos de manter os empregos. Cada dia um vai à unidade física, assim, conseguimos manter o distanciamento e ainda diminuir os custos também com transporte”, argumentou.
Nos últimos meses, a demanda no brechó Tudo Novo de Novo tem vindo principalmente das mães que desejam renovar as roupas das crianças e também das grávidas em busca de enxovais. “Este segmento registrou aceleração, até porque as grávidas não podem esperar a pandemia passar para comprar as roupas dos bebês. Então, temos voltado nossas atenções também para este público”, revelou.
O Desapegos da Carlota, no mercado há dois anos, com loja no bairro Grajaú, região Oeste da cidade, apurou diminuição nas vendas em torno de 40% desde que teve que suspender o atendimento físico. Segundo a diretora, Carla de Araújo Faria, a empresa buscou então, intensificar as vendas on-line.
“Antes, 99% das nossas vendas eram presenciais. E, no início, os clientes ficaram receosos de adquirir produtos usados sem poder vê-los, por isso o impacto foi tão forte. Mas como temos outra loja de produtos novos, a Carlota Babies & kids, fomos conquistando e convencendo as pessoas a comprarem on-line também no brechó”, explicou.
Com isso, conforme ela, em maio e junho já houve melhora em relação a março e abril, mas ainda em patamares inferiores aos de 2019. Para o acumulado do ano, é esperado um resultado pelo menos igual ao do exercício anterior.
“O perfil de compras realmente sofreu grandes mudanças com a pandemia, mas os mineiros ainda gostam de ‘ver com as mãos’, o que inibe as vendas. Infelizmente 2020 será um ano perdido para o comércio, mas também acredito que crescemos como profissionais de venda, nos aperfeiçoando no atendimento ao cliente e na negociação com fornecedores e compras”, ponderou.