Tragédia em Brumadinho eleva busca por compliance

14 de junho de 2019 às 0h18

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Pedroza: muitos CEOs perceberam que se não houver compliance eles podem ser, inclusive, presos. Chamamos esse despertar dos gestores de “efeito Vale” - Crédito: Daniel Magalhães

Especializada em soluções para a implementação de compliance nas organizações, o grupo Verde Ghaia viu sua demanda saltar nos últimos meses, desde o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Segundo o presidente do grupo, Deivison Pedroza, a tragédia evidenciou a necessidade de um controle mais eficiente dos processos corporativos e refletiu no aumento de 50% no número de novos clientes conquistados pela empresa, desde fevereiro.

Com sede em Belo Horizonte, o grupo opera há 20 anos em todo o Brasil, oferecendo serviço especializado de gestão de riscos e soluções para garantir o compliance nas organizações. Segundo o presidente, são 120 funcionários, entre advogados, engenheiros e profissionais de diferentes áreas, que ficam “vasculhando os bancos de dados dos governos” em busca de leis, decretos e deliberações para orientar os clientes sobre as exigências de adequações dos seus negócios.

“No Brasil, temos mais de 90 mil leis que permeiam obrigações das empresas em relação à sustentabilidade, então é um desafio manter os negócios com 100% dos processos regulares. Mas essa é uma realidade que precisa se enfrentada e, nos últimos anos, o compliance começou a ser entendido e valorizado pelas organizações”, afirma.

O assunto voltou a ser amplamente explorado nos últimos cinco meses, desde quando a tragédia da Vale em Brumadinho evidenciou a urgência de um controle mais eficiente dos processos corporativos. O presidente do Verde Ghaia chamou esse despertar dos gestores de “efeito Vale”.

“Muitos CEOs perceberam que se não houver compliance eles podem ser, inclusive, presos. Nós já tínhamos uma média de 20 novos clientes por mês, mas desde fevereiro esse número aumentou para 30. Infelizmente a cultura no Brasil é de ser reativo a um cenário ruim, mas que bom que agora vemos esse movimento pelo compliance”, diz.

Para 2019, a expectativa do presidente é que o grupo cresça 27% em faturamento, em relação ao ano passado. Para garantir a qualidade do atendimento no mesmo ritmo do aumento de demanda, o gestor pretende investir R$ 4,5 milhões em tecnologia e inovação. O aporte será aplicado tanto em ferramentas tecnológicas quanto em apoio a startups que ajudam a empresa a oferecer um serviço mais qualificado.

Doações em vida têm alta de 30%

Essa “corrida pelo compliance” também fica evidenciada no crescente valor arrecadado com o imposto incidente sobre as doações (ITCD) em vida em Minas Gerais. Isso porque a doação de patrimônio é uma das ações realizadas pelos gestores para iniciar a sucessão familiar e profissionalizar a empresa. Segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, em 2017, o valor arrecadado com esse imposto foi R$ 176 milhões, enquanto no ano passado ele aumentou para R$ 235 milhões. O crescimento foi de 30%.

“Há uma pressão do mercado por rígidos processos de compliance. Então, as empresas estão adotando medidas para reestruturação patrimonial e planejamento da sucessão hereditária para a qual há incidência do ITCD.”, explica a economista, especialista em direito societário e tributário e sócia do escritório Grebler Advogados, Izabella Abrão.

A especialista explica que essa reestruturação patrimonial é urgente em boa parte das empresas familiares no Brasil. Isso porque é comum haver nesses negócios uma confusão entre patrimônio de pessoa jurídica e pessoa física. Essa regulamentação também é essencial para garantir uma sucessão profissional.

“Esse planejamento da sucessão futura é muito importante para garantir a sustentabilidade da empresa: é nesse momento que se decide quem serão os herdeiros e quem ocupará os cargos. Pode-se exigir, inclusive, pré-requisitos para o cumprimento dessa sucessão, como a exigência de qualificações ou formações. Isso tudo é muito importante para transmitir transparência e credibilidade aos investidores”, diz.

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