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Agosto e esse velho vento da aventura

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  • Por Diário do Comércio
  • Em 12 de agosto de 2020 às 00:14
Crédito: Freepik

Lindolfo Paoliello*

O tempo traz agosto; agosto traz o vento. E este o que nos traz e nos leva aonde? Paulo Pinheiro Chagas – que além de médico, advogado, agrimensor e político era também meteorologista – classificou o fenômeno como “esse velho vento da aventura”. Se ele era meteorologista, eu sou cronista e escrevo ao sabor do tempo. Por que esse zoom (ops!), vindo não sei de onde, sussurra, ruge, agita e faz medo só porque sopra em agosto?

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Diziam os antigos – e eles sabiam de coisas que nós não alcançamos – que “agosto é o mês do desgosto”. Cito o Google: No século 1, nas noites de agosto, um dragão atemorizava os romanos cuspindo fogo no céu da “cidade eterna”. Já no tempo das grandes navegações, os portugueses, que eram dados a descobrir terras e imaginar coisas, entenderam que não era uma boa casar-se no oitavo mês do ano (época em que costumavam partir as caravelas) porque os marujos tinham o hábito de zarpar e não voltar, daí nascendo a crença de que “casar em agosto traz desgosto”.

O mês do mau agouro não perturba apenas os homens. Por ser agosto o momento em que ocorre maior incidência de cadelas no cio, os machos mordem na disputa os rivais, um infectado morde outro, a raiva prolifera… e agosto tronou-se o “mês do cachorro louco”. A hecatombe da Segunda Guerra Mundial começou no dia 2 de agosto de 1934 quando Hitler tornou-se líder da Alemanha e terminou com a destruição em massa de Hiroshima e Nagasaki, em 6 e 9 de agosto de 1945.

O Brasil não escapa ao relato histórico do mau agouro: em 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas deixou a vida para entrar na História, assim como em 21 de agosto de 1961 Jânio Quadros saiu pelo portão de trás da História com sua renúncia ao cargo de presidente da República.

Minas também teve o seu mau dia em agosto, ao seu modo: ensaiando uma revolta. Paulo Pinheiro Chagas narra o episódio em um livro notável que intitulou “Esse velho vento da aventura”, ao qual recorro para escrever esta crônica. Foi no vácuo da Revolução de 30. Um pavio aceso por Cristiano Machado, então secretário do interior e comandante da Força Pública (atual PM), ao propor – olhando-o nos olhos – a renúncia do presidente do Estado, Olegário Maciel, fumegou por meses sediciosos.

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O intento do correto secretário (aquele mesmo de cuja aventura política nasceu o termo “cristianizado”, quando abandonado por seu partido ao disputar a presidência contra Getúlio Vargas) era permitir a Getúlio, então líder do governo federal provisório, nomear um interventor de sua confiança em Minas. Olegário reagiu – os secretários que levaram a ele a proposta é que acabaram renunciando – e sem ouvir o poderoso Partido Republicano Mineiro e seu chefe, Artur Bernardes, nomeou novos secretários.

Indo além, passou a ser considerado traidor do partido ao apoiar abertamente a “Legião de outubro”, movimento no mínimo exótico, de fato arremedo fascista, que esfacelou o partido. Em agosto de 1931 foi convocada a Convenção do PRM para reestruturar a agremiação e expurgar os traidores. Um acontecimento grandioso acontece no Teatro Municipal de Belo Horizonte: mais de 200 municípios fizeram-se representar, com mais de 900 delegados.

Lá estão os principais nomes do partido, líderes da política mineira: Artur Bernardes, Virgílio de Melo Franco, Bias Fortes, Levindo Coelho, Cristiano Machado Djalma e Carlos Pinheiro Chagas, Noronha Guarani, Carneiro de Resende e outros mais. De início sopra a brisa do comedimento mineiro. Cumprimentos respeitosos são trocados, a pauta é apresentada em tom formal, oradores se expressam liturgicamente e cedem a palavra a apartes cavalheirescos. Ocorre a primeira denúncia, seguida de outra e outras mais. Olegário Maciel é repetidamente apontado como traidor do partido. Os ânimos se exaltam. A Convenção se declara em sessão permanente.

A brisa já se torna ventania. É um leva e traz de informações e desinformações; conspira-se. Com mais passos e em mais paços conspira-se telefonicamente na trama em que Minas propõe e o Catete deleita-se. Daqui, Virgílio de Melo Franco, Bias Fortes e Cristiano Machado. De lá – só ele bastava – Oswaldo Aranha. O leva e traz tem um só intento: destituir Olegário Maciel.

Uma lufada de boatos assola a capital. As informações do que ocorria na Convenção, e os boatos de que Getúlio havia decidido destituir Olegário Maciel confundiam e atiçavam o povo. Diziam que os convencionais haviam decidido partir para o palácio do governo para exigir a renúncia do presidente do Estado. Não deu outra: os sublevados subiram a rua da Bahia em marcha cívica , animados pelos princípios do partido, pelos ideais da Revolução de 30 e pela fidelidade aos seus líderes afastados do governo. Encontraram o Palácio da Liberdade cercado por metralhadoras assestadas e soldados prontos a defendê-lo.

A tempestade desaba. Na madrugada de 18 de agosto de 1931, Oswaldo Aranha telefona do Rio para o Coronel Pacheco de Assis, comandante do 12 RI, e lhe comunica que deve se preparar para assumir interinamente o governo de Minas Gerais. Não teve tempo para pensar e chega este telegrama do comandante da 4ª Região Militar, General Jorge Pinheiro: “O Sr. Ministro da Guerra, de ordem do Sr. Chefe do Governo Provisório, determina que deveis assumir o governo deste Estado, na qualidade de interventor federal”.

Às três horas da madrugada o comandante manda o  Major Herculano Assumpção e o Tenente Clorindo Valadares ao Palácio da Liberdade com a missão de acertarem a transmissão do cargo. São recebidos por Gustavo Capanema, Secretário do Interior e Comandante-Geral da Força Pública que após cumprimentá-los com toda fidalguia, os surpreende: “Peço-lhe a fineza, Major Assumpção, de informar ao Coronel Pacheco de Assis que não entregaremos o governo. Vamos resistir a qualquer preço”. Em seguida telefona para o ministro Francisco Campos, expõe a ele que o governo do Estado tem o controle da situação, com a Força Pública em prontidão para agir.

Nos mesmos termos, prepara telegrama dirigido a Getúlio Vargas que segue assinado por Olegário Maciel. Francisco Campos e Antônio Carlos agem junto a Getúlio e poucas horas depois chega a Minas a determinação do Governo Provisório de anular decisão anterior e manter Olegário Maciel na presidência do Estado. Centenas de pessoas foram presas, dentre elas vários integrantes da Convenção do PRM. Soube-se depois que o alto comando do PRM, incluindo Artur Bernardes, não tinha conhecimento das gestões entre membros do partido e o ministro Oswaldo Aranha. Ele viria a definir o 18 de agosto como “lamentável equívoco”.

*Jornalista e escritor, autor de O país das Gambiarras, Nosso alegre gurufim e A rebelião das mal-amadas

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