Livro retrata espaços de leitura da Capital

12 de dezembro de 2020 às 0h14

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No mês em que completa 123 anos, Belo Horizonte ganha um registro importante sobre as experiências de seus moradores nos espaços de leitura. Será lançado, no dia 15 de dezembro, às 19h30, o livro História afetiva de leitores e bibliotecas em Belo Horizonte. O lançamento acontece em live no Youtube do projeto História afetiva BH e na página do Facebook História afetiva BH.

Idealizado e desenvolvido pelas pesquisadoras na área da leitura, Cleide Fernandes, Fabíola Farias e Maria da Conceição Carvalho, o livro reúne depoimentos da população da cidade, incluindo também relatos de belo-horizontinos com participação ativa no setor literário.

O objetivo da publicação é contar uma história da cidade pelo viés da leitura, resgatando a ligação afetiva dos moradores com os mais diversos espaços culturais. O livro traz 42 depoimentos espontâneos colhidos em campanha do projeto realizada nas redes sociais, além de relatos de outros 20 entrevistados com atuação na cena literária de Belo Horizonte.

Segundo a bibliotecária Cleide Fernandes, a escolha dos entrevistados buscou uma leitura baseada na diversidade. “Nosso intuito era ouvir vozes distintas, com destaque para histórias de leitores de todas as regiões da cidade”, explica.

Foram entrevistados Alessandra Gino, bibliotecária; Aline Cântia, pesquisadora da tradição oral e narradora de histórias; Ana Elisa Ribeiro, professora universitária e escritora; Camila Félix, poeta e pesquisadora dos coletivos de saraus da Região Metropolitana de Belo Horizonte; Carlito Homem de Sá, bacharel em letras, servidor público e leitor do Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais; Elizete Lisboa, escritora; Etiene Martins, jornalista e livreira; Fabrício José Nascimento da Silveira, pesquisador e professor universitário; Francisco de Moraes Mendes, escritor; Léo Gonçalves, poeta e tradutor, e Macaé Evaristo, educadora. Márcia Maria Cruz, jornalista; Marcílio França Castro, escritor; Maria Antonieta Cunha, editora, professora universitária, tradutora e fundadora da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte; Maria Mazzarelo Rodrigues, editora; Nelson Cruz, escritor e ilustrador; Norma de Souza Lopes, poeta e professora; Odilon Esteves, ator e idealizador do projeto Espalhemos Poesia; Rafael Mussolini, pedagogo e estudante de biblioteconomia, com atuação  junto a bibliotecas comunitárias; e Rogério Coelho, escritor e fundador do Coletivoz – Sarau de Periferia.

Segundo Aline Cântia, pesquisadora, contadora de histórias e uma das entrevistadas, o livro é um documento histórico, já que traz um recorte dos tempos atuais e dos projetos que acontecem na cidade. “A publicação será usada como referência de um marco temporal. Trata-se de um registro não só teórico, mas que conta a história de como a literatura afeta as pessoas, a experiência de cada um com a leitura nos espaços da cidade”.

“Foi muito especial para mim não só revisitar as minhas memórias e descobrir a minha relação estreita com as bibliotecas além do que eu tinha consciência, mas também refletir sobre a relação do belo-horizontino com esse espaço múltiplo que é a biblioteca e todas as situações que ela proporciona além do contato com os livros”, afirma Carlito Homem de Sá, outro entrevistado do projeto.

Formado em Letras e leitor do Setor Braille da Biblioteca Pública Estadual, Carlito Homem de Sá destaca a importância da publicação como espaço para trabalhar histórias e memórias fundamentais para a construção de uma tradição literária da cidade e de um perfil da nossa realidade urbana. “O livro traz muitas reflexões e preciosidades em histórias que, com suas diferenças e semelhanças, ampliam o diálogo com a simbologia das bibliotecas em nossa vida e no meio urbano”, afirma.

Políticas públicas – Os depoimentos colhidos, diz Fabíola Farias, mostraram a importância das políticas públicas de promoção da leitura para os moradores da cidade. “Os relatos do livro reafirmam que a ação do poder público é fundamental na promoção do acesso a bens culturais na cidade, especialmente nos bairros mais afastados do centro”, explica.

As histórias mostram também, segundo a pesquisadora, a relevância dos eventos e ações culturais permanentes na área da leitura. “Mesmo assim, estes eventos e ações ainda se mostram insuficientes, na medida em que estão concentrados na região central de Belo Horizonte, com a permanência de lugares completamente desassistidos na cidade”, completa.

Os modos diversos de consumo de livros e da relação com os espaços de leitura também aparecem na narração dessa história. “As visitas às livrarias e sebos continuam presentes na vida de parte das pessoas, mas muitas delas, especialmente as mais jovens, se habituaram às compras pela internet”, afirma Cleide Fernandes.

Outra questão abordada nos depoimentos é a da falta de acessibilidade para pessoas com deficiência. “O que percebemos é que, apesar de a cidade ter começado a se dar conta da importância de se garantir a acessibilidade, ainda são poucas as políticas públicas que promovem a inclusão nos espaços de leitura”, comenta Fabíola Farias.

Novas cenas e produção independente – Por outro lado, aponta a pesquisadora Maria da Conceição Carvalho, fica evidente que o movimento que vem das periferias ganhou espaço na cena literária da cidade. “Novas vozes e novas cenas literárias estão surgindo e coexistindo, o que é bastante promissor. Hoje, a possibilidade de publicar também é maior, com o aumento da circulação de livros independentes, produzidos e vendidos pelos próprios autores”.

O livro História afetiva de leitores e bibliotecas em Belo Horizonte terá distribuição gratuita. Inicialmente, serão ofertados 200 exemplares durante a live de lançamento. Posteriormente, o livro será disponibilizado nas bibliotecas da cidade.

A publicação também estará disponível para download, com recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, a partir do dia 15 de dezembro, no blog. Após a reabertura das bibliotecas, haverá uma exposição itinerante nos centros culturais de Belo Horizonte, com depoimentos e um ensaio fotográfico do livro.

“Sabemos, de certa forma, que os livros pertencem a muitos e a ninguém ao mesmo tempo. E a minha paixão por eles começou num desses lugares físicos, que comportam muitos outros lugares, e que para mim era motivo de muitas alegrias. A Biblioteca Paulo Lúcio da Rocha, da Escola Municipal Carlos Drummond de Andrade, me abrigou por três anos em que cursei o ensino fundamental; não era uma biblioteca grande, mas na minha lembrança era bem maior do que atestei quando pisei lá no ano passado. O fato de a biblioteca parecer bem maior, na minha lembrança, acho que diz da importância que aquele lugar tinha na minha vida”, lembrou Thais Duarte Silva, professora de Língua Portuguesa na rede estadual de Minas Gerais e que faz formação em Psicanálise.

Este projeto foi realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte. Link do livro: encurtador.com.br/euDL0. Confira outras informações sobre o aniversário de Belo Horizonte na página 18.

FICHA TÉCNICA

História afetiva de leitores e bibliotecas em Belo Horizonte
Coordenação geral: Cleide Fernandes
Organização do livro e entrevistas: Cleide Fernandes, Fabíola Farias e Maria da Conceição Carvalho
Fotografia: Valdir Santos
Ilustração da capa: Anna Cunha
Coordenação editorial e projeto gráfico: Jéssica Tolentino
Revisão de texto: Fabíola Farias

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