Desemprego leva brasileiro a aceitar remuneração menor

29 de agosto de 2019 às 0h10

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O profissional deve ter muita clareza e consciência da sua escolha., considera Mantovani - Crédito: Divulgação

O medo do desemprego – que, no segundo trimestre de 2019, alcançou a taxa de 12%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – tem alarmado os trabalhadores brasileiros que, por sua vez, têm aceitado a redução na remuneração.

Apesar de o índice ter apresentado uma discreta queda em comparação com os três primeiros meses do ano (12,7%), o 8º Índice de Confiança Robert Half (ICRH) mostra que entre os trabalhadores de nível superior essa é uma realidade para assustadores 93,27% dos profissionais com nível superior atualmente desempregados.

De acordo com os dados apurados pela consultoria, houve um aumento, pois, há um ano, na 4ª edição do estudo, 88% dos desempregados disseram que aceitariam ganhar menos do que no último emprego. Nesse período, também subiu de 68% para 76% os desempregados que aceitariam uma redução de até 20% nos rendimentos.

Segundo o diretor-geral da Robert Half, Fernando Mantovani, esse resultado é reflexo das altas taxas de desemprego no Brasil, ainda que o ICRH mostre que entre profissionais qualificados o desemprego seja mais baixo, na ordem de 6,1%.

“Esse fator, aliado ao cenário econômico desafiador, faz com que o profissional naturalmente aceite ganhar menos. A última Pnad-IBGE (2ºtri19) mostrou que mais de um quarto (26,2%) dos desempregados procuram trabalho há no mínimo dois anos, o que equivale a 3,347 milhões de pessoas nessa condição. É o maior número desde 2012”, explica Mantovani.

O número de pessoas que aceitariam ter uma redução mais brusca de salários também cresce entre aqueles que aceitariam ter alguma redução. 49% aceitaria ter uma redução acima de 15%.

A grande maioria dos profissionais que aceitam um down grade salarial está fora do mercado de trabalho ou teve alguma interrupção na carreira, como: pessoas desligadas da empresa; pessoas que empreenderam por um tempo e querem retornar ao mercado de trabalho; mulheres que saíram do emprego para cuidar dos filhos por um período; pessoas que pediram afastamento para cuidar da própria saúde ou de algum familiar; profissionais que decidiram tirar um período sabático (sendo que a atividade não agregue valor no seu retorno); ou por outra necessidade pessoal.

“O profissional deve fazer um exercício prévio e ter muita clareza e consciência da sua escolha. Também é importante fazer um bom planejamento para que o salário mais baixo não pressione o profissional e seus dependentes. Em paralelo, é necessária maturidade para entender que essa atitude de step back está sendo tomada conscientemente, pensando não apenas no hoje, mas principalmente no futuro”, destaca o diretor-geral da Robert Half.

A notória dificuldade das empresas encontrarem mão de obra qualificada no Brasil é outro componente desse cenário complexo e inclui uma alta taxa de desemprego e a falta de esperança no começo de um novo ciclo de desenvolvimento no curto prazo. O mesmo estudo registrou queda de 4.7 pp no otimismo dos profissionais em relação ao último ICRH.

Ainda que confiança esteja em baixa, o caminho apontado pelo especialista continua sendo o do investimento em educação e qualificação.

“Apesar do alto número de desempregados no Brasil (12,0% segundo a última Pnad-IBGE), a taxa cai pela metade quando consideramos o desemprego entre os profissionais qualificados (com nível superior e 25 anos ou mais), que é de 6,1%, segundo o 8º Índice de Confiança Robert Half. Isso mostra que o momento pede por profissionais que se mantenham atualizados quanto às tendências tecnológicas e os benefícios que elas podem agregar para o negócio. É preciso assumir um perfil consultivo dentro da área e da empresa e, claro, não descuidar das habilidades comportamentais”, analisa.

Por fim, ele orienta como o profissional deve se preparar:

1 – Planejamento financeiro: É importante fazer o planejamento no curto e médio prazos para não ser pressionado por essa decisão de ganhar menos.

2 – Analisar a nova empresa: Avaliar muito bem a empresa em que está entrando para ver se ela pode oferecer o que você não encontrou no passado ou que tenha te levado ao desemprego.

3 – Preparação psicológica: É preciso encarar que se está recomeçando e controlar a ansiedade para não cobrar promoção antes da hora.

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