Homens buscam espaço no mundo das lingeries

17 de setembro de 2020 às 14h45

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Crédito: Val Allans

Para quem pensa que o ramo da moda íntima é um setor no qual apenas as mulheres atuam está completamente enganado. É bem verdade que elas dominam a área, a exemplo disso, o polo da moda íntima de Juruaia (MG), considerada a capital da lingerie, que tem 95% de suas confecções lideradas pelo sexo feminino.

Ao todo, são mais de 200 empresas instaladas na cidade, que vendem mais de 1,5 milhão de peças por mês. Anualmente, são produzidas aproximadamente vinte milhões de peças. Um verdadeiro complexo, no qual as mulheres mostram do que são capazes.

No entanto, nesse cenário majoritariamente “cor de rosa”, os homens se renderam a moda íntima e deixaram de lado carreiras e áreas de atuação para ingressarem nesse mercado.

O ex-boia fria e agora administrador de uma empresa de lingerie da cidade, João Carlos de Iório, é um exemplo clássico dessa migração. Ele nasceu em uma fazenda e com 11 anos mudou para o centro de Juruaia. Aos 22 anos, casou-se. Passado um tempo, ingressou em um supermercado da região.

Junto com sua esposa Lúcia Iório, pegou um empréstimo e deu início a uma confecção de moda íntima. João Carlos trabalhava nas duas atividades. Continuou no supermercado e nas horas vagas fazia a entrega das peças produzidas. Ficava a cargo dele limpar, embalar e sair para vender as lingeries durante o dia para sacoleiras.

“No começo foi estranho vender lingerie. No entanto, percebi que era preciso discernir o uso do produto. Focava na qualidade e trabalhava com indicação. Senão ficava difícil a pessoa me receber em casa”, lembra João Carlos. E completa: “Desde 1994 atuo no ramo e a lingerie é o sustento de toda a minha vida. Foi o que me tirou da roça e me deu a oportunidade de aprender a administrar”.

Já Gustavo Piza, também administrador em uma confecção de Juruaia, tinha a intenção de cursar Direito e seguir carreira militar, mas acabou cursando Administração e começou a assumir cargos de mais responsabilidade na empresa familiar. “Peguei gosto e me dediquei a moda. É um mundo muito vasto e estou realizado” conta.

Val Allans seguiu por outro caminho no ramo da moda íntima. Antes de trabalhar no polo, chegou a atuar como assistente de padeiro, atendente de sorveteria e até em uma funerária. Com 15 anos começou a trabalhar em uma confecção de lingerie e aprendeu a costurar em todas as máquinas, a cortar, além de ter acesso a fundamentos de vendas e marketing, modelagem e desenvolvimento de produto. Gostou tanto da área que foi buscar uma formação, onde chegou a cursar uma pós-graduação em moda e negócios. Depois de um tempo, criou a marca própria.

Com a experiência reunida começou a fazer trabalhos para outras empresas, que buscavam nele, principalmente, conhecimento em produção de moda, desenvolvimento de coleção e vitrinismo. E mais uma vez, a lingerie abriu as portas para Val Allans, que iniciou mais uma empresa. “Vi na lingerie e em Juruaia a oportunidade de crescer profissionalmente. Esse mercado me trouxe a realização pessoal e a concretização de sonhos”, explica.

O polo da moda íntima de Juruaia gera cerca de cinco mil empregos, tanto para homens e mulheres. Para ofertar cada mais oportunidades, a cidade realiza todos os anos diversos eventos, como o 16º Festlingerie Juruaia, um dos principais encontros do setor da moda íntima, praia, fitness e pijamas do país, promovido pela ACIJU (Associação Comercial e Industrial de Juruaia) e pelo Sebrae Minas.

O evento, que terá pela primeira vez sua edição 100% on-line, acontecerá entre os dias 21 e 26 de setembro, e será transmitido pelo site. A participação é gratuita.

Durante o evento 50 marcas vão lançar suas coleções primavera e verão 2021 com peças personalizadas e tecidos com alta tecnologia, que permitem mais conforto e leveza, sem deixar de lado o brilho e a beleza, além de outras surpresas. De acordo com o gerente da Regional Centro-Oeste e Sudoeste do Sebrae Minas, Leonardo Mól, é uma oportunidade única para revendedores e lojistas de todo o Brasil adquirirem as peças que vão contribuir para ditar a moda pelo país e outros países.

Já para o presidente da ACIJU, José Antônio da Silva, o Festlingerie reserva excelentes expectativas. “O evento representa a abertura das vendas de Natal. Esperamos que o volume de negócios nesta época do ano seja ainda mais generoso”, afirma o Silva.

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