Desenvolvido no final do século 19, na Inglaterra, por Joseph Aspdin, o cimento Portland, o mais utilizado em todo o mundo, foi “turbinado” por pesquisa desenvolvida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O produto é obtido com base na síntese de fibras nanométricas diretamente sobre o cimento. Elas modificam as propriedades mecânicas do material original após o acréscimo de água, resultando em um produto mais “enriquecido” e mais resistente a fissuras e à compressão.
A síntese de nanotubos de carbono sobre o cimento é um projeto desenvolvido por professores e pesquisadores da UFMG há mais de uma década. No ano passado, teve sua patente reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), alçando o Brasil ao privilegiado grupo de países com licença para produzir um material dessa natureza, ao lado dos Estados Unidos e da China. O material desenvolvido pela UFMG também é patenteado nesses dois países.
“O cimento é o material mais utilizado na construção civil no mundo. Ao melhorar sua qualidade, melhoramos também as propriedades do concreto, da argamassa e de outros materiais que usam o cimento e seus compostos na construção civil”, explica o professor José Márcio Calixto. Ele acrescenta que o produto nanoestruturado tem potencial de uso no processo de perfuração de poços de exploração de petróleo.
Um dos diferenciais da tecnologia desenvolvida pela UFMG é o processo de síntese do nanotubo direto no cimento, abordagem iniciada pelo professor Luiz Orlando Ladeira. “Em termos de aplicação, a técnica viabiliza a utilização dos nanotubos de carbono, materiais que incorporam resistência mecânica às matrizes cimentícias, com um custo reduzido e exequível para a indústria da construção civil”, explica Tarcizo Cruz, que é supervisor da frente de pesquisa Cimento e Materiais Cerâmicos do CTNano/UFMG.