Setor aéreo incentiva a criação de um nicho
11 de janeiro de 2019

Chegar ao aeroporto para uma viagem e dar de cara com um painel que anuncia o atraso ou cancelamento do voo. A experiência vivida por milhares de passageiros é sinônimo de frustração, dor de cabeça e prejuízo para quem desejava apenas ir e voltar de um destino para o outro. Mas, nos últimos anos, a situação tem se tornado, também, negócio para startups que encontraram no problema uma oportunidade de empreender. As empresas oferecem assessoria jurídica gratuita aos clientes e conduzem todo o processo na Justiça para exigir indenização aos passageiros. Se a ação tiver êxito, as empresas ganham uma porcentagem sobre o valor.
Em Belo Horizonte e região metropolitana há diversas empresas atuando nesse nicho de mercado. Uma das primeiras a surgir na cidade é a Cancelou.com, que foi criada em janeiro de 2017 e tem sede no Vila da Serra, em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A empresa atende clientes que foram lesados enquanto viajavam por companhias aéreas, seja devido a cancelamentos de voo, atrasos em mais de 4 horas e que não tenham sido causados por questões meteorológicas, extravio de bagagem ou outras situações que trouxeram algum tipo de prejuízo ao consumidor.
De acordo com o CEO, Humberto Diniz de Lima, a Cancelou.com disponibiliza diferentes canais para que os clientes façam seus relatos e solicitem os serviços da empresa. Os consumidores podem entrar em contato pelo site, aplicativo, por telefone (0800) e, ainda, por dois números de WhatsApp. Segundo o empreendedor, basta que o cliente faça seu relato, anexe alguns documentos e aguarde a análise da equipe.
“Nós avaliamos se é uma demanda que, de fato, gera indenização e, se for, entramos em contato para iniciarmos o processo de defesa. Todo esse processo é gratuito e nossa comissão só acontece se houver êxito na ação”, explica. A startup fica com 25% do valor da indenização. Com dois anos de operação, a Cancelou.com já atendeu mais 2 mil clientes e gerou mais de R$ 5 milhões em indenização. De acordo com Lima, as ações duram cerca de três a cinco meses até a indenização, cujo valor médio é de R$ 5 mil.
O empreendedor destaca que a especialização da empresa em ações ligadas às companhias aéreas faz com que o processo seja rápido e simples, sem dor de cabeça para os clientes. Ele afirma que o ano de 2018 foi de muita demanda para a startup e espera um 2019 ainda melhor, com até 50% de crescimento no faturamento em relação ao ano passado.
Êxito nas ações – A Indenizaré outro exemplo de startup belo-horizontina que está explorando o nicho de ações contra companhias aéreas. A empresa tem dois anos de criação e já atendeu mais de 500 clientes de diferentes lugares do País. De acordo com o CEO, Bruno Camargos, cerca de 90% das ações ajuizadas tiveram êxito, gerando indenizações de R$ 2 mil a R$ 15 mil. “Recebemos os casos por meio do nosso site e fazemos uma análise de viabilidade. Se couber ação entramos em contato com a nossa rede de parceiros jurídicos espalhados pelo Brasil e iniciamos o processo”, explica. Segundo ele, a Indenizar fica com uma porcentagem de 20% a 30% do valor da indenização. A porcentagem varia de acordo com a complexidade do caso.
Para ele, a grande inovação do serviço está na facilidade do processo e na ausência de risco, já que o cliente só paga se a ação for vitoriosa. Além disso, Camargos ressalta a importância dessa atuação para gerar uma ação corretiva nos serviços prestados pelas companhias aéreas. “Na medida em que surgem empresas como a nossa, que exigem a indenização e geram custos que antes as companhias não tinham, elas passam a se movimentar para melhorar a prestação de serviço”, frisa.
Já a Extraviou.com é uma das novatas no segmento. A startup foi criada em Belo Horizonte há seis meses pela advogada Alessandra Maakaroun Pereira. “Eu estudava para concurso e minha forma de gerar renda era com ações contra companhias aéreas em casos de amigos e familiares lesados. Até que encontrei minha sócia e decidimos abrir uma empresa para se dedicar ao assunto”, relata. A startup cobra uma taxa de 20% sobre o valor da indenização em casos de êxito.
Nos últimos meses, a Extraviou.com atendeu uma média de seis clientes por mês, gerando indenizações médias de R$ 5 mil por ação. Segundo a CEO, os casos de atrasos e cancelamentos de voos são os que mais aparecem, mas sempre há ações relacionadas a extravio de bagagem e overbooking. Para a empreendedora, o brasileiro ainda é lento na busca de seus direitos enquanto consumidor de companhias aéreas. “De um voo que atrasa, cerca de 20% das pessoas entram com uma ação. Muita gente nem sabe que tem direito à indenização”, afirma.
Modelo diferenciado – Com sede no bairro Funcionários, na região Centro-Sul da Capital, a Quick Brasil também atua oferecendo indenizações a consumidores lesados pelas companhias aéreas. Mas a empresa seguiu um caminho diferente das demais. Em vez de oferecer o serviço de um advogado que vai entrar com uma ação, a empresa oferece ao consumidor uma indenização imediata no valor fixo de R$ 1.000. Em troca, o passageiro precisa renunciar o recebimento de qualquer outro valor da companhia aérea referente ao caso. A Quick Brasil, por sua vez, passa a reivindicar a retratação diretamente com a companhia, assumindo os riscos e os resultados.
“Se o consumidor decide entrar com a ação da forma tradicional ele pode até receber uma indenização muito superior aos R$ 1.000 que oferecemos.
Mas, no nosso modelo, ele tem a vantagem de não ter que passar por todo o processo, ir a audiências e ainda receber o valor de R$ 1.000 em até uma semana”, afirma o CEO, Thiago Naves. De acordo com ele, a Quick Brasil é especializada em cancelamento ou atrasos de voos acima de 4 horas e não aceita outros casos, como extravio de bagagem. Com um ano e meio de operação, a empresa já cadastrou 4 mil pessoas, das quais 50% tiveram casos convertidos em indenizações.

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