O mundo mudou de forma rápida e até assustadora nos últimos dois anos. A futurista EdieWeiner, em seu livro “Future Think: How to Think Clearly in a Time of Change”, contextualiza muito bem a volatilidade que o mundo vive hoje. Segundo a autora, vivemos uma mudança de era e não uma era de mudanças. Edie dá nome a essa nova era: Templosion – que significa “transformações muito grandes acontecendo e sendo atualizadas em curto espaço de tempo”.
Pegando carona nesse cenário de transformações e num futuro antecipado pela pandemia, precisamos falar mais sobre Capitalismo Consciente. Não é à toa que ele está conquistando as empresas brasileiras que buscam a oportunidade de demonstrarem responsabilidade de uma forma consciente e que esteja alinhada com o propósito dos seus negócios.
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Solidariedade e empatia em tempos de pandemia podem ser uma resposta das empresas à cobrança da sociedade por um mundo mais justo, por ambientes mais seguros para se viver, por negócios mais conscientes e por um planeta mais saudável, já que há anos ele apresenta sinais de esgotamento. Será que estamos vivendo o grande momento da transformação do capitalismo?Alguns sinais já podem ser vistos e percebidos.
Para RajSisodia e John Mackey, líderes globais do movimento – Mackey é co-founder e CEO da WholeFoods Market, líder mundial na venda de alimentos naturais, orgânicos e sem conservantes; e Sisodia é professor e pesquisador da Universidade Babson, tradicional escola de negócios dos Estados Unidos – autores do livro Capitalismo Consciente: Como Libertar o Espírito Heroico dos Negócios, “grande parte do capitalismo e da lógica dos negócios, permaneceu inconsciente por tanto tempo e agora começa a despertar no nível da consciência.” Já estava na hora disso acontecer.
Talvez a maior mudança vivida hoje, por nós – seres humanos -, seja o despertar de nossa consciência. O que significa tornar-se mais consciente como indivíduo e como empresa?
Ser consciente significa estar totalmente desperto e lúcido para enxergar a realidade com clareza e para entender todas as consequências de nossas ações, em curto e longo prazos. Isto significa estarmos atentos ao que se passa dentro de nós mesmos e na realidade externa, bem como aos impactos disso tudo sobre o mundo. Significa, também, ter um forte compromisso com a verdade e agir de modo mais responsável, de acordo com o que entendemos ser verdadeiro.
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A verdade é que precisamos de uma nova filosofia para os negócios pela qual possamos nos orientar e trabalhar. O futuro da vida no planeta e o destino das próximas gerações serão fortemente afetados pelas escolhas feitas hoje.
Gosto de citar o livro “Como ser um bom ancestral: A arte de pensar o futuro num mundo imediatista”, do autor Roman Krznaric, onde ele pergunta: “Que legado deixaremos para nossos filhos, netos e bisnetos?”. Segundo Roman, precisamos urgentemente desenvolver um pensamento de longo prazo para criar sociedades sustentáveis. As organizações precisam pensar em como serão lembradas e julgadas pelas futuras gerações.
Uma empresa consciente não quer deixar pegadas negativas resultantes de seus atos impensados no presente. O livro convoca e força as empresas a agirem sobre a consciência de um legado que as beneficia ou as prejudica. Mas como mudar esse modus operandi e aumentar a consciência sobre a relação entre o presente e o futuro? Esse, talvez, seja o grande desafio que as organizações enfrentam hoje. E isso tem tudo a ver com propósito.
Termino com uma citação da jornalista Claudia Penteado: “A razão de existir de marcas e empresas pode ser a única chance de não afundar no oceano da desimportância”.