Mineirinho é entregue à iniciativa privada
Empresa vencedora, que já administra o Pacaembu, pretende investir mais de R$130 milhões durante a concessão
20 de maio de 2022 às 0h30
Parte do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Patrimônio Cultural da Humanidade, o Estádio Jornalista Felipe Drummond – o Mineirinho -, na região da Pampulha, passa agora a ser administrado pela iniciativa privada. O espaço, inaugurado em 1980, como maior ginásio coberto do Brasil, serviu como palco para alguns dos mais importantes eventos esportivos e culturais do País ao longo desse tempo.
A licitação de concessão na modalidade internacional foi realizada ontem, no plenário da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra). O consórcio vencedor “DMLD/Progen” venceu a disputa com o lance de R$ 103,6 mil.
O vencedor da licitação pode explorar o espaço pelo prazo de 35 anos e será responsável pela reforma completa da estrutura, bem como sua conservação e gestão durante todo período de contrato. Com a concessão, o Estado deixará de gastar R$ 2 milhões por ano com a manutenção do Mineirinho.
Como obrigação, o consórcio terá que investir cerca de R$ 41 milhões na reforma no imóvel nos dois primeiros anos, além da constante manutenção, ao longo dos 35 anos de concessão, que ultrapassam a soma de R$ 132 milhões. Outro ponto de destaque é que está vedada a mudança de nome do estádio.
O imóvel tem área construída de 56 mil metros quadrados, distribuídos em nove níveis, e capacidade para o recebimento de aproximadamente 20 mil pessoas. Conta também com mais de 75 mil metros quadrados de área externa.
De acordo com o secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Fernando Marcato, a concessão, além de deliberar o Estado dos custos de manutenção do Mineirinho, ainda vai gerar renda através do pagamento de outorga sobre o lucro de cada evento realizado.
“O Mineirinho é um patrimônio do Estado, um ativo que já trouxe muitas alegrias para os mineiros e que estava esquecido. Essa gestão vem tentando trazer um parceiro adequado para que possa explorar o potencial desse equipamento público. Temos que cuidar das obrigações do poder público e não faz sentido o estado fazer a administração de um equipamento que, certamente, empresas como essas empresas presentes têm condições de fazer de maneira muito mais eficiente”, explicou Marcato.
Segundo o sócio-proprietário da DMDL, Frederico Freitas, que também administra o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, e o Centro de Convenções de Teresina, no Piauí, assumir o Mineirinho é um desafio e uma oportunidade de criar um circuito capaz de receber grandes eventos culturais e esportivos.
“Temos uma etapa de entrega da documentação e a partir do momento que assinarmos o contrato, começamos com as obras e vamos entender por onde começamos a trabalhar na captação de eventos”, afirmou Freitas.
A atual Feira do Mineirinho, que funciona há 13 anos no empreendimento, deve continuar. Ainda de acordo com o empresário, já foram realizadas conversas com os organizadores para que o evento seja remodelado e volte ao local.
As obras devem adotar novas tecnologias com objetivo de adequar o empreendimento aos parâmetros de uma gestão que preza pela responsabilidade socioambiental.
“Nosso objetivo é tornar o Mineirinho um estádio sustentável. Ele é um equipamento com mais de 40 anos e precisamos estudar o que pode ser feito e como pode, levando em conta que é um patrimônio tombado. Imagino, por exemplo, que podemos aproveitar a laje para recolher água de chuva ou implantar células fotovoltaicas. Isso é importante na redução dos nossos custos e, claro, faz parte da nossa contribuição para um mundo melhor”, completou o sócio-proprietário da DMDL.