A ONU e a paridade de gênero

16 de março de 2021 às 0h10

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Crédito: Freepik

“Este ainda é um mundo dominado por homens”. (Antônio Guterres, Secretário-Geral da ONU)

O Secretário-Geral da ONU, Antônio Guterres, sintetizou magistralmente questões ligadas à promoção da mulher no contexto mundial, num diálogo virtual, com participantes do chamado “Grupo de Amigos da Prioridade de Gênero”. Sustentou que a paridade implica em ingentes esforços globais.

Lembrou que, no curso da avassaladora pandemia do coronavírus, as organizações de mulheres têm preenchido lacunas cruciais na prestação de serviços. “As mulheres construtoras da paz vêm desempenhando papel vital nas mensagens de saúde pública em comunidades de baixa confiança e afetadas por conflitos”, sublinhou. Revelou que 70 por cento dos profissionais de saúde e cuidados essenciais da linha de frente, no combate à Covid-19, são do sexo feminino, integrantes de “grupos racial e etnicamente marginalizados e da base da escala econômica”. Guterres afiançou que, mesmo assim, com as mulheres protagonizando funções realçantes na crise humanitária, mostra-se notório o retrocesso “nos avanços conquistados a duras penas nos direitos das mulheres”. O Secretário-Geral explicou que o retrocesso pontuado, além de afetar as mulheres, prejudica também a todos os seres humanos e “o nosso trabalho pela paz e prosperidade”. Conclama as lideranças e a sociedade para uma mudança do estado de coisas reinante na marcha civilizatória. São imensos os desafios a superar, anotou, argumentando que, “muitas vezes, os serviços são prestados por mulheres, mas as decisões são tomadas por homens”.

No pronunciamento são apontados inúmeros sinais de desigualdade, no cenário mundial, no tocante à condução dos negócios ligados à vida. Apenas 22 países têm mulher como Chefe de Estado. Apenas 21 por cento dos cargos ministeriais são confiados a mulheres. Mulheres representam menos de 25 por cento dos legisladores. “As mulheres têm o mesmo direito de falar com autoridade sobre as decisões que afetam suas vidas”, assinalou o Secretário-Geral da ONU. Ele explicitou ainda que a presença da mulher nas grandes decisões sobre o destino humano é fundamental na reconstrução do que foi duramente afetado pela pandemia, pandemia essa que “agravou a desigualdade de gênero, empurrou mais mulheres para a pobreza sem emprego e sem acesso a serviços médicos e educacionais, inclusive saúde sexual e reprodutiva”.

Guterres deixou ressaltado também que o concurso feminino nas resoluções das lideranças mundiais é imprescindível para enfrentar os desafios urgentes da atualidade, envolvendo pandemia, mudanças climáticas, aprofundamento das disparidades sociais, conflitos de retrocesso nas práticas democráticas. Frisou, com convicção: “A igualdade de gênero é essencialmente uma questão de poder”. Acrescentou: “Mas o poder igual não acontecerá por si só. Este ainda é um mundo dominado por homens com uma cultura dominada por homens”.

Propondo uma conjugação de vontades, com visão de grandeza, para fazer a igualdade de gênero acontecer, confessou-se orgulhoso “por termos alcançado a paridade de gênero nos cargos de liderança da ONU, pela primeira vez na história”. Conclamou, ao final, os dirigentes mundiais a canalizarem esforços no sentido da transformação das normas sociais, na implementação de leis e políticas de apoio à mulher em seus propósitos de assumir lideranças, inclusive com medidas especiais e cotas que contemplem metas ambiciosas.

A momentosa manifestação abrangeu mais estas propostas: a) acesso ao financiamento para mulheres candidatas a postos eletivos, organizações de mulheres e movimentos feministas; b) apoio a lideranças femininas com toda a sua diversidade e habilidades, incluindo mulheres jovens, migrantes, indígenas, mulheres com necessidades especiais, mulheres de cor e mulheres ligadas a grupos de orientação sexual diferenciada.

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