Empresário reinventa negócio e ainda auxilia lojistas vizinhos

20 de junho de 2020 às 0h15

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Hoje não tenho mais concorrentes, tenho parceiros, afirmou Alexandre Rezende, da BHMix | Crédito: Luz em Filme/Renato Matos

Sem tempo, sequer, para perder o rumo, os pequenos negócios enfrentam com resiliência e solidariedade a maior crise sanitária e econômica enfrentada pelo mundo nos últimos 100 anos.

A pandemia do Covid-19 evidenciou a desigualdade social e as dificuldades específicas dos negócios locais para sobreviver sem acesso ao crédito, sem capital de giro e, muito menos, sem condições de investir em tecnologia.

A BHMix, empresa especializada em embalagens, artigos para festas, material de limpeza, bomboniere, utilidades do lar e brinquedos, localizada na região da Pampulha, viu a demanda por materiais de limpeza e produtos de higiene aumentar durante a pandemia e reorganizou o modelo de negócio.

De acordo com o diretor proprietário da BHMix, Alexandre Rezende, ter o alvará de supermercado impediu que a empresa fosse obrigada a fechar, mas, mesmo assim, os clientes não apareciam com tanta frequência e passaram a buscar por itens diferentes do comum.

“Temos seis anos de mercado e somos uma loja grande, com 300 metros quadrados, e grande variedade de produtos. Itens populares como brinquedos e artigos para festas estão saindo muito pouco, enquanto os itens e limpeza e higiene passaram a ser mais procurados. Então reorganizamos a nossa distribuição. Também investimos em outras formas de entrar em contato com os nossos clientes, fortalecemos as redes sociais e estamos vendendo pelo Instagram”, explica Rezende.

Ao mesmo tempo que transformou o próprio negócio, o comerciante encontra tempo para se preocupar com os colegas de varejo. Inspirado na onda das lives, criou uma rede de solidariedade em que empresários locais de diversos segmentos ajudam uns aos outros a vender. Ele criou um formato diferente para as transmissões ao vivo que se tornaram sucesso na pandemia.

A “Live show BHMix” é realizada dentro da loja e o público em casa pode participar de diversos jogos e brincadeiras a distância com a família. Enquanto isso, comerciantes locais participam oferecendo seus produtos e fazem parte das brincadeiras para divulgar o próprio negócio.

“Buscamos parcerias com os pequenos comerciantes como confeiteiras, a loja de açaí, o depósito de material de construção, entre outros. Até agora, já participaram mais de 40 empresas. Estamos jogando energia no mercado. Sabemos que muita gente não vai voltar, mas precisamos que os pequenos continuem motivados. O próximo passo será criar um guia on-line de empresas da região”, adianta.

Passar quatro, das principais datas do varejo – Páscoa, Dia das Mães, Dias dos Namorados e Festas Juninas – em meio à pandemia, não desanima o empresário, que já desenvolve projetos de trabalho junto com outras empresas focados em treinamento e comunicação.

“Hoje não tenho mais concorrentes, tenho parceiros. Para vendermos, temos que ser vistos, vamos focar nisso. Outro dia uma comerciante da região ficou sem um determinado produto e eu passei para ela. Depois foi minha vez, e ela me atendeu. Esse é o jeito de todos nós sobrevivermos, sendo solidários”, destaca o diretor da BHMix.

Compartilhamento – A solidariedade também pode vir na forma de compartilhamento de conhecimentos. Há cerca de três anos, em São Paulo, as empresárias e investidoras Regina Giacomelli Politi, Simone Schapira Wajman e Marilene Bertoni Nigro passaram a organizar encontros informais frequentes com o objetivo de ajudarem umas às outras a buscar conhecimento e trocar experiências sobre economia e finanças.

Foi assim que surgiu a ideia de criar o Grupo Independente de Mulheres Investidoras (Gimi Network), uma rede de educação financeira e experiências voltada ao público feminino.

Agora, em meio à pandemia, o grupo se fortalece e lança uma plataforma com duas vertentes: a educacional, com cursos de educação financeira voltados para mulheres, e a de experiências e networking, que funcionará como um clube para associadas.

De acordo com a cofundadora do Gimi Networking, Simone Schapira, a função do grupo é também acolher as mulheres que querem participar de um setor ainda extremamente masculino. Assim que as restrições ao deslocamento permitirem, o objetivo é voltar a fazer reuniões presenciais e trazer a experiência para Belo Horizonte.

“Lançamos o primeiro curso no dia 8 de março e, logo depois, veio o distanciamento social. Paramos tudo e tivemos uma semana para tornar tudo on-line. Tínhamos a opção de desistir ou seguir. Resolvemos que não podíamos parar. O nosso objetivo é fortalecer as mulheres para o momento de tomar decisão de como gerir seu recurso. Falamos português e não economês. Queremos atingir esse mercado de uma forma especial. O mercado precisa de um olhar treinado. E isso aumenta a assertividade da decisão. Essa sororidade é muito importante entre nós”, explica Simone Schapira.

Periferia Viva – Na outra ponta social, mas no mesmo sentido, caminha o projeto Periferia Viva. A rede trabalha com ferramentas de tecnologia social. A plataforma on-line reúne e disponibiliza, de forma aberta, ampla e gratuita, todas as informações levantadas nas ações de articulação social.

Além disso, fortalece essas ações de articulação ao dar visibilidade às iniciativas de enfrentamento ao coronavírus nos territórios periféricos e ao possibilitar o cadastro on-line tanto das iniciativas em curso e das demandas das mesmas, quanto das ofertas de apoio e as oportunidades de ação colaborativa.

“A plataforma é um lugar de visibilidade e, mais que isso, de articulação. Nós apresentamos ao público iniciativas que foram checadas e fazemos articulação entre elas. Muitas vezes elas podem se fortalecer trabalhando juntas. Tínhamos, por exemplo, dois grupos de mulheres que precisavam gerar renda e uma instituição que poderia orientá-las. Fizemos a articulação e conseguimos doação de tecidos e o trabalho voluntário de uma design de moda. Agora elas produzem máscaras para doar e, também, vender, gerando renda para essas mulheres que não podem sair de casa para trabalhar”, pontua a coordenadora do projeto, Emanuela São Pedro.

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